As birras são comuns á todas as crianças, isso é um fato. E por mais frustrante e incômodo que esse comportamento dos pequenos possa ser para os pais e cuidadores, é algo totalmente normal e faz parte do desenvolvimento da criança. Até porque, na primeira infância, o cérebro dos pequenos não está completamente desenvolvido. Sendo assim, eles ainda não sabem lidar com os próprios sentimentos, medos e angústias, e externalizam isso por meio das birras.
As birras infantis são mais comuns nas crianças entre 1 e 3 anos de idade. E normalmente são uma forma de expressar quando estão irritadas, frustradas, incomodadas ou foram contrariadas. Essa última é a mais comum, especialmente quando a criança deseja algo que lhe foi negado. Nesse momento, a criança começa a chorar, espernear, gritar se jogar no chão e por aí vai.
Definitivamente não é a situação mais confortável para um pai ou mãe. No entanto, é preciso saber como lidar com isso, para ajudar o pequeno a entender o que está acontecendo. Aprender a lidar com a frustração é algo que vem com o tempo. Ou seja, conforme a criança aprende a se comunicar e expressar seus sentimentos, as birras tendem a diminuir.
Sendo assim, hoje iremos entender melhor o que são as birras e porque elas acontecem, e dicas de como lidar com isso, e também o que não fazer nessas situações.
As birras infantis
As birras nada mais são do que um sintoma de que a criança não sabe como lidar com uma frustração e que ainda não está preparado para externalizar isso de outro jeito. Como um diálogo, por exemplo. Com 1 ou 2 anos, ela definitivamente não sabe como se comunicar claramente de outra forma. Então, a chorar e espernear é a única forma de demonstrar que algo não está lhe agradando.
Nessa hora, os pais ou adultos responsáveis não podem simplesmente reagir à birra de forma impulsiva. Porque diferentemente das crianças, eles sim sabem como lidar com as frustrações e desconfortos que isso pode causar.
Assim, o ideal é não reforçar esse comportamento na criança. Ou seja, pensar antes de agir, manter a calma e ter muita paciência com a criança. Afinal, a birra é uma ótima oportunidade de aprendizado para as crianças.
Contudo, não existe uma regra, até porque cada criança é única e as motivações para as birras podem estar relacionadas a diversos fatores. Por isso é muito importante que os pais estejam atentos aos filhos e seus comportamentos. Para assim conseguir identificar quando as birras são ou não um indicativo de que algo não está bem com a criança.
Por exemplo, em caso de separação dos pais, mudança na rotina ou chegada de um novo membro à família podem tornar as birras mais intensas.
Por que acontecem as birras infantis?
A neurociência explica exatamente o que são as birras infantis e porque elas acontecem. Então, primeiramente, é preciso entender que durante a primeira infância o sistema neural da criança ainda não se desenvolveu completamente. Ou seja, a região cerebral ainda está incompleta. Uma das regiões que ainda não se desenvolveu nessa fase é o neocórtex, região responsável pelas capacidades essenciais para a autonomia do ser humano. Tais como a reflexão, imaginação e pensamento analítico.
Sendo assim, as birras infantis são como se a parte mais primitiva do cérebro da criança fosse acionada, por isso esse comportamento irracional. No entanto, é importante frisar que a chamada birra não se trata apenas de uma simples pirraça. De acordo com a neurociência, as birras também podem ser a manifestação de emoções como medo, raiva e tensão.
Quanto as causas das birras, as mais variadas situações podem desencadear esse comportamento. Como elas ainda não sabem como lidar com os problemas, elas usam as birras como forma de chamar a atenção para algo que não lhe está sendo agradável. Sendo assim, situações cotidianas como fome, sono, cansaço, falta de motivação para realizar determinadas atividades, como alimentar-se, tomar banho entre outros, podem gerar estresse no pequeno, resultando nas birras. Bem como situações mais pontuais, como problemas na relação com os pais e familiares, separações e mudanças.
Dicas de como lidar com as birras infantis
Sabendo o que é e as causas, é hora de aprender como lidar com as birras infantis do seu filho.
Não se preocupe com o que os outros vão pensar
É muito comum, em lugares públicos as crianças começarem a fazer birra, e no medo do que os outros vão pensar, os pais tomam atitudes nada sensatas. Por isso, a primeira dica é ignorar isso, e não ceder às vontades da criança apenas para que ela pare e você não fique envergonhado diante das outras pessoas olhando. Como dito anteriormente, isso é algo normal e não um indício de que você é um péssimo pai ou coisa do tipo. Foque na educação do seu filho e não nos olhares de julgamento.
Nada de grito ou violência
Violência não leva a nada e está longe de ser uma forma de educar uma criança. Sendo assim, bater, gritar ou xingar à criança não irá resolver o conflito, muito pelo contrário, pode piorar a situação. Saiba que existem outras formas mais eficazes de lidar com a situação e que geral resultados mais prolongados sem afetar a relação com a criança.
Entender a birra como uma oportunidade de impor limites
Toda criança precisa entender que há situações em que ela irá ganhar ou poder fazer o que deseja e que por vezes ela não poderá ganhar ou ter o que quer. Portanto, a birra pode ser vista como uma ótima oportunidade de impor limites e ensinar a criança sobre recompensa. Além disso, a frustração é algo que fará parte de toda a sua vida, então, aprender a superar e enfrentar as dificuldades é muito importante desde pequeno.
Estar seguro dos limites e do que pode permitir ou não
É muito importante que as regras e limites estejam claros para você e principalmente para criança. Elas precisam estar acessíveis e os pequenos devem saber que podem cumpri-las. Assim, o responsável deve-se manter firme nas suas decisões do que acredita ser o melhor para a criança no momento. É muito importante para as crianças sentirem confiança nos pais e que esses se mantenham coerentes no que fazem e dizem.
Conversar sobre a birra
Após as birra, quando estiver mais calma procure conversar com a criança, e explicar o motivo do “não” que recebeu. Nesse momento é muito importante demonstrar empatia e que se importa com as demandas da criança. Por mais irrelevante que isso possa parecer para você, para a criança com certeza não. Então escute o que a criança tem a dizer e tente aprender com isso.
O que não fazer com a criança
O que não fazer com a criança durantes as birras também é muito importante, e faz toda a diferença no desenvolvimento do pequeno.
Não invalide os desejos e emoções da criança
Geralmente, os pais tendem a descrever os motivos das birras como algo insignificante ou sem importância, olhando para a situação como se fosse algo absurdo. Talvez para os pais, mas para a criança não. Por isso é muito importante levar à sério as reações e perspectivas da criança e jamais invalidar os seus sentimentos.
Não diga à criança como ela deve se sentir
Essa dica é crucial para lidar com as birras. Comentários do tipo “não fique com raiva”, “não precisa se sentir assim”, “para de ficar com raiva”, não ajudam em nada e só invalida o que a criança está sentido. Ninguém gosta de ter os seus sentimentos diminuídos, muito menos uma criança. Esse tipo de comentário não apenas invalida as emoções da criança, como tenta induzi-las a ser e sentir algo diferente do que são.
Não use uma mentira para evitar uma birra
É muito comum os pais mentirem ou dizerem meias-verdades para não dizer “não” para a criança e evitar uma birra. Coisas do tipo “na volta a gente compra” para evitar parar na loja, ou “o celular estragou” para não deixá-lo brincar, não irá trazer à criança nenhum benefício, uma vez que uma hora ele irá perceber que se tratava de uma mentira. Portanto, se você deseja que o seu filho seja honesto contigo, o mínimo que você pode fazer é ser honesto com ele. Dizer a verdade faz parte do aprendizado de lidar com as frustações e entender que nem sempre dá para conseguir o que se deseja.
Não torne isso algo pessoal
Durante uma birra, você pode ouvir coisas ruins do seu filho, como “eu te odeio”, “você é uma péssima mãe/pai”, “eu só gosto do meu pai/mãe”. Apesar de não ser algo fácil de se ouvir de um filho, é preciso entender que são expressões comuns a momentos de raiva para as crianças. Tomar isso como algo pessoal ou responder de volta de forma agressiva não irá ajudar, e só causará mais angústia.
Enfim, o que você achou dessa matéria? Aliás, aproveite para conferir também Brincadeiras para distrair as crianças – 15 opções de diversão.
Fontes: Instituto Neuro Saber Leiturinha Oficina de Psicologia
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