Neste domingo (31), o site de notícias argentino Infobae, divulgou transcrições de supostos áudios, além de mensagens enviadas por Leopoldo Luque — médico particular de Diego Maradona, que o operou dias antes de sua morte e está sendo investigado por negligência médica. O conteúdo mostra as reações do neurocirurgião em conversa com Agustina Cosachov (psiquiatra de Maradona) e outras pessoas próximas a ele, quando soube que o ex-jogador estava morrendo.
Na principal mensagem, Luque teria chamado Maradona de “gordo” e dito que o astro iria “morrer cagando”: “Sim, o ‘boludo’ (gordo), parece que teve uma parada cardiorrespiratória e o gordo vai morrer cagando. Não tenho ideia do que ele fez. Estou indo para lá”, teria escrito ele para um de seus contatos do celular.
Já em outro áudio, Cosachov é específica sobre o momento em que Diego foi encontrado: “Entramos na sala e estava frio, frio. Com toda a circulação marcada. Começamos a fazer a reanimação e ele recuperou um pouco o tom e, digamos, recuperou um pouco a temperatura corporal. Isso com mais ou menos 10 minutos de RCP, a enfermeira, ‘El Negro’, eu e ‘Monona’ (a cozinheira), e depois chegou a ambulância. Agora eles estão prosseguindo. Eles não nos dizem como está a situação. Eu saí e eles não me falam nada”, afirmou ela para Luque.
Ainda segundo o Infobae, Luque respondeu a psiquiatra com dois áudios seguidos, perguntando se tentaram reviver o craque. Cosachov, por sua vez, disse por escrito que Maradona “parece morto”. O neurocirurgião tentou acalmar sua companheira de equipe médica: “Calma. Tente descer. É assim, é assim. Ele é um paciente complexo e bom, o que quer que tenha que acontecer, vai acontecer. Vamos estar lá para bancar o que vier”.
Em uma mensagem para um outro contato, Luque já parecia estar ciente da morte de Maradona: “Não se preocupe, estou na estrada agora. Parece que ele está morto. Poste que ele está morto. Bairro San Andrés, você tem que vir ver aquele a que sempre vamos, Santa María de Tigre”.
Nas redes sociais, Dalma Maradona, filha do ex-jogador argentino, afirmou que ouviu as conversas de Luque e compartilhou sua revolta: “Acabei de ouvir o áudio do Luque com a psiquiatra. E vomitei. A única coisa que peço a Deus é que se faça justiça e que todos os que têm de pagar paguem. Luque, você é um filho da p*** e esperamos que a justiça seja feita”, escreveu.
Luque sos un hdp y ojala se haga justicia pero no ignoremos que la persona que se lo presenta a mi papá,lo contrata y le paga un sueldo es Matías Morla! Yo acabo de escuchar los audios entre Luque y la psiquiatra y vomite!Lo único que le pido a Dios es que se haga justicia! 🙏🏻
— Dalma Maradona (@dalmaradona) January 31, 2021
Médico é investigado
Leopoldo está sob investigação da Justiça argentina. Ele é suspeito de homicídio culposo no caso da morte de Maradona. Uma busca aconteceu na casa do médico para, segundo os promotores Laura Capra, Patricio Ferrari e Cosme Irribaren, “procurar documentação para determinar se, durante a internação domiciliária de Maradona, houve irregularidades“.
No dia 11 de novembro, Luque liberou o craque da clínica Olivos contra a vontade dos outros médicos da instituição. Diego havia passado por uma cirurgia cerebral no dia 3 de novembro, para a retirada de um hematoma. Para a Justiça, os profissionais afirmaram que aconselharam ao médico pessoal do craque que o deixasse internado por mais tempo.
Às 12h16 do dia 25, última quarta-feira, o médico chamou uma ambulância para seu paciente, mesmo não estando presente na casa do ex-jogador. Estavam no local, uma psiquiatra, um enfermeiro e o sobrinho do craque. Eles reportaram a Luque que Maradona não se sentia bem e também chamaram outra ambulância, pelo plano de saúde do ídolo.
Leopoldo se colocou à disposição da Justiça para prestar qualquer esclarecimento. “Eu sei o que fiz com Diego e sei como fiz. Tenho tudo para mostrar. Tenho absoluta certeza de que fiz o melhor que pude com Diego. Estou muito mal porque o meu amigo morreu“, disse o médico aos jornalistas que o esperavam em frente à sua casa, em Adrogué, na Argentina.
Dalma e Gianina, filhas de Maradona, e Claudia Villafañe, sua ex-mulher, pedem uma investigação sobre o comportamento do médico. Acontece que, depois da cirurgia, Luque garantiu que o craque ficaria em uma casa com “condições parecidas às do hospital“. Porém, a residência, que também está sendo investigada, não possuía desfibriladores nem os equipamentos necessários para um atendimento em caso de emergência.
A procuradoria-geral do departamento de San Isidro foi quem ordenou as buscas e disse em comunicado que essas eram importantes por conta “das provas que foram sendo recolhidas por meio dos depoimentos que investigam as condições de Diego Armando Maradona“.
Os enfermeiros também estão sob investigação, já que uma das profissionais entrou em contradição em seus depoimentos. Em um primeiro momento, ela afirmou que cuidou dele a noite toda, mas que não havia entrado no quarto no período da manhã. Entretanto, em sua declaração oficial dada mais tarde, a mulher disse que entrou sim, e que o craque tinha recusado que ela registrasse seus sinais vitais.