Nesta terça-feira (23), PC Siqueira saiu ileso da perícia feita pela Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC), da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. O youtuber, que está sendo investigado pelo crime de pedofilia, teve seu computador, HD externo, celular, videogame e outros dispositivos eletrônicos examinados atrás de provas, mas nada que pudesse incriminá-lo foi encontrado. De acordo com o site Notícias da TV, que teve acesso aos relatórios do Instituto de Criminalística, os peritos concluíram que PC não armazenava ou compartilhava material pornográfico com menores de idade.
Os especialistas também apontaram que Siqueira não teve nenhuma conversa sobre esse tema, muito menos pesquisou qualquer coisa relacionada em sites de busca. Os peritos encontraram no computador de PC Siqueira um único documento em que “pedofilia” é citada de alguma forma. Segundo o relatório, em uma conversa no aplicativo QQ, entre os anos de 2008 e 2011, o youtuber falou com uma garota identificada como Vanessa, e disse o seguinte: “Na verdade, eu sou pedófilo” e “Tenho essas coisas para atrair menores de idade”.
Os relatórios explicam que PC e Vanessa conversavam em clima de flerte, e as duas frases foram usadas em contextos considerados por eles como jocosos, sem qualquer menção sexual. Os documentos, inclusive, detalham como foi a conversa. A primeira frase foi usada após a mulher dizer que sua carteira tinha desenhos de bichos e mostrar para o youtuber a cópia de seu antigo RG, de quando ainda era menor de idade. Já a segunda sentença foi dita após o rapaz mostrar seu quarto filmando com a webcam. Vanessa identificou alguns brinquedos no local, e ele disse em tom de brincadeira que eram para atrair menores de idade.
Por fim, os peritos identificaram que PC Siqueira tinha instalado no computador o programa CCleaner, responsável por apagar todas as pesquisas feitas em navegadores da internet. Porém, a data em que o programa foi utilizado pela última vez aconteceu em dezembro de 2009. Um telefone celular da marca Samsung também foi submetido à análise, e a polícia não conseguiu fazer uma varredura sobre o histórico de busca nos navegadores disponíveis no aparelho.
Entenda o caso
Em junho do ano passado, prints de uma suposta conversa entre PC Siqueira, de 34 anos, e uma pessoa anônima foram divulgados na web. Nas mensagens, Siqueira revelaria ter recebido fotos de partes íntimas de uma criança de apenas seis anos. “Tenho uma coisa pra você”, teria dito o youtuber, logo no início. Após enviar a imagem, ele diz para o outro apagar imediatamente. “De quem era aquela bunda?”, o amigo indaga.
Siqueira diz que recebeu a imagem durante um Facetime com uma amiga. “Da filha dela”, responde. “Fiquei reparando no baby doll [risos]. Ela mandou a filha mostrar a bunda pra você?”, indaga o anônimo. “[Risos] Meio que sim. Mas apaga JÁ. TUDO”, pede o youtuber. E acrescenta: “MAS TEVE ISSO. And it was awesome [e foi demais em inglês] [risos]”.
“A história é excitante. Quantos anos tem a filha dela?”, pergunta a pessoa. “6”, responde Siqueira, que ri e coloca um emoji de “o que fazer?”. “Sorry. Mas foi só isso também. Mais nada”, ele afirma. “É mais excitante a mãe fazer isso. Do que a menina em si”, diz o amigo, e Siqueira ri e concorda. “Mas ela já mandou fotos tempos atrás. Na época que ela não sabia nada”, diz. “De quê?”, questiona o anônimo. “Da menina”, o youtuber responde. “Mandou foto da menina como?”, insiste o amigo. “[Risos] Tem gente assim no mundo. Como cê acha?”, Siqueira responde. “Pelada ‘caraio’?”, questiona o anônimo. Siqueira afirma: “[Risos] lógico”.
O amigo pergunta se a mulher que mandou fotos da filha fez isso “do nada”. “Uns shots da bunda dela [risos]. Mas foi só uma vez. Ela não faz mais porque agora ela [filha] entende e dá m*rda. Enfim, só queria compartilhar [risos]. Beijos mil, apaga”, finaliza. A conversa foi originalmente publicada na web pelo perfil “ExposedEmo1”, mas já tirada de circulação.
PC se defende
No dia seguinte, PC Siqueira se manifestou sobre o assunto pela primeira vez e negou a veracidade do vídeo. “Fui pego de surpresa ao ver meu nome sendo utilizado por uma articulação criminosa, que tentou me acusar de algo terrível, que jamais cometi ou cometeria. Confesso que fiquei chocado, atordoado e passei por um dos piores momentos da minha vida. Ninguém imagina um dia ver seu próprio nome envolvido com um crime abominável. Pra quem não sabe, um perfil sem credibilidade, que não sabemos quem faz ou está por trás dele, foi o instrumento para gerar essa fake news”, afirmou ele, alegando que se trataria de uma tentativa de “descredibilizar, fazer com que minha voz fosse calada e que a opinião pública me agredisse cegamente”.
“Se trata de uma mentira escancarada e grotesca! Recebi uma série de mensagens, acusações, xingamentos, minha família foi atingida, meu psicológico enormemente abalado. Como vocês podem notar, ao ponto de eu não conseguir me pronunciar por vídeo – o que devo fazer quando eu estiver reestruturado. Vocês não tem ideia de como foram minhas últimas 24 horas”, adicionou Siqueira.
O youtuber se defendeu, citando hipóteses de que os arquivos que viralizaram na web seriam falsos: “Se formos prestar atenção nesse vídeo asqueroso, ele leva 1 minuto e 31 segundos para o relógio do celular mudar! Nem esse cuidado os falsificadores tiveram. Além disso, o símbolo de verificação tem um espaçamento diferente do verdadeiro. Está tudo ali, pra quem quiser ver. A operadora da suposta linha do vídeo é pré-paga dos Estados Unidos. O celular é um samsung e está gravando a tela de um iphone. Enfim, são muitas evidências que demonstram a falsificação mal feita”.
“A mais importante delas é que não sou eu. Eu vim aqui esclarecer isso a vocês e a todos que estiveram interessados neste assunto. Tenho recebido ameaças devido ao meu posicionamento político há algum tempo, mas nunca imaginei que seria atingido por algo tão baixo”, completou o Siqueira, que também pediu: “Pessoal, por favor, prestem mais atenção nas informações que vocês recebem e consomem na internet. Isso é muito perigoso! Não compartilhem conteúdos que possam destruir a vida de alguém, sem antes checarem a veracidade disso”, encerrou ele em um post, deletado dias mais tarde do Instagram.
Comeback para o YouTube e redes sociais
Em novembro de 2020, PC Siqueira retomou seu trabalho na internet, e voltou a produzir vídeos para seu canal. Por conta de um comentário sobre “tapetes turcos” no início da gravação, o youtuber acabou recebendo uma enxurrada de críticas. Muitos internautas interpretaram a fala como sendo uma clara referência à “Operação Tapete Persa”, deflagrada em junho de 2009. A ação, realizada em parceria com a Interpol e a Polícia Criminal de Baden-Württenberg, da Alemanha, fez uma varredura na web em busca de pessoas que estariam distribuindo, compartilhando e divulgando material de pedofilia na internet. Diversos brasileiros, inclusive, foram presos por envolvimento.
PC Siqueira gravou um novo vídeo, em que não comentou diretamente sobre essas críticas ou o roteiro que cita o tapete turco, mas voltou a falar que estava sendo vítima “perseguição e acusações mentirosas”, que causaram gravíssimos danos à sua saúde física e mental. “Desde o início, sempre estive à disposição irrestrita da Justiça, colaborando com a elucidação absoluta dos fatos. Acredito e confio no trabalho de todos os órgãos e agentes públicos e tenho a total certeza de que, muito em breve, tudo será esclarecido e poderei me comunicar de forma mais livre. Eu NÃO estou fingindo que nada está acontecendo e ninguém está ‘passando pano’”, garantiu em um trecho.