A sentença de nove anos de prisão para Robinho e seu amigo, Ricardo Falco, foi confirmada nesta terça (9), pela Corte de Apelação de Milão, na Itália. A dupla é acusada de crime de violência sexual contra uma mulher albanesa. O tribunal da segunda instância já havia proferido a decisão em dezembro, mas o texto com a condenação foi divulgado apenas hoje. A defesa do jogador recorrerá à terceira instância.
De acordo com a Folha de São Paulo, as juízas Francesca Vitale, Paola Di Lorenzo e Chiara Nobili destacaram no texto que teria ocorrido uma tentativa de “enganar as investigações oferecendo aos investigadores uma versão dos fatos falsa e previamente combinada”. Elas ainda pontuaram que houve um “particular desprezo [de Robinho] em relação à vítima”.
Segundo o UOL, a sentença, de 22 páginas, afirma que a vítima foi “humilhada e usada” pelo jogador em prol de seus desejos sexuais. “O fato é extremamente grave pela modalidade, número de pessoas envolvidas e o particular desprezo manifestado no confronto da vítima, que foi brutalmente humilhada e usada para o próprio prazer pessoal”, disse a magistrada.
A justiça reforçou algumas contradições nas versões apresentadas pelos réus brasileiros, citando trechos de conversas interceptadas pela polícia. Segundo a juíza, num dado momento, Robinho disse que não se lembrava da mulher albanesa. Em outra ocasião, o jogador afirmou que não teria tocado nela. Porém, numa terceira declaração, o atleta admitiu ter feito sexo com a mulher – alegando consentimento. “Neste contexto, a atitude de Robinho passa por uma espécie de amnésia inicial até chegar a lembrança do que aconteceu”, avaliou a Corte na sentença.
Com a confirmação da decisão, a defesa de Robinho já afirmou que recorrerá à Corte de Cassação – terceira e última instância que pode ser apelada na Itália. É válido ressaltar que o jogador só será condenado definitivamente após o julgamento dessa terceira instância. Caso a dupla seja considerada culpada, eles terão de pagar uma multa de 60 mil euros (cerca de 414 mil reais) e cumprir a pena de nove anos de prisão.
Procurada pela reportagem do UOL, a advogada que defende Robinho, Marisa Alija, respondeu que não comentaria a sentença. O jogador também não se manifestou sobre o caso.
Entenda o caso
Uma reportagem do “Globo Esporte” revelou, em outubro, trechos da sentença judicial e da transcrição dos grampos que levaram Robinho a ser condenado em primeira e segunda instância por violência sexual de grupo na Itália, em novembro de 2017. Nas conversas, o jogador admitiu que teve relações sexuais com a vítima e que ela estava “completamente bêbada” a ponto de “não saber nem o que aconteceu“.
O caso ocorreu em uma boate de Milão chamada ‘Sio Café’ na madrugada do dia 22 de janeiro de 2013. Além de Robinho, outros cinco brasileiros teriam participado do ato — classificado pela Procuradoria de Milão como “violência sexual” — contra uma jovem de origem albanesa. No entanto, apenas o jogador e seu amigo Ricardo Falco foram condenados a nove anos de prisão.
Os outros quatro acusados deixaram a Itália no decorrer da investigação e, por isso, estão sendo processados num procedimento à parte, explicou o advogado da vítima, Jacopo Gnocchi, ao ‘GE’. Robinho e Ricardo foram condenados com base no artigo “609 bis” do código penal italiano, que fala da participação de duas ou mais pessoas reunidas para ato de violência sexual – forçando alguém a manter relações sexuais por sua condição de inferioridade “física ou psíquica”.
Confira a íntegra do caso, a transcrição das conversas chocantes, os relatos e a série de manifestações contra uma contratação do jogador, clicando aqui.