admin
Impossível não se emocionar! Nesta segunda-feira (8), o bombeiro militar Johnn Leno, que participou do resgate de Marília Mendonça após trágico acidente de avião que tirou a vida da artista, fez uma linda homenagem a ela nas redes sociais. Na publicação, Johnn revelou que iria ao show que a cantora tinha programado em Caratinga, Minas Gerais, naquela sexta-feira (5). Enquanto trabalhava no resgate, ele se chocou ao encontrar Marília entre as vítimas.
No Instagram, que agora está fechado ao público, o profissional publicou uma foto sua junto aos colegas do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), onde trabalha há sete anos, e escreveu um belo texto. “De um segundo para o outro, passamos da espera do fim do expediente para ir curtir o show da Marília Mendonça, para resgate da mesma e dos demais que com ela estavam”, lamentou ele.
“A princípio deslocando para a ocorrência sem saber que se tratava do avião da mesma, ao tomar ciência da informação veio aquele choque. Ocorrência que traz um grande trauma, visto que se trata de uma pessoa que faz parte da vida de milhões de pessoas, inclusive da minha”, revelou Johnn. “Teve uma passagem rápida, porém meteórica. Vai com Deus, Marília! Que Deus a tenha junto dele. Você fez história!”, concluiu.
Em conversa com o G1, o bombeiro detalhou como passou a ser fã da sertaneja. O show em Caratinga seria o segundo da artista do qual participaria – o primeiro foi em 2016, junto a esposa, Michelly Dias, que é grande fã de Mendonça. “Quando a gente ficou sabendo que viria outro [show] aqui [em Caratinga], minha esposa ficou louca. Eu até chamei um militar, que inclusive foi o primeiro a entrar na aeronave, para ele e a esposa dele irem com a gente”, revelou Johnn.
Fã de Rock, MPB e Reggae, Leno afirmou que poucas músicas de alguns cantores sertanejos chamavam sua atenção. “Mas feminino mesmo, que eu me lembre, só ela (Marília) mesmo”, afirmou. Nos sucessos da loira, o que mais lhe agradou foram as melodias – principalmente seu primeiro hit, “Infiel”. “Eu gosto das batidas, da percussão. Elas têm uma levada que parecem que estão batendo junto com o coração da gente. Comecei a escutá-la desde a música ‘Infiel’, que tem uma levada bacana para caramba! Desde aquela época venho acompanhando as músicas dela”, contou.
O socorrista compartilhou que atendeu uma das várias ligações direcionadas ao quartel, reportando o acidente. Durante a conversa, uma mulher disse que havia caído um avião, mas que, aparentemente, as vítimas estavam bem. “Eu trabalho no setor administrativo. Como muita gente deve ter ligado, o 193 estava ocupado e caiu no setor em que eu trabalho. Quando atendi, uma mulher disse que o avião tinha caído naquela hora. Perguntei se tinha fumaça, fogo, se tinha alguém vivo. Ela respondeu que não tinha fogo e nem fumaça, mas que tinha um cheiro muito forte de combustível. Disse ainda que, pelo que ela tinha ouvido falar, o pessoal estava bem”, relatou.
Após o telefonema, o bombeiro pensou se tratar de uma ocorrência para socorrer as vítimas e levá-las ao hospital. Ao chegar ao local, percebeu que a aeronave não estava tão destruída, e então imaginou que as vítimas realmente estavam vivas. Infelizmente, ao se aproximar do avião, o primeiro militar tentou falar com os passageiros, mas não obteve respostas. “Ele (o militar) adentrou lá, já começou a verbalizar, perguntando se tinha alguém vivo, foi aferir pulsação, ver se alguém estava respirando e ninguém respondeu. Como não podemos constatar o óbito, esperamos a chegada do médico do Samu”, relatou.
Foi neste momento que o militar disse a Leno que parecia ter visto um corpo feminino, que poderia ser o de Marília Mendonça, fato no qual Johnn não conseguia acreditar. “Eu queria acreditar que não era ela, que deveria ser alguém parecido. Eu estava no meio da cachoeira para poder receber os corpos e levar para a parte mais seca. Quando olhei e vi que era o rosto dela, pensei: ‘Agora não tem como falar que não é ela’”, relembrou o profissional.
Ao longo de sua carreira, o bombeiro disse que já participou de outras ocorrências que envolveram vítimas fatais e que essas situações sempre o abalam. No entanto, o resgate de Mendonça foi arrasador, já que a cantora foi uma figura tão presente em seu gosto musical. “Quase todo dia de manhã, quando mexia em alguma coisa na casa, colocava a música dela para tocar. Aí você vai para uma ocorrência, sem saber que é ela, no meio do caminho vem aquela ideia que pode ser ela, aí você chega no local e confirma que é ela e você ainda ia no show dela. A minha cabeça não parou naquela hora. A ficha custou a cair”, confessou.
Segundo Johnn, o resgate ficará para sempre gravado em sua memória e o momento mais marcante daquele dia foi o cheiro do perfume de Marília. “Eu até comentei com minha esposa que na hora que eu peguei ela (Marília Mendonça], eu senti um perfume bom que não vai sair da minha cabeça. Eu poderia ir ao show, tira uma foto com ela e sentir o mesmo perfume, mas sentir ali, daquela forma, é uma situação que provavelmente não vai sair da cabeça”, concluiu.
Grupo de resgate fala sobre experiência de Johnn Leno
O Corpo de Bombeiros Militar de Caratinga (MG) também utilizou as redes sociais para comentar o relato de Leno durante o resgate de Marília Mendonça. Junto a foto dos profissionais, a organização publicou um texto falando sobre a relação de Johnn com a sertaneja. “Por trás da farda um fã. Um fã que estava ansioso, esperando o fim do expediente administrativo para ir ao tão esperado show. Um fã que ao ser acionado para a ocorrência de queda de avião, sem ter ideia do que iria encontrar ali, largou tudo o que estava fazendo e de pronto deslocou para o local”, começou o texto.
“Um fã que sabe que a sua condição de militar pressupõe que esteja sempre pronto para a missão, independente da hora do dia ou da noite, independente de suas programações, sabe que quando acionado, deve responder de imediato ao chamado. Um fã, que ao responder ao nobre chamado, pela complexidade da ocorrência, provavelmente já sabia que seu empenho não terminaria antes da hora do show e que perderia a oportunidade singular se ver sua ídola. Esse era o contexto do fã que deslocava para ocorrência, momentos antes de descobrir o real motivo pelo qual não veria o show”, continuou a publicação.
Na sequência, o texto relatou o estado psicológico de Leno durante o resgate. “Ao chegar no local da ocorrência e descobrir quem estava dentro do avião, um turbilhão de emoções. Uma descarga de sentimentos inimagináveis. Nesse momento, o árduo treinamento psicológico é posto a prova, e o fã, com extremo profissionalismo, atende a ocorrência como atende a todas as outras, com excelência, com vigor, com técnica, com segurança e, sobretudo, com o mais alto grau de qualidade exigido nos protocolos operacionais da Corporação”, afirmou o relato. Veja a publicação na íntegra:
