O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, se pronunciou após os ataques racistas sofridos pelos filhos dos atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, Títi e Bless. Em entrevista ao blog Portugal Giro, do jornal O Globo, publicada nesta segunda (1º), o chefe de Estado afirmou que existe racismo na sociedade portuguesa, “mas não se pode generalizar”.
“Todo ato de racismo ou xenofobia é condenável e intolerável. Isso é o básico em uma democracia. É inadmissível”, declarou Rabelo de Sousa. Contudo, o mandatário salientou que é um erro classificar todos os portugueses como racistas a partir do fato. “Racismo é um fenômeno que existe na sociedade portuguesa, não negamos isso, mas não é possível generalizar a todo português”, disse ele.
Na opinião do representante, a comunidade considerável de brasileiros vivendo em Portugal mostraria que o país acolhe, sim, estrangeiros. “Não pode ser generalizado, dizendo que todo português é racista ou que há uma campanha contra os brasileiros. Do contrário, não explicava a vinda de uma imensa comunidade brasileira. Ninguém é sadomasoquista. Se achassem que não se sentiam bem em Portugal, não vinham”, alegou.
Marcelo também parabenizou a atitude das autoridades na ocasião. “E a polícia fez o que devia fazer. Para investigar se há uma atuação criminosa, a função da autoridade é garantir a apuração do fato para saber se houve violação da lei”, declarou.
Ele citou sua experiência pessoal nas praias próximas da capital Lisboa – o caso de racismo contra os filhos de Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank ocorreu na Costa da Caparica, que é perto da cidade. Marcelo Rebelo de Sousa disse que por lá, a maioria dos frequentadores é brasileira ou de países da África. “E nestas praias fica claro que não podemos dizer que o racismo é generalizado em Portugal”, argumentou o político.
“Não há nenhuma coisa contra o brasileiro. Há um fenômeno nunca antes existente de imigração do Brasil para Portugal e é transversal a todas as classes econômicas”, opinou ele. Segundo o presidente, há mais de 200 mil brasileiros vivendo no país europeu, mas não é possível precisar quantos. Ele afirmou que a maior parte dos imigrantes brasileiros chega transferido por empresas e “está se integrando em um ritmo impressionante”.
“[Os brasileiros] participam de forma intensa da sociedade portuguesa. Se há um fenômeno interessante, do ponto de vista cultural e político, é o peso desta comunidade na sociedade portuguesa”, finalizou Marcelo Rebelo de Sousa.
Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso falam pela primeira vez sobre episódio
Em entrevista ao “Fantástico” deste domingo (31), Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso falaram pela primeira vez sobre o ataque racista que seus filhos sofreram em Portugal. “O grito da minha mulher foi de dor, mas também de indignação”, declarou Bruno. Além de Títi, de 9 anos, e Bless, de 7, os dois são pais do pequeno Zyan, de 2 anos.
Na entrevista, Giovanna contou que a família costuma frequentar o local e que ela somente reagiu quando ouviu a mulher proferir xingamentos como “pretos imundos” e mandando as crianças “voltarem para a África ou para o Brasil”. Além dos filhos do casal, as falas foram dirigidas para um grupo de angolanos que estava presente. “Eu vou fazer jus ao privilégio branco e vou combater de frente. Essa luta é de todo mundo. Foi a primeira vez que a minha filha me viu combatendo o racismo de frente, ela ficou muito assustada. A Títi entendeu tudo”, desabafou a apresentadora.
Gio e Bruno no “Fantástico” parte 1 pic.twitter.com/jsM1Tfg2m6
— Só Mídias (@MidiasSo) August 1, 2022
“É muito cruel pensar que eles já têm que ser fortes, que já precisam ser preparados para combater o racismo. Sendo que com 9 e 7 anos teriam que estar vivendo sem pensar em nada. E milhares de crianças são colocadas nessa situação no mundo. E muitas mães não têm voz para lutar como eu fiz”, ressaltou Ewbank, chorando.
O ataque
No sábado (30), Giovanna Ewbank discutiu com uma mulher após seus filhos serem vítimas de racismo, no restaurante Clássico Beach Club, na Costa da Caparica, em Portugal. Um registro mostra a apresentadora enfurecida ao defender Títi e Bless, chamando a mulher responsável pelas ofensas de “racista nojenta”. No trecho, Bruno Gagliasso aparece ao lado da esposa, mas sem interferir na discussão. Assista:
Pouco depois do vídeo viralizar, a assessoria de Giovanna Ewbank se manifestou sobre o caso, confirmando que os filhos do casal foram vítimas de racismo e que a mulher foi presa. “Comunicamos que os filhos do casal Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso foram vítimas de racismo no restaurante Clássico Beach Club, na Costa da Caparica, em Portugal”, disse a nota.
“Uma mulher branca, que passava na frente do restaurante, xingou, deliberadamente, não só Títi e Bless, mas também a uma família de turistas Angolanos que estavam no local – cerca de 15 pessoas negras. A criminosa pedia que eles saíssem do restaurante e voltassem para a África, entre outras absurdos proferidos às crianças, tais quais ‘pretos imundos’”, continuam os representantes.
Segundo o comunicado, o casal pretende prestar queixa: “Informamos ainda que Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank prestarão queixa contra a racista formalmente na delegacia portuguesa”.
Mulher foi liberada pela polícia
Ainda no sábado (30), um vídeo divulgado pelo colunista Lucas Pasin, do UOL, mostrou o momento em que a mulher foi presa, após cometer a série de ataques racistas. No entanto, de acordo com informações do jornal português Público, publicadas na manhã de domingo (31), a mulher já foi liberada pela polícia.