José Dumont é investigado por pedofilia também na PB; relatos de testemunhas chocam

O Ministério Público da Paraíba confirmou que existe uma investigação aberta na 1ª Vara Mista de Cabedelo, cuja última movimentação foi feita no dia 17 de março. Neste processo, Dumont é citado como indiciado por estupro de vulnerável. A Justiça da Paraíba tentou contatar o artista por seis vezes nos últimos nove anos, indo até mesmo nas sedes das emissoras Record TV e TV Globo, onde ele trabalhou durante esse período.

Mesmo assim, o ator nunca foi localizado para prestar depoimento. Segundo os documentos, o MP buscava fazer as seguintes questões: “Por quanto tempo o senhor teve um apartamento no condomínio? São verdadeiras as acusações imputadas? Quem eram os menores que o visitavam? Como os conheceu?”. O órgão ainda indagaria se é verdade que José manteve relações sexuais com um menor de idade. De acordo com o NTV, agora o Ministério Público Estadual deve retomar os trabalhos sobre o caso.

Relatos da época

O jornalista Ricardo Noblat, colunista do Metrópoles, teve acesso ao inquérito da Paraíba. As duas testemunhas eram vizinhas do artista, que relataram ter visto a aproximação sexual dele com crianças e adolescentes que não moravam num condomínio, mas numa comunidade próxima. Segundo as depoentes, Dumont teria atraído as vítimas dando presentes para elas, em troca de carícias e festas no apartamento dele.

A primeira denúncia foi feita em outubro de 2009, motivada por um e-mail de uma das testemunhas. “Moro na Praia do Poço, condomínio Porto da Pedra. Aqui mora uma pessoa que está abusando de crianças e adolescentes, entre 8 e 14 anos. Ele dá muito dinheiro e presentes aos meninos. Compra muito chocolate, sorvetes e tudo que criança gosta de guloseimas. O apartamento dele fica cheio. O pior é que ele vive com esses meninos, os abraça. No secreto, é claro. O nome desse safado delinquente é José Dumont, o ator”, descreve o texto.

Essa testemunha foi ouvida em março de 2013, quando confirmou que teria visto o ator abusando das crianças. “Praticando sexo anal com um menor do sexo masculino”, afirmou. A vizinha da depoente também disse ter presenciado os atos sexuais, notando como Dumont teria chamado atenção das crianças ao oferecer dinheiro, chocolates e sorvetes a elas. “Era tanta gente que parecia uma festa”, mencionou.

De acordo com elas, Dumont vendeu o imóvel quando estava desconfiado da investigação. A segunda testemunha não trocava muitos diálogos com o vizinho famoso, mas pontuou que o conhecia e até o cumprimentava. Ela ressaltou que o apartamento do artista vivia com crianças e adolescentes nos períodos da tarde e da noite. O apartamento desta mulher ficava no terceiro andar, enquanto o do ator estava no térreo.

A testemunha disse ter flagrado o momento em que um dos meninos abaixou sua bermuda e foi abraçado por Dumont. Na sequência, o ator teria tirado dinheiro do bolso e dado ao garoto. A mulher descreveu uma outra cena chocante, na qual o artista teria passado a mão nas “partes íntimas” de crianças e adolescentes vestidos. A depoente teria ouvido dos próprios meninos sobre a prática de sexo oral do idoso com um dos adolescentes. Diante de tudo isso, ela alertou as mães do condomínio para que tomassem cuidado com seus filhos e não deixassem que eles se aproximassem de Dumont.

O inquérito contou ainda com um depoimento de um vigilante do condomínio. Ele, que supostamente seria próximo do ator, contou não ter visto nada de “anormal” na residência do famoso. “Era um ambiente festivo por se tratar de um ator de TV”, declarou o porteiro do local.

Prisão de José Dumont

O ator José Dumont foi preso nesta quinta-feira (15), em uma ação da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima. O artista é investigado por pedofilia e estupro de vulnerável, e foi flagrado com vídeos de pornografia infantojuvenil ao ser alvo de uma operação de busca e apreensão. Na ocasião, foram achados 240 arquivos de pornografia infantil em sua posse.

Após ser detido, Dumont argumentou que as imagens – encontradas tanto em seu computador quanto em seu celular – faziam parte de uma espécie de “laboratório de trabalho”. Em seu depoimento, ele alegou que os vídeos eram um “estudo para a futura realização de um trabalho acerca do tema, sem tabus ou filtros“. De acordo com a Folha de São Paulo, que teve acesso aos documentos, o artista afirmou que conseguiu as imagens “na internet” e negou a participação ativa em sua produção.

Dumont ainda informou que não faz parte de nenhum grupo de troca desse tipo de conteúdo, e que nunca comprou ou vendeu arquivos. Ele reiterou para as autoridades que “extraiu a totalidade das imagens da internet“. Ainda de acordo com a publicação, ao final do depoimento, José voltou a dizer que tinha os documentos apenas para “consultas e estudos“. Na casa, ainda foi encontrado o comprovante de um depósito bancário de R$1.000,00 na conta da vítima da ação original.

Na tarde desta sexta-feira (16), José deve participar de uma audiência de custódia, no presídio José Frederico Marques, em Benfica, zona norte do Rio de Janeiro. O suspeito não pagou fiança – estipulada em R$ 40 mil, para ser solto, e passou a noite no local.

Depois que o caso veio à tona, a Rede Globo anunciou a demissão do paraibano. Ele estava escalado para uma nova novela original da Globoplay, “Todas as Flores”. “O ator José Dumont estava contratado como obra certa especificamente para a novela ‘Todas as Flores’, a ser exibida no Globoplay. Diante dos fatos noticiados, a Globo tomou a decisão de retirá-lo da novela. A suspeição de pedofilia é grave. Nenhum comportamento abusivo e criminoso é tolerado pela empresa, ainda que ocorra na vida pessoal dos contratados e de terceiros que com ela tenham qualquer relação“, informou a empresa em comunicado.

O último trabalho de Dumont na televisão foi em 2021, quando interpretou o coronel Eudoro na novela “Nos Tempos do Imperador”. O artista ainda esteve em séries como “Cidade Invisível”, da Netflix, bem como em produções da Record TV, tais como “Milagres de Jesus”, “Os Mutantes” e “Caminhos do Coração”. Ele também já havia participado de clássicos do cinema e da TV nacional, como os filmes “A Hora da Estrela” e “Dois filhos de Francisco”, além da versão original da novela “Pantanal”.

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