Nesta quarta (8), em entrevista à Vogue, Cara Delevingne se abriu sobre o vício em drogas e a busca pela sobriedade. A modelo, inclusive, comentou sobre as polêmicas imagens divulgadas no ano passado, nas quais surgiu com o visual desgrenhado, andando descalça em um aeroporto nos Estados Unidos. Ela também admitiu ter entrado na reabilitação após o episódio.
Cara explicou que seus problemas com a dependência química começaram muito cedo. Sua primeira experiência com o uso inadequado de álcool foi aos sete anos de idade, em um casamento da família. “Acordei na casa da minha avó, no meu quarto, de ressaca, com vestido de dama de honra. Eu saí pegando todas as taças de champagne”, recordou. “Há um elemento de me sentir invencível quando estou drogada”, admitiu a artista.
Em setembro de 2022, Delevigne foi clicada em situação de vulnerabilidade no Aeroporto Van Nuys, em Los Angeles. Vídeos e fotos da atriz, visivelmente desnorteada, se espalharam pela web, preocupando fãs e amigos da loira. Sobre as imagens, ela revelou: “Eu não tinha dormido e não estava bem. É de partir o coração porque eu achava que estava me divertindo, mas então pensei: ‘Ok, não pareço bem’. Às vezes, você precisa de uma verificação da realidade, então, de certa forma, essas fotos foram algo para se agradecer”.
A modelo também afirmou que assumia situações de risco com o uso de drogas e relatou episódios ‘assustadores’ que passou. “Eu me colocava em perigo nesses momentos porque não me importava com a minha vida. Eu escalava qualquer coisa e pulava de coisas… Parecia selvagem. É uma coisa assustadora para as pessoas ao seu redor que te amam”, contou, relembrando o período em que foi ao festival de música alternativa, “Burning Man”, em Nevada, ainda no ano passado.
A mãe de Cara, Pandora Delevingne, por muito tempo foi viciada em heroína. Ao refletir sobre a mãe, já falecida, a artista exprimiu: “Por muito tempo, eu realmente não me coloquei no lugar [da minha mãe]. Eu só precisava de alguém para ficar com raiva e eu estava com raiva dela, mas não foi culpa dela…. A maneira como esse vício tirou minha mãe de mim foi brutal e foi brutal para ela também. A vida nunca foi fácil”.
Após intervenção de amigos e familiares, Cara se internou em uma clínica de reabilitação, entendendo que precisava de ajuda terapêutica. “Eu não via um terapeuta há três anos. Eu meio que afastei todo mundo, o que me fez perceber o quanto eu estava em uma situação ruim”, confessou. “Esse processo obviamente tem seus altos e baixos e não é tão simples assim. Não acontece da noite para o dia…. É claro que quero que as coisas sejam instantâneas – acho que especialmente nesta geração, queremos que as coisas aconteçam rapidamente – mas tive que cavar mais fundo”, expressou.
“A partir de setembro, eu só precisava de apoio. Eu precisava começar a estender a mão. E meus velhos amigos que conheço desde os 13 anos, todos vieram e começamos a chorar. Eles olharam para mim e disseram: ‘Você merece uma chance de ter alegria’”, lembrou ela, que está sóbria há quatro meses. “Nunca será algo consertado ou totalmente curado, mas estou bem com isso, e essa é a diferença”, acrescentou.
Atualmente, a artista está em um tratamento chamado “Programa de 12 passos”, com reuniões em grupo para compartilhar as próprias experiências e seguir doze objetivos em busca da recuperação. “Antes, eu sempre gostava de soluções rápidas de cura, indo a um retiro de uma semana ou a um curso para traumas, digamos, e isso ajudava por um minuto, mas nunca chegava ao âmago da questão… Desta vez eu percebi que o tratamento de 12 passos era a melhor coisa, e era sobre não ter vergonha disso. A comunidade fez uma grande diferença. O oposto do vício é a conexão, e eu realmente descobri isso em 12 passos”, discursou.
Delevingne ainda contou que teve depressão em diversos momentos da vida, mas o quadro se agravou em 2020, com o isolamento por conta da pandemia da Covid-19. “Eu estava sozinha. Realmente sozinha. Foi um ponto baixo […] Tive uma crise existencial completa. Todo o meu senso de pertencimento, toda a minha validação – minha identidade, tudo – estava tão envolvido no trabalho. E quando isso acabou, senti que não tinha propósito. Eu simplesmente não valia nada sem trabalho, e isso era assustador”, desabafou.
A estrela de “Cidades de Papel” percebeu que precisava “mudar de vida” ao completar trinta anos. “Eu sempre soube que as coisas teriam que ser diferentes aos 30, porque a maneira como eu vivia não era sustentável”, disse. No seu aniversário de três décadas, ela organizou uma festa de mais de duas semanas em Ibiza com os amigos, mas preferiu ficar trancada em um quarto, na maior parte do tempo: “Havia essa necessidade de mudança, mas eu estava lutando muito contra isso. Estava de luto. Foi como um funeral da minha vida anterior, um adeus a uma época. Decidi que iria festejar o máximo que pudesse porque era o fim”.
Questionada sobre o futuro, Cara revelou planos de ter um filho. “O trabalho é extremamente importante, mas é secundário porque meu autotrabalho é a coisa mais importante. Além disso, quero um filho desde os 16 anos. Eu quero tanto bebês. Antes, eu não estava pronta, é claro – só queria substituir a necessidade de cuidar da minha mãe por um filho meu”, contou, afirmando que espera congelar seus óvulos em breve. “Recomeço. Novos começos”, disse sorrindo.
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