Passista volta para casa com braço amputado após se internar para retirar miomas no útero

Passista volta para casa com braço amputado após se internar para retirar miomas no útero


Alessandra dos Santos Silva, 35 anos, passista da escola de samba Grande Rio, teve o braço esquerdo amputado após ser internada para retirar miomas no útero. O caso aconteceu no Hospital da Mulher Heloneida Studart, no Rio de Janeiro, em fevereiro deste ano, sete meses depois que ela foi diagnosticada com a doença.

“Só lembro mesmo disso, de acordar em outro hospital sem o braço”, afirmou a mulher em entrevista ao jornal Bom Dia Rio, da TV Globo. A família de Alessandra contou que até o momento, mais de dois meses após a internação, nenhuma autoridade explicou o motivo que levou à amputação. De acordo com Ana Maria dos Santos, mãe da passista, a equipe médica apenas falou que Alessandra corria risco de necrose.

Ela ainda contou que os profissionais do hospital tentaram esconder a situação da família antes da amputação. Nem foto eles deixaram a gente tirar. Eu perguntei por que as mãos dela estavam enfaixadas. ‘Sua filha está com muito frio, por isso que a gente enfaixou ela’. Já estava necrosando os dedos. Eles esconderam”, afirmou. De acordo com o g1, Alessandra segue com pontos pelo corpo.

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Em agosto de 2022, a passista começou a sentir dores e ter sangramentos. Os exames indicaram que ela tinha miomas no útero, e especialistas recomendaram a retirada imediata. A partir daí, ela tentou agendar o procedimento na rede pública, mas só conseguiu fazer no dia 3 de fevereiro de 2023.  “Eu já estava fazendo todos os procedimentos para poder me cuidar lá [no Hospital]. Antes de operar, eu fiz todo o risco cirúrgico e todos os exames foram feitos lá”, explicou a mulher.

À noite, os médicos detectaram uma hemorragia e no dia seguinte ela precisou fazer uma histerectomia total, a retirada completa do útero. Ela foi intubada após este procedimento. Depois disso, Alessandra foi transferida para o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac) e foi lá que a família foi comunicada sobre o real estado de saúde dela. “Eu estava vendo que a minha filha não iria sair dali viva”, afirmou Ana Maria.

Alessandra dos Santos Silva junto com a mãe, Ana Maria dos Santos. (Fotos: Reprodução/ TV Globo)

No dia 10 de fevereiro, os familiares foram avisados pelos médicos que a drenagem no braço de Alessandra que “já estava começando a necrosar” não deu certo e que “ou era a vida de Alessandra, ou era o braço”, porque existia a possibilidade na necrose se alastrar. A autorização foi dada pela família e a cirurgia foi feita, mas o estado de saúde da moça se agravou. O rim e o fígado da mulher quase pararam e ela corria o risco de uma infecção generalizada.

Dois dias depois, ela foi extubada e recebeu alta no dia 15 de fevereiro. Ao retornar para o instituto no dia 28 para uma revisão da cirurgia de amputação, a mãe contou que o médico se assustou com o estado dos pontos no braço e na barriga. O profissional, então, recomendou que elas voltassem ao Heloneida Studart, mas a família se negou e passou a buscar alternativas.

Alessandra foi recusada por vários hospitais até ser internada no dia 4 de março Hospital Maternidade Fernando Magalhães e transferida para o Hospital Municipal Souza Aguiar, onde conseguiu se recuperar. Ela só recebeu alta exatamente um mês depois. Os familiares registraram um Boletim de Ocorrência do caso.

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Além disso, segundo o Splash Uol, Bianca Kald, advogada de Alessandra, contou que eles também entraram com pedido para ter acesso aos prontuários médicos. “Eu quero que o hospital se responsabilize porque eles conseguiram acabar com a minha vida”, afirmou a mulher, que ainda pretende entrar com uma ação contra o Estado do Rio de Janeiro.

A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro comunicou à publicação que lamenta o ocorrido e informou que abriu uma sindicância para a apuração do o que aconteceu no Hospital da Mulher Heloneida Studart. “A Fundação Saúde informa, ainda, que, após a paciente ter alta médica do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro, a equipe do HMulher entrou em contato com familiares para acompanhamento ambulatorial”, disse o órgão.

Já a Polícia Civil declarou que o caso foi registrado na 64ª DP (São João de Meriti), e os laudos médicos de atendimento na unidade foram requisitados para uma análise.

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