Myrella Barbosa morreu na última sexta-feira (9) após passar cinco dias internada em um hospital de Recife, em Pernambuco. A Polícia Civil tinha registrado a ocorrência como acidente de trânsito com vítima fatal, apontando que a internação da personal trainer de 25 anos aconteceu após ela cair da garupa de uma moto.
No programa Encontro desta terça-feira (13), uma amiga de Myrella deu outra versão para o caso, que aconteceu em Chã de Alegria, interior do estado. Familiares e pessoas próximas reforçam que Myrella foi vítima de feminicídio depois de ser brutalmente espancada pelo ex-namorado.
“Ela estava recém-separada dele há alguns dias, e ele não aceitava a separação. Contudo, ele ficava ameaçando Myrella onde ela estava. Ela bebeu um pouco a mais e [ele] se aproveitou, levou ela pra casa. O que se sabe é que começaram as agressões de lá. Ela veio passando mal, foi do domingo pra segunda. Na segunda de manhã, ele levou ela pra casa dele que fica em um sítio aqui. Chegando lá, começaram as agressões”, relatou a amiga, que por medo, não quis se identificar.
“Na segunda à tarde, ela veio a passar mal e ele socorreu ela pro hospital daqui. Ela chegou cheia de hematomas pelo corpo, no qual o médico ficou desconfiado e pediu pra ele prestar boletim de ocorrência lá no hospital alegando de fato o que aconteceu com Myrella. Não tem como ser acidente de moto porque Myrella não chegou com nenhuma fratura exposta”, concluiu. Assista:
Amiga fala sobre morte de personal trainer pic.twitter.com/1DbpYsdk2V
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) June 13, 2023
De acordo com declarações de amigos e familiares para o UOL, Myrella saiu para beber com as amigas no dia 4 de junho, quando teria sido vista pelo ex enquanto conversava com um colega. O rapaz teria tirado satisfação com a personal trainer, que afirmou que eles não estavam mais juntos. Para o g1, amigos de Myrella revelaram que naquela noite, ele foi atrás dela, a amarrou e agrediu com socos e chutes. No dia seguinte, ele levou a jovem para um sítio. A mãe do ex-namorado encontrou Myrella dentro de casa e, vendo seu estado, a levou para a Unidade Mista de Chã de Alegria, de onde foi transferida para o Hospital da Restauração. Na ocasião, ela deu entrada como vítima de acidente de moto e teria sido coagida pelo ex e a mãe dele a não dizer o que tinha acontecido.
“O motivo de ele ter batido e matado ela (Myrella) foi porque ela disse que não queria mais nada com ele. Ela falou que queria viver a vida dela, ela estava conseguindo várias vagas de emprego. Ela estava seguindo a vida normalmente e ele não aceitou só porque ela estava conversando com outro cara sobre trabalho [no domingo]”, disse um familiar de Myrella em áudio obtido pelo UOL.
Para o g1, uma amiga de Myrella contou que o ex-namorado era controlador e a agredia com frequência. Ela explicou que após o término, ele passou a perseguir a personal. Nas redes sociais, pessoas próximas da jovem estão pedindo por justiça. Ao UOL, outra fonte contou que o relacionamento de Myrella com o ex-namorado era “conturbado” e que o homem teria agredido a personal em público, assim como teria feito com a irmã dela durante o Carnaval.
As investigações
Inicialmente, a Polícia Civil afirmou que o caso foi registrado na madrugada do dia 10 de junho e disse que Myrella pegou carona com o namorado, que não teve a identidade revelada, e acabou sofrendo um acidente de moto. Depois, a corporação se manifestou e informou que “nenhuma hipótese está sendo descartada e que serão investigadas todas as possibilidades“. “A investigação segue em andamento até o esclarecimento dos fatos“, declarou. “Mais detalhes não podem ser fornecidos no momento, para não atrapalhar as diligências“, finalizou.
O hospital lamentou a morte da jovem e deu algumas informações. “Foi acompanhada por equipe multiprofissional e submetida à cirurgia, de acordo com a evolução apresentada“, disse a assessoria da unidade de saúde. “Como o óbito se deu por causa externa, o corpo foi encaminhado para o Instituto de Medicina Legal de Pernambuco (IML)“, completou.
A Secretaria da Mulher de Chã de Alegria emitiu uma nota dizendo que se solidariza com a família “ante a possibilidade da ocorrência de feminicídio” e que colocou “toda a estrutura do município à disposição da família”. O órgão também repudiou “atitudes da espécie“. “A Violência contra a Mulher, em todas as suas formas, é inaceitável e preocupa, sobremaneira, esta secretaria, que tem atuado de forma incisiva no apoio às medidas de conscientização e enfrentamento de agressões, com o propósito de estancar esse mal social“, declarou a Secretaria.
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