Oito anos após o fim da saga “Jogos Vorazes” nos cinemas, finalmente retornamos a Panem com “A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes“! O longa chegou aos cinemas no dia 15 de novembro e já arrecadou US$ 98 milhões em todo o mundo em seu primeiro fim de semana em exibição. Dias antes da estreia, a equipe do hugogloss.com conversou com Rachel Zegler, Tom Blyth, Hunter Schafer e Josh Andrés Rivera sobre o fenômeno, e eles nos contaram mais sobre os bastidores da superprodução!
A adaptação do livro de mesmo nome de Suzanne Collins nos leva de volta a Panem, cerca de 60 anos antes de Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) e sua luta para libertar os distritos das cruéis amarras da Capital. Desta vez, acompanhamos a história de Coriolanus Snow (Blyth) e Lucy Gray Baird (Zegler), dois jovens opostos que se veem unidos por circunstâncias improváveis.
Na trilogia original, Snow é retratado por Donald Sutherland como um vilão cruel e imprevisível, um ditador distópico e sem coração que não para diante de nada para manter seu poder. Entretanto, o novo longa traz uma versão diferente do personagem: vivido pelo britânico Tom Blyth, Snow é apenas um adolescente sonhador da Capital, que se vê forçado a existir relutantemente em um mundo onde a violência é um meio de sobrevivência.
É depois de conhecer um tributo na 10ª edição dos Jogos Vorazes, uma cantora dos distritos inferiores chamada Lucy Gray Baird, que o jovem Coriolanus fica entre a cruz e a espada, forçado a decidir se vai sucumbir às suas ambições e ao poder da Capital, abraçando as regras cruéis que mantém sua reputação e família intactas, ou lutar contra as desigualdades que dominam os distritos. Assista ao trailer abaixo:
Criar um prelúdio em torno da origem do presidente sociopata da saga foi uma aposta de risco de Collins. No entanto, os fãs puderam mergulhar de cabeça na história que responde a grande pergunta: o que faz um vilão? Mesmo sabendo do futuro sombrio do personagem, a performance de Blyth traz humanidade a Snow, que acaba se tornando um rapaz carismático e por vezes atraente, que nos convence até mesmo a torcer por ele em certo ponto.
Questionado sobre o assunto, Blyth disse acreditar que a transformação de Coriolanus é questão de natureza versus criação. “Fico feliz que você tenha se apaixonado um pouco por ele, porque acho que isso é necessário para o filme funcionar, para a história funcionar. Isso é meio que o ponto. Acho que é por isso que Suzanne escreveu este livro. Foi para dizer: ‘Vocês todos odeiam aquele personagem que faz coisas terríveis. OK. Bem, isso é um lembrete a todos vocês que todo mundo é humano em algum momento, mesmo que depois ele seja desumano’”, começou o ator.
“Ele [Snow] não nasceu assim. Bem, eu não acho que nasceu. Ninguém é um bebê malvado. Tipo, ninguém nunca conheceu um bebê malvado. Sabe? [risos]”, continuou. “Eu acho importante que você consiga se identificar com ele, pelo menos em algum momento da história, para que você possa ficar arrasado quando ele se torna um tirano. E esse é o cerne da humanidade, não é? Tipo… Todos nós torcemos pelas pessoas que amamos e esperamos que elas vivam uma vida boa e façam a coisa certa. E Corio não é diferente”, destacou.
Ainda segundo o britânico, não há somente um exato momento em que Snow “vira a chave” e se torna o vilão que tortura Katniss Everdeen, mas há um momento em que vemos um “flash” do que Coriolanus se tornará no futuro. Para Blyth, todo o peso emocional da cena ficou nas mãos da colega de elenco, Hunter Schafer, que dá vida à prima do protagonista, a jovem Tigris.
“Se eu pudesse escolher um momento em que ele muda, não sei. Mas o momento em que você realmente vê como ele mudou é bem no final. Quando ele aparece e ele voltou para Panem, a cidade e a capital, e ele está se vestindo para sair para ver Dean Highbottom (Peter Dinklage). E ele e Tigris têm aquele momento à mesa da cozinha, onde ela diz que ele se parece com o pai dele”, afirmou Tom.
Para Blyth, a proximidade com a estrela de “Euphoria” lhe ajudou a desenvolver o laço entre Snow e Tigris. Assim, ele sentiu mais profundamente o triste destino de seu personagem. “Deixarei o público ver o filme para descobrir o que isso quer dizer, mas acho que você vê nos olhos de Tigris que ela vê a mudança nele e isso a aterroriza profundamente. E a Hunter Schafer interpreta isso lindamente”, elogiou ele.
“Ela (Hunter) e eu ficamos muito próximos ao interpretar esses parentes, esses primos. E eu definitivamente senti… Internamente, eu me senti de coração partido quando aquele momento aconteceu. Porque eu senti a mudança e eu senti tudo através dele. E eu senti isso, sabe, o parecer da Tigris realmente diz muito”, concluiu.
Música que emociona
Se em “Jogos Vorazes”, foi a voz de Lawrence que embalou o público com sua versão de “The Hanging Tree”, em “A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes” é a vez de Zegler assombrar o público com a profundidade de sua voz e das tristes composições de Lucy Gray Baird.
A estrela, que interpreta uma artista itinerante que vive no Distrito 12 na trama, está acostumada a emprestar sua voz a personagens: no passado, Zegler viveu Maria de “Amor, Sublime Amor”, musical dirigido por Steven Spielberg. No entanto, a história de Collins permitiu que Rachel apresentasse uma nova versão de sua voz, muito mais crua e vulnerável, em canções que movem a narrativa.
O ponto alto da produção é de fato uma dessas músicas, que Lucy canta em meio a violência e carnificina dos jogos, e para Zegler o momento foi um grande desafio. “Foi uma cena tão importante para mim e era realmente importante que acertássemos. Porque tentar encaixar o canto em uma história como ‘Jogos Vorazes’ não é uma tarefa fácil. E torná-lo o mais encaixado possível foi um verdadeiro feito. Bem, houve muita coisa nos bastidores. Obviamente, as cobras não eram reais, então foi muita interpretação e muita imaginação. E Francis (Lawrence), nosso diretor, queria que eu começasse bem suave, o que é realmente difícil de fazer e fazer um som que faça sentido para a música”, recordou a atriz.
A cena em questão acabou deixando sequelas na atriz, que fez questão de cantar ao vivo no set. “E então começou muito, muito suave. E eu estava realmente, aos poucos, me erguendo na rocha. Então também foi muita tensão no corpo. E meus braços estavam muito doloridos no dia seguinte, porque fiz muitas vezes. Cantei ao vivo em cada take. Isso foi muito importante para mim como artista. E sempre pensei: ‘Se você pode, por que não? Vamos lá’. E eu fiz muitas vezes, porque tínhamos que pegar muitos ângulos diferentes e foi um momento tão poderoso. Muitas pessoas choraram naquele dia”, contou ela.
“A Nina estava chorando e acho que foi o primeiro dia que você voltou. Você viu naquele dia do “The Old Therebefore”. Você estava no set. Foi antes de você voltar, depois de ter COVID”, pontuou Rachel ao colega. “Sim, era exatamente o que eu precisava. Chorar bastante para me recuperar”, riu Blyth.
“Foi realmente legal. Eu fico realmente animada quando eu posso… As pessoas com quem eu trabalho são todas tão talentosas, que quando eu posso trazer algo que sei que sou boa e dizer: ‘Eu sei fazer algo também!’. Poder trazer isso para o set, é sempre muito, muito divertido. Eu me sinto muito honrada”, concluiu Zegler.
Presente aos fãs e ao elenco
Com uma base de fãs pra lá de ativa mesmo anos após o fim da saga literária e cinematográfica, estrelar um novo filme é sempre intenso para os atores. Entretanto, para Hunter Schafer e Josh Andrés Rivera, o prelúdio de “Jogos Vorazes” foi, na verdade, a chance de vivenciar um mundo que eles amavam desde a infância.
“Quero dizer, para mim, foi realmente, realmente como o fechamento de um ciclo. Porque eu era, ou ainda sou, uma grande fã da trilogia original. E agora desse livro. A criancinha que eu era no ensino fundamental, que vivia com a cara enfiada nesses livros, ficaria louca agora”, confessou Schafer.
Rivera, por sua vez, sentiu a responsabilidade que vem com uma participação na franquia, especialmente por sua conexão com o conteúdo. “Nós tivemos muita sorte. Acho que os fãs do original foram bastante acolhedores. Obviamente, é uma grande empreitada e é uma responsabilidade com a qual precisamos ser cuidadosos. Você conhece a história. Suzanne Collins fez um trabalho incrível ao escrever este livro, então tivemos isso a nosso favor, porque o texto é muito forte. E sim, assim como a Hunter, quando eu era mais novo… Eu não podia ir para o recreio porque eu tinha notas muito ruins. Então eu fui para a sala de estudos e tínhamos um bibliotecário incrível que me deu o livro ‘Jogos Vorazes’. E ele disse: ‘Sabe, ler é divertido. Você vai adorar’. E eu disse ‘Ok’. Sim. Então eu li o livro. Foi um dos primeiros livros que li e não consegui largar. Então é um momento realmente emocionante e de fechamento de um ciclo para mim também”, admitiu o ator.
Questionada sobre o que o público pode esperar da produção, a estrela de “Euphoria” admitiu que, como fã, ela mesma ficou animada em ver a arena. “Acho que na minha imaginação, eu estava curiosa para ver como a arena ia ser. Porque nos filmes anteriores, temos uma diferença muito grande do que é a natureza da arena deste filme. E, também, eu não estava lá quando filmaram essa parte. Então eu não sabia como tinha ficado. Então eu estava realmente animada para ver como a arena ia ser”, disse Hunter.
Já para Josh, é a grandiosidade dos cenários que deve chocar os fãs. “Quero dizer, havia muitas coisas ao ler o livro. Porque é um mundo tão espetacular, sabe? Há muitas coisas que você realmente precisa usar sua imaginação para visualizar. E havia alguns cenários diferentes em que eu estava tipo: ‘Não tenho ideia de como isso vai ficar no final’. Eu estava realmente curioso. O legal foi que tivemos a grande sorte de os cenários serem concretos, e podermos estar em espaços reais com coisas reais. Usamos muito pouca tela verde. Então, quero dizer, foi algo realmente incrível de se ver. Eu mal posso esperar para que todo mundo possa ver também”, destacou.
Por fim, questionados se tiveram a chance de conversar com Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson ou qualquer outro membro do elenco original, a dupla disse que não, mas insistiu que a conexão com a trilogia estava lá devido ao trabalho do diretor, Francis Lawrence, que também foi responsável por “Jogos Vorazes: Em Chamas”, e “Jogos Vorazes: A Esperança 1 e 2”.
“Infelizmente, não tive a chance de conversar com o elenco original. Mas a equipe que temos, Francis Lawrence, o diretor, e sua equipe, todos trabalharam em filmes da trilogia original também. Então a herança ainda está lá. Então estava tudo em boas mãos, o que me deixou muito tranquilo. Obviamente, temos os outros atores, Viola (Davis), Peter (Dinklage) e Jason Schwartzman, entrando na franquia, e acho que algo em que todos podemos concordar é que foi uma experiência de aprendizado apenas poder assisti-los”, elogiou Josh. “Sim, foi um verdadeiro prazer. E sim, eu não conseguia acreditar no que meus olhos viam ao assistir suas performances”, acrescentou Hunter.
“Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes” já está disponível em cinemas de todo o Brasil. Antes de correr para as telonas, se ofereçam como tributo para curtir essa entrevista incrível! Confira abaixo o bate-papo na íntegra:
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