Neste domingo (3), foi ao ar a primeira entrevista de Bruninho, fruto do relacionamento entre Eliza Samudio e o goleiro Bruno, no programa Geral do Povo, da Rede TV!. Hoje com 14 anos, o rapaz – que também é goleiro – quebrou o silêncio sobre a relação com o genitor, condenado por planejar o assassinato de Eliza Samudio.
Acompanhado pela avó e tutora, Sônia Fátima Moura, o jovem – que atualmente é goleiro do Athletico-PR nas categorias de base – abriu o jogo sobre os sentimentos que tem por Bruno. Questionado se “sentia ódio” do pai, ele negou: “Tenho nada, tenho pena só. É só isso que tenho para falar. Ele tinha uma carreira muito incrível pela frente e destruiu tudo”, disse o garoto em conversa com Geraldo Luís. “Era um bom atleta, só que não era uma boa pessoa”, definiu Bruninho.
Ainda segundo o menino, ele “descobriu” sobre o assassinato da mãe através da avó. O garoto tinha apenas dias de vida quando o crime aconteceu. A moça, então com 25 anos, foi forçada pelo goleiro Bruno a tomar remédios para abortar logo após pedir o reconhecimento da paternidade, dias antes de seu assassinato.
Sônia, a quem Bruninho chama de mãe, contou ter evitado discutir a paternidade de Bruninho durante muito tempo. Até que, um dia, o pequeno abordou o assunto. “Eu falava somente da mãe (Eliza), nunca fazia referência ao pai. Ele devia ter 8, 9 anos. Ele chegou e perguntou para mim: ‘E o meu pai? Tem onde a gente ir?’. Eu expliquei, dava uma enrolada”, recordou ela.
“Aí um dia ele chegou e foi categórico: ‘Se está morando longe, a gente pode pegar ônibus, avião’. Aí eu falei para ele: ‘Seu pai está preso’. E ele perguntou: ‘Foi preso por quê? Ele roubou ou foi pego com droga?’. Eu falei, nem uma coisa nem outra. ‘Então ele matou alguém’, ele disse. Eu falei: ‘Matar não, mas foi responsável pela morte de uma pessoa’. Daí, ele vira e fala para mim: ‘Foi minha mãe?’. Eu falei: ‘foi’”, detalhou a avó.
Quando soube da história, Bruninho confessou não ter se comovido, pois não teve a chance de conviver com os progenitores. “Fiquei normal, porque para mim, tanto meu pai de sangue quanto minha mãe que já se foi, eram pessoas desconhecidas para mim. Não conheci, nunca vi na minha vida. Para mim, não fez tanta diferença”, admitiu ele.
Ele afirmou, ainda, que a avó lhe ensinou a lidar com o passado triste. “Ela (Sônia) me ensina a nunca ter raiva do próximo, só desejar o bem das pessoas sempre. Eu chamo ela de mãe”, destacou o jovem.
Carreira
Bruninho Samudio, apesar de ter seguido os passos do pai no mundo profissional, garantiu não ter qualquer conexão com o goleiro Bruno, ex-jogador do Flamengo. O jovem chamou atenção pela altura (1,88m) e agilidade no campo e assinou, em 22 de fevereiro deste ano, seu primeiro contrato com o Athletico-PR. A data marca o dia em que a mãe, Eliza, completaria 39 anos.
A escolha da posição como goleiro nada tem a ver com a carreira do pai. “Eu estava jogando em uma escolinha. Um goleiro toda hora não podia ir para o treino e eu falei: ‘Deixa que eu vou’. E estou aí até hoje”, explicou ele. Assista à íntegra:
Eliza Samudio desapareceu em 2010, e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno. O jogador, então titular do Flamengo, se recusou a reconhecer a paternidade de Bruninho por muito tempo, mas em 12 de julho de 2012, após a sentença da Justiça do Rio, ele se tornou oficialmente pai do jovem.
Bruno Fernandes foi condenado em 2013 a 22 anos e três meses de prisão por homicídio, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio. Ele estava em regime semiaberto desde 2019. Em janeiro d2 2023, Bruno obteve a liberdade condicional na Justiça do Rio.
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