O caso de Clarinha, paciente “misteriosa” que ficou 24 anos internada em um hospital de Vitória, no Espírito Santo, e morreu na última quinta-feira (14), teve novos desdobramentos. De acordo com o g1, cinco exames de DNA serão feitos para identificar possíveis familiares da mulher. Três deles estavam em andamento, e dois surgiram após a confirmação do óbito.
No início da noite de sábado (16), uma família da Bahia contatou o coronel Jorge Potratz, médico que cuidou de Clarinha durante os anos de internação. Ele já tinha conhecimento sobre essa família desde o fim de 2022, e chegou a orientá-la na época sobre os trâmites, mas não sabe os motivos de não terem sido levados adiante.
Os parentes seriam uma suposta mãe, uma filha de Clarinha e duas irmãs, sendo uma advogada que mora nos Estados Unidos. As três mulheres que residem no Nordeste do Brasil chegaram a Vitória na manhã desta segunda-feira (18), e foram diretamente para o Departamento Médico Legal (DML) da capital, onde foram colhidas digitais.
Conforme Potratz, o DML informou que teria condições de fazer uma comparação das amostras com impressões digitais parciais colhidas de Clarinha em 2016, pelo Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES). “A previsão é que o resultado da digital saia ainda nesta segunda (18), ele não deve ser definitivo. Não sou perito, ainda deve haver a necessidade do DNA, mas pode ser exclusivo, ou seja, descartar a família”, explicou o coronel.
Essa mesma família da Bahia teria dito aos policiais e ao coronel que, possivelmente, a falecida tinha uma identidade feita em São Paulo, e que autoridades já teriam solicitado à Polícia Civil paulista esse registro. Além disso, um suposto pedido do envio de impressões digitais desse documento também teria sido emitido. “Uma vez de posse disso é mais fácil fazer comparação e pode dar um norte sobre o caso”, salientou Potratz.
Registro civil
Jorge Potratz acrescentou que a Justiça permitiu fazer o registro civil de Clarinha, mas fez uma ressalva. “A gente faria o registro de nascimento para depois fazer o de óbito. Mas, com essa questão dessa possível identidade, talvez seja mais prudente esperar um pouco para evitar fazer um cancelamento judicial, se for o caso. Enquanto isso, também não é possível ter informações sobre a liberação do corpo”, pontuou ele.
Além das possíveis parentes da falecida, o coronel soube de um rapaz que alegou ser filho dela, na sexta (15). “Quando soube da morte, ele foi diretamente ao DML. Não sei quem ele é ou as razões de por que teria procurado só agora”, admitiu Potratz. Ele também não sabe informar se o caso do jovem teve algum avanço desde a semana passada.
Quadro de saúde
Jorge Potratz esclareceu, ainda, que Clarinha não teve piora no quadro de saúde ao longo da última semana, e que sua morte foi súbita. “A morte da Clarinha foi uma coisa inesperada, súbita. Ela vomitou e broncoaspirou. Não houve indicação de piora ou deterioração do quadro clínico. Foi a primeira vez que aconteceu isso em 23 anos”, revelou.
“Querendo ou não, após 24 anos acamada, é uma situação que mexe com o organismo da pessoa e a deixa mais fragilizada. Mas não houve uma complicação específica neste caso”, concluiu o coronel.
Segundo a Polícia Científica (PCIES), o corpo de Clarinha permanece no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, e aguarda o andamento dos trâmites relacionados ao sepultamento iniciados pela Polícia Militar (PMES) junto ao Ministério Público Estadual (MPES). Saiba mais detalhes do caso, clicando aqui.
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