Caso Marielle: Chiquinho Brazão, apontado como um dos mandantes do assassinato, chora em depoimento e diz que Ronnie Lessa está protegendo alguém

Caso Marielle: Chiquinho Brazão, apontado como um dos mandantes do assassinato, chora em depoimento e diz que Ronnie Lessa está protegendo alguém

O deputado federal Chiquinho Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, em março de 2018, prestou depoimento nesta segunda-feira (21), no Supremo Tribunal Federal (STF), por videoconferência. Durante a sessão, que faz parte de uma série de interrogatórios dos réus no caso, Chiquinho se emocionou em dois momentos: ao falar sobre sua família e seus netos.

De acordo com o g1, com cerca de 10 minutos de depoimento, o deputado se comoveu ao mencionar seus irmãos e sua história de vida. Vinte minutos depois, novamente chorou ao lembrar dos passeios de domingo com os netos. Sobre Marielle, ele afirmou: “Fizeram uma maldade muito grande com ela. Marielle sempre foi minha amiga. Era uma vereadora muito amável e com quem a gente tinha uma boa relação. Ela (Marielle) sempre foi muito respeitosa e carinhosa”.

Chiquinho ao lado do advogado Murilo Marcelino de Oliveira (Foto: Reprodução/g1)

Ainda no interrogatório, Chiquinho negou qualquer relação com Ronnie Lessa, o atirador que confessou ter matado Marielle, e disse que se encontrou com Edmilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, apenas quatro vezes. Segundo a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR), Macalé teria sido o intermediário entre o mandante do crime e Lessa. Macalé foi assassinado em novembro de 2021.

Ele ainda acrescentou sobre o fato de ter sido acusado por Lessa: “Nada ali [delação de Lessa] é verdade. Jamais esperava acontecer o que está acontecendo e estar aqui. Porque eu não tenho nada a ver com isso. Então fiquei tranquilo da minha vida. Gostaria eu de ter uma resposta específica. Mas não faço ideia. A não ser pensando que, no caso, essa delação está protegendo alguém”.

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Este foi o primeiro dos cinco depoimentos previstos para esta semana, conduzidos pelo desembargador Airton Vieira. Os outros interrogatórios incluem Domingos Brazão, irmão de Chiquinho e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, também apontado como mandante do crime. Além deles, outras figuras, como Ronald Pereira, major da PM; Robson Peixe, policial militar acusado de envolvimento no desaparecimento da arma do crime; e o delegado Rivaldo Barbosa, apontado como cúmplice por saber do crime antes de sua realização. De acordo com o portal, todos serão online porque os réus estão em presídios de segurança máxima.

O processo, relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, segue em fase de instrução penal. Após a conclusão dos depoimentos, tanto a defesa quanto a acusação terão cinco dias para solicitar novas diligências, antes que o caso avance para as alegações finais.

Os depoimentos

Os depoimentos sobre o assassinato de Marielle Franco tiveram início em 12 de agosto, começando com Fernanda Chaves, assessora da vereadora que estava no carro no momento do crime. Fernanda revelou que Marielle serviu de escudo, protegendo-a dos disparos. “Não fui atingida porque Marielle foi meu escudo. Simplesmente, essa é uma leitura que eu faço. Eu estava muito próxima da Marielle, a gente estava olhando o celular da outra. A Marielle é uma mulher grande, alta, larga, grande. E no primeiro momento, eu me enrolei, me enrolei em um caracol e me afundei entre meu banco e o banco do Anderson”, afirmou ela.

Em depoimentos posteriores, surgiram contradições entre Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa, dois dos acusados pelo crime. Élcio afirmou que a submetralhadora MP5 usada no assassinato pertencia a Lessa, enquanto este disse ter recebido a arma de Macalé e a descartado posteriormente com milicianos. Além disso, enquanto Lessa alegou ter sido contratado para o crime, Élcio declarou que ouviu que o assassinato tinha motivações pessoais, mas nunca havia escutado o nome de Marielle antes.

Lessa disse em delação que quase matou vereadora 3 meses antes, mas ‘perdeu oportunidade’ (Foto: Reprodução; UOL/ Renan Olaz; Câmera Municipal do Rio)
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Outro ponto relevante foi a morte de personagens-chave do caso, como Edmílson Oliveira da Silva, o Macalé, que, segundo Lessa, foi quem trouxe a “encomenda” para o assassinato de Marielle. Macalé foi assassinado em 2021, e sua morte permanece sem solução. A Polícia Federal demonstrou vínculos entre Macalé e os irmãos Brazão, apontando uma possível conexão política na execução do crime. O envolvimento de figuras como o capitão Adriano da Nóbrega e o tenente João André, ambos chefes do Escritório do Crime e já falecidos, também foi citado nos depoimentos.



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