admin A família do ex-boxeador José Adilson Rodrigues dos Santos, conhecido como Maguila, anunciou nesta sexta-feira (25) que atendeu ao desejo do atleta e doou seu cérebro para estudos na Universidade de São Paulo (USP). A decisão foi comunicada por Irani Pinheiro, viúva de Maguila, durante uma coletiva de imprensa na cerimônia de velório na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Zona Sul da capital paulista.
“Resolvemos até em vida mesmo a doação do cérebro dele para estudos por conta da doença”, explicou Irani, referindo-se à demência pugilística, também conhecida como Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), que afetou o ex-atleta nos últimos anos. O campeão dos ringues lutava contra a doença degenerativa associada aos golpes repetitivos na cabeça desde 2013. A condição foi inicialmente diagnosticada como Alzheimer, mas, em 2015, o neurologista Renato Anghinah confirmou a ETC, que também acomete outros atletas de esportes de alto impacto.
O órgão se junta ao de outros atletas, como o ex-jogador Bellini e o pugilista Eder Jofre, que também contribuíram para o banco de cérebros da USP. Segundo Anghinah, essas doações são “fundamentais para entender a doença cada vez melhor e tentar prevenir que outros atletas fiquem doentes”, disse em entrevista ao “Globo Esporte” em 2018. Para os especialistas, o estudo do cérebro de Maguila pode trazer avanços significativos na compreensão dos traumas esportivos.
Trajetória e despedida
Nascido em Aracaju, no Sergipe, Maguila construiu uma carreira notável no boxe brasileiro entre 1983 e 2000, com um recorde de 77 vitórias, sendo 61 por nocaute, 7 derrotas e 1 empate técnico. Famoso por enfrentar campeões como George Foreman e Evander Holyfield, ele cativou o público com sua personalidade carismática e poderosa mão direita. Após deixar os ringues, ele atuou como comentarista de economia e até lançou um álbum de samba.
O velório de Maguila contou com a presença de familiares, amigos, fãs e políticos, incluindo uma homenagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que destacou a trajetória do boxeador e seu impacto no esporte brasileiro. “Maguila foi um dos maiores atletas do boxe brasileiro e o nosso mais importante peso-pesado, acumulando inúmeras vitórias e popularizando o esporte”, afirmou o presidente.
Maguila tinha 66 anos e deixa esposa e três filhos – Edimilson, Adenilson e Adilson, conhecido como Júnior Ahzura.
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