O fundador da plataforma de criptomoedas Tron, Justin Sun, foi o comprador que garantiu a obra “Comedian” do artista italiano Maurizio Cattelan, em um leilão em Nova York, nesta quarta-feira (20). Ele arrematou a banana colada na parede com uma fita por US$ 6,2 milhões (R$ 35,8 milhões), e agora receberá as instruções de como manter o item.
Inicialmente, Sun afirmou que pretendia “comer a banana como parte dessa experiência artística única”. No entanto, acredita-se que não seja possível, já que a obra apresentada na Sotheby’s será enviada de avião até Hong Kong. Mesmo armazenada em um ambiente refrigerado, a fruta pode apodrecer.
Portanto, assim que o pagamento do executivo for compensado com a casa de leilões, ele herdará apenas a lista – detalhada em 14 páginas – de instruções para manter o item. O documento consiste em diagramas que Cattelan forneceu a outros colecionadores da banana, incluindo o Museu Solomon R. Guggenheim, que recebeu uma versão de um doador anônimo alguns anos atrás.
Além das imagens, há uma explicação de como a obra deve ser instalada e exibida, incluindo permissão para substituir a banana quando ela apodrecer. Lena Stringari, a conservadora-chefe do Guggenheim na época, revelou que as instruções são fáceis de seguir. Elas sugerem trocar o alimento de sete a 10 dias e fixá-lo a cerca de 5 pés e 9 polegadas acima do solo. Um novo rolo de fita adesiva prateada está incluído.
Agora, Sun poderá acrescentar “Comedian” à coleção peculiar que acumulou nos últimos anos. Ela inclui uma escultura de Alberto Giacometti, uma pintura de Pablo Picasso e um token não fungível muito caro, ou NFT, de uma pedra de estimação.
Vencer o leilão, porém, foi apenas o começo das negociações, que devem seguir pelo próximo mês. Segundo o jornal O Globo, Sun disse que pretende pagar pela obra com sua própria criptomoeda. A Sotheby’s, por sua vez, só deve aceitar formas mais populares de pagamento digital, como bitcoin ou ethereum.
De acordo com a publicação, Cattelan já recebeu uma taxa quando vendeu a banana originalmente (a obra é o nº 2 das três edições criadas pelo artista). O comprador, então, consignou a banana para o leilão da Sotheby’s. Embora os artistas recebam uma porcentagem das revendas em países como Reino Unido, França e Itália, esse não é o caso nos Estados Unidos. Nos últimos anos, eles recorreram a ferramentas de blockchain, como NFTs, para manter royalties de revenda em seus contratos.
Obra milionária
Na casa de leilões da Sotheby’s, sete compradores ou seus representantes competiram para adquirir a obra. Depois de vários minutos, o preço subiu de US$ 800.000 para US$ 5,2 milhões, e até para US$ 6,2 milhões somando as comissões, quando o martelo foi batido.
“Comedian” prometia ser uma das estrelas da semana de leilões do outono nova-iorquino. Segundo sua descrição, a arte do italiano, da qual existem três cópias, questiona a noção de arte e seu valor. Ela tem sido o assunto da cidade desde sua primeira exposição em Miami, em 2019, onde outro artista a comeu para denunciar seu preço.
Na época, a criação estava avaliada em US$ 120.000 (R$ 472 mil). A cópia restante, por sua vez, foi doada ao Museu Guggenheim de Nova York. A Sotheby’s havia fixado sua estimativa para a peça entre 1 milhão e 1,5 milhão de dólares (entre 5,7 e 8,6 milhões de reais). Os termos da venda, como informado anteriormente, incluíam um certificado de autenticidade e instruções sobre como substituir a fruta.
A banana colada na parede superou em valor outra obra notória leiloada, a “Oval Office (Study)”, do ícone da Pop Art dos Estados Unidos, Roy Lichtenstein. O item foi adquirido por 4,2 milhões de dólares (equivalente a R$ 24 milhões).
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