Juliana Leite Rangel, de 26 anos, que foi baleada na cabeça por policiais rodoviários federais na BR-040 na véspera do Natal, está consciente. De acordo com informações divulgadas pelo Rj2 nesta sexta-feira (3), a jovem já se comunica com os familiares através de gestos labiais e, inclusive, teria feito uma declaração para eles.
“É o dia mais feliz da minha vida, dia de saber que minha filha nasceu de novo. A gente acredita que foi o renascimento da nossa Juliana, nossa Juju”, disse a mãe de Juliana. Os médicos que acompanham o caso afirmaram que o projétil não acertou o cérebro dela. Além disso, a recuperação tem sido boa levando em conta a gravidade dos ferimentos.
Juliana também sente os membros, respira sem a ajuda de aparelhos e não relatou dor para a equipe médica. “Só gratidão, minha irmã tá falando, ela falou ‘eu te amo’ pra mim. É muita emoção, meu coração está mais confortável, ela vai sair dessa”, contou a irmã Jéssica Rangel.
Além de dizer que ama a mãe e a irmã, ela também teria dito que quer ir para casa. Apesar da melhora, Juliana segue internada em estado grave no CTI. Ainda não é possível afirmar se ela ficará com sequelas. No entanto, o hospital emitiu uma nota em que afirma que a jovem mantém “melhora clínica progressiva”.
Entenda o caso
A tragédia aconteceu na noite do dia 24 de dezembro, quando Juliana estava no banco de trás do carro da família, ao lado do irmão de 17 anos e da namorada dele. Na frente, estavam sua mãe, Dayse, com o cachorro no colo, e o pai, Alexandre da Silva Rangel, que dirigia o veículo. Eles estavam a caminho de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, para passar o Natal com parentes.
Segundo o relato de Alexandre, ao perceber a aproximação de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF), ele reduziu a velocidade e deu passagem, pensando que se tratava de uma ambulância. No entanto, ao voltar para a pista, a viatura começou a atirar contra o carro, atingindo Juliana na cabeça e o pai na mão esquerda. Apesar do ferimento, Alexandre não precisou de internação.
“Eu estava a 90 (km/h). Aí olhei pelo retrovisor e vi aquele giroscópio. Pensei que era uma ambulância, liguei a seta. Dei passagem. Mas só quando ele chegou perto, jogou (a viatura) atrás de mim. Falei: ‘Ih, não passou, não’. Aí liguei a seta e voltei. Quando eu voltei, mandaram bala, sem parar”, detalhou Alexandre ao “Fantástico”.
O Ministério Público Federal iniciou uma investigação sobre o caso, enquanto o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, condenou a conduta dos agentes. Segundo Vitor Almada, superintendente da PRF no Rio de Janeiro, os policiais relataram ter ouvido disparos ao se aproximarem do veículo e assumiram que vinham de lá, mas posteriormente reconheceram o erro cometido. A PRF também divulgou um comunicado oficial sobre o incidente. Leia na íntegra:
“A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar os fatos relacionados à ocorrência registrada na noite desta terça-feira (24/12), no Rio de Janeiro, envolvendo policiais rodoviários federais.
Após ser acionada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma equipe da Polícia Federal esteve no local para realizar as medidas iniciais, que incluíram a perícia do local, a coleta de depoimentos dos policiais rodoviários federais e das vítimas, além da apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal”.
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