A tragédia familiar que resultou na morte de três pessoas após consumirem um bolo envenenado em Torres, Rio Grande do Sul, continua sendo investigada. De acordo com a polícia, uma briga ocorrida há mais de 20 anos pode ter motivado o crime.
As vítimas, identificadas como as irmãs Neuza Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva, e a filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Anjos, faleceram depois de comerem o bolo durante um encontro familiar no dia 23 de dezembro de 2024. Deise Moura dos Anjos, a nora de Zeli dos Anjos, que preparou o bolo, foi presa sob a acusação de ter envenenado o alimento.
Segundo o UOL, a Polícia Civil e a equipe do Instituto-Geral de Perícias (IGP) encontraram concentrações elevadas de arsênio, um metal pesado altamente tóxico, nas vítimas e no bolo. “Foram identificadas concentrações altíssimas de arsênio nas três vítimas. Tão elevadas que são tóxicas e letais. Para se ter ideia, 35 microgramas já são suficientes para causar a morte de uma pessoa. Em uma das vítimas, havia concentração 350 vezes maior”, explicou Marguet Mittman, diretora do IGP.
O delegado Marcus Vinicius Muniz Veloso liderou a investigação e, em uma coletiva de imprensa, divulgou que as desavenças familiares, de cerca de 20 anos atrás, foram o provável motivo para o envenenamento. “Esta é uma investigação difícil pelo fato de a família ter, segundo os depoimentos coletados, uma convivência muito harmoniosa, (…) mas com divergências causadas basicamente por uma única pessoa. Divergências teriam ocorrido há cerca de 20 anos e eram muito pequenas”, afirmou Veloso.
Os relatórios preliminares da investigação revelaram que Deise Moura dos Anjos fez pesquisas sobre arsênio na internet antes do incidente. Estas buscas incluíam consultas no Google e Google Shopping por arsênio e produtos relacionados.
Deise está detida no Presídio Estadual Feminino de Torres e enfrenta acusações de triplo homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e com emprego de veneno, além de tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada. As autoridades estão ainda investigando quem seria o alvo específico da suspeita ao envenenar o bolo, como ela obteve o arsênio e em que momento o veneno foi adicionado à farinha usada na receita.
A defesa de Deise, composta pelos advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela Souza, comunicou que ainda não teve acesso integral à investigação e que se pronunciará no momento oportuno.
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques