admin Diego Silva dos Anjos, de 40 anos, falou da relação de “altos e baixos” entre sua mãe, Zeli dos Anjos, e a mulher, Deise Moura dos Anjos. Em depoimento à polícia no dia 27 de dezembro, dias após a morte de três pessoas da família ao comerem um bolo envenenado, o administrador de empresas foi ouvido na condição de testemunha.
Na declaração, divulgada pelo jornal Zero Hora, nesta segunda-feira (13), Diego definiu o relacionamento entre as duas “como uma espécie de eletrocardiograma”, mas negou que Deise fosse capaz de envenenar familiares. Após uma perícia, foi constatado arsênio na farinha usada para preparar o tradicional Bolo de Reis, consumido pelos parentes no dia 23 de dezembro, em Torres, no Rio Grande do Sul.
Em depoimento, Diego negou ter feito pesquisas sobre o veneno. Contudo, ele acabou confirmando que sua mulher o fez, no dia 26 de dezembro, depois dele saber da presença de arsênio no organismo da família. O filho de Zeli acrescentou que Deise chegou até a lhe mostrar um vídeo sobre o assunto.
O homem também foi questionado sobre as ameaças que a suspeita teria feito à sua mãe. Em áudios divulgados pelo “Fantástico”, por exemplo, Deise diz que “ela veria toda família em um caixão” e chamou a sogra de “peste”. Para Diego, porém, a esposa não teria se expressado devidamente.
“Deise, num rompante, pode ter falado alguma besteira sobre querer ver a família toda morta, mas que seria da boca para fora. Deise não teria motivo nem seria capaz de envenenar seus familiares”, afirmou ele, reforçando não acreditar que Deise faria isso.
Diego ainda disse à polícia que tomou conhecimento da tragédia através da televisão, no dia 24. Ele relatou ter mandado mensagem para a mãe e uma das tias, Neuza Denize Silva dos Anjos, mas não teve resposta. Posteriormente, recebeu a ligação de um vizinho de Zeli perguntando como ela estava. O administrador de empresas garantiu que, até aquele momento, não sabia que o caso do envenenamento envolvia seus familiares.
Com a ligação do vizinho, ele insistiu por contato com a família, escrevendo para outra tia, Maida Berenice Flores da Silva. Foi então que uma outra vizinha ligou para Diego e o informou que a polícia e peritos estavam na casa de Zeli. Ele chegou a falar com uma tia paterna para buscar atualizações e teve a confirmação de que as vítimas eram seus familiares. Por fim, como aponta o depoimento, o homem disse que acordou Deise para dar a notícia, e foi para Torres.
De acordo com a declaração, assim que chegou ao hospital, Diego falou com a tia Neuza e depois encontrou a mãe. Ao acompanhar um familiar à delegacia para registro de uma das mortes, o filho de Zeli contou que teve um breve depoimento gravado em vídeo por uma policial. Todavia, admitiu ter estranhado as perguntas que eram sobre a morte do pai, e sugeriam que sua mãe era suspeita de tê-lo envenenado.
Paulo Luiz dos Anjos faleceu em 3 de setembro, depois de consumir bananas e leite em pó entregues durante uma visita de Diego e Deise. O óbito não chegou a ser divulgado na época, uma vez que a causa seria por intoxicação alimentar, sem envolver suspeitas. Porém, dado o episódio do bolo, o corpo foi exumado e a perícia encontrou arsênio no organismo dele. Deise também tornou-se suspeita desta morte.
Arsênio na farinha
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) comprovou que a farinha usada no bolo continha arsênio, e que uma das vítimas apresentava uma concentração 350 vezes maior que a necessária para matar alguém.
Os sintomas de quem consumiu o doce incluíram crises de vômito, diarreia e sangramentos minutos após. Em menos de 24 horas, as irmãs Maida Berenice Flores da Silva, de 59 anos, Neuza Denize Silva dos Anjos, de 65, e a filha dela, Tatiana, de 47, morreram. Zeli, que preparou o bolo, e um neto de Neuza, de 10 anos, ficaram internados, mas já receberam alta.
Deise está presa no Presídio Estadual Feminino de Torres e responde por suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e com emprego de veneno, e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada. Ela passou por audiência de custódia no dia 6.
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