Vídeo: Mulher que ficou 5 meses presa por morte de meninos envenenados desabafa sobre ameaças que recebeu: “Diziam que iam cortar minha cabeça”

Vídeo: Mulher que ficou 5 meses presa por morte de meninos envenenados desabafa sobre ameaças que recebeu: “Diziam que iam cortar minha cabeça”

Lucélia Maria Gonçalves, que foi acusada de envenenar dois irmãos em Parnaíba, no Piauí, falou pela primeira vez após deixar a penitenciária. O crime teve uma reviravolta depois de um laudo afastar a possibilidade de ela ter sido a responsável pelas mortes das crianças. À TV Clube, afiliada da TV Globo, a mulher afirmou não conhecer a família e que chegou a ser ameaçada pelas outras detentas durante os cinco meses de prisão.

Lucélia foi presa em flagrante no dia em que os meninos, de 7 e 8 anos, foram hospitalizados, em 23 de agosto do ano passado. Os vizinhos tentaram linchá-la, mas ela foi salva pela Polícia Militar. A residência dela foi depredada e incendiada. “Passei por muito sofrimento, esse tempo todo“, lamentou. “Eles começaram a depredar [a casa] comigo ainda dentro. Eu agradeço muito a Deus e à Polícia que chegou no momento. Senão tinha morrido eu, meu filho e meu marido“, relembrou.

A mulher negou ter dado cajus envenenados aos irmãos. “De jeito nenhum. Eu nunca tive hora pra isso. Agradeço muito a Deus por meu advogado e minha família acreditarem em mim“, declarou. Ela também esclareceu que sequer conhecia os meninos ou familiares deles. “Nunca conheci não, esse homem, essa mulher, nem os meninos também“, afirmou.

O laudo pericial descartou que as frutas estivessem contaminadas com qualquer tipo de veneno. A descoberta ocorreu depois da prisão de Francisco de Assis da Costa, padrasto da mãe das crianças, identificado como o principal suspeito de outro envenenamento no primeiro dia do ano. Ele teria contaminado um prato de baião de dois, consumido por ele e outros membros da família durante o almoço de Ano Novo, que resultou em quatro mortes.

Padrasto foi preso suspeito de envenenar comida ingerida pela família (Reprodução/g1/TV Globo)

Lucélia também contou que foi ameaçada por outras detentas durante os cinco meses que ficou presa. “Eu ouvia tudo, disseram que tinha uma cabeça sobrando. Que era a minha, que iam cortar a minha cabeça. Bateu o medo. Se eu voltasse para Parnaíba, também iriam me matar. Nunca mais eu dormi. Desde que isso aconteceu na minha vida, eu nunca mais consegui dormir direito. Um pesadelo que está na minha cabeça ainda“, lamentou, emocionada.

A mulher passou pela Penitenciária Mista de Parnaíba e Penitenciária José de Ribamar Leite, em Teresina. Ela saiu da prisão por volta das 19h desta segunda-feira (13), e voltou para Parnaíba, onde moram o marido e os dois filhos. “Com fé em Deus, vou viver a vida tranquila. A vida que eu tinha antes, né? Com minha família“, completou.

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De acordo com o advogado de Lucélia, Sammai Cavalcante, a saída da prisão dela se deu por conta de uma medida cautelar de liberdade provisória. Ela ainda não foi inocentada e deverá responder ao processo. “Em relação a Lucélia, eu estou confiante ao extremo de que ela deve ser absolvida pelo Poder Judiciário do estado do Piauí“, declarou.

Lucélia foi denunciada pelo Ministério Público do Piauí (MP-PI) por duplo homicídio qualificado. A audiência de instrução e julgamento do caso está marcada para 23 de janeiro. Francisco de Assis, por sua vez, negou envolvimento nos crimes. Em nota, seu advogado afirmou que não há evidências concretas contra ele e defendeu sua inocência.

Assista à entrevista completa:



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