O ator chinês Wang Xing, conhecido por sua participação em séries como “Fox Spirit Matchmaker: Red-Moon Pact”, desapareceu após viajar para a Tailândia no dia 3 de janeiro, para o que acreditava ser um teste de elenco. Quatro dias depois, ele foi resgatado pelas autoridades tailandesas em Myanmar, e, segundo a polícia, o caso envolve tráfico de pessoas.
De acordo com o Bangkok Post, o ator, também chamado de Xingxing, foi visto pela última vez na província de Tak, fronteira com Myawaddy, em Myanmar, uma área associada a atividades criminosas e considerada um dos principais pontos de tráfico humano operado por grupos ilegais.
Wang Xing teria viajado à Tailândia após receber uma oferta para integrar o elenco de um filme. No entanto, ao chegar ao país, percebeu que havia caído em um golpe. Ele foi levado até a fronteira e forçado a participar de um esquema para enganar outros chineses. Sua namorada, Jia, foi essencial para que o caso ganhasse visibilidade, já que compartilhou informações sobre o desaparecimento nas redes sociais e denunciou a situação à polícia.
O inspetor-geral da Polícia Real Tailandesa declarou à imprensa local que, segundo as investigações preliminares, Wang Xing foi vítima de tráfico humano. Ele também ressaltou que o ator não sofreu agressões físicas nem abusos durante o período em que esteve retido.

Ao prestar depoimento à polícia, Wang explicou que toda a negociação para o suposto trabalho aconteceu por meio de um aplicativo de mensagens. O contato foi feito por um homem chinês que se apresentava como representante de uma empresa de entretenimento da Tailândia. Quando desembarcou em Bangkok, o ator foi recebido por um motorista enviado pelo golpista. Wang foi levado para Mae Sot, em Tak. Ao chegar lá, teve o cabelo raspado e foi mantido em cativeiro por quatro dias.
Em um vídeo gravado a bordo de um avião da polícia durante seu retorno a Bangkok, o ator contou que já havia participado de filmagens na Tailândia em 2018, e que por isso, não se preocupou com o trabalho, que supostamente faria agora. Só quando foi empurrado para dentro de um carro por homens armados é que ele se deu conta do que, de fato, se tratava.
Wang revelou que não estava sozinho na situação. O ator disse que ao menos 50 pessoas estavam detidas no mesmo edifício onde ele foi mantido: “Havia mais pessoas em outro prédio e elas vinham de diferentes países”.
Segundo estimativas da Rede da Sociedade Civil de Assistência às Vítimas do Tráfico de Seres Humanos, uma ONG com sede na Tailândia, cerca de 6.000 pessoas de 21 países estariam sendo mantidas em cativeiros nos centros de burla, localizados em Myawaddy. Entre as vítimas, 3.900 são chineses.
Nesta sexta-feira (17), o Ministério da Segurança do Estado da China informou que forças policiais da China e da Tailândia prenderam, em uma operação conjunta, 12 suspeitos envolvidos em fraudes internacionais. Os crimes tinham como alvo cidadãos chineses, atraídos por falsas oportunidades de trabalho. Em comunicado, o ministério reforçou o compromisso com uma “repressão rigorosa” contra golpes transfronteiriços realizados por meio de redes de telecomunicações.
Brasileiros detidos por tráfico humano em Myanmar
Luckas Viana dos Santos e Phelipe de Moura Ferreira, ambos naturais de São Paulo, foram vítimas de tráfico humano e estão detidos em Myanmar desde outubro. Os dois jovens, que moravam fora do Brasil, receberam o que parecia ser uma oferta de emprego na área de tecnologia na Tailândia.
As famílias de Luckas e Phelipe seguem em busca de respostas e apoio, enquanto os dois permanecem sob a ameaça dos traficantes. A situação alarmante dos brasileiros, que foram enganados por uma proposta de trabalho, levanta preocupações sobre a crescente rede de tráfico. Agora com o resgate de Wang Xing, as famílias recobrem suas esperanças.
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