Juliana Leite Rangel, baleada na cabeça durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na véspera do Natal, já consegue se comunicar por meio de bilhetes. A jovem de 26 anos entregou uma mensagem à mãe, Dayse Rangel, pedindo justiça. O texto foi divulgado pelo g1 nesta sexta-feira (17).
“Quero justiça. Só Deus e eu sabemos o que estou passando”, desabafou Juliana. Segundo Dayse, a filha escreveu “justiça” porque “já sabe mais ou menos o que aconteceu com ela”. Até o momento, a agente de saúde ainda não consegue se comunicar oralmente, ou seja, por meio da fala.
Veja o bilhete:

A mãe de Juliana também informou que a filha teve os antibióticos suspensos, porque não está mais com quadro de infecção. No entanto, ainda não há previsão de quando ela terá alta do CTI. A jovem está internada no Hospital municipalizado Adão Pereira Nunes desde a tragédia, em 24 de dezembro do ano passado.
Já o jornal O Globo compartilhou um segundo bilhete da vítima. A agente de saúde contou que foi elogiada por um médico pela sua evolução, e perguntou sobre a gata de estimação, Matilda.

Ao site, Dayse reagiu ao processo de recuperação de Juliana. “Estou muito emocionada. A cada dia que passa, vejo a minha filha melhor. A Juju já está se levantando da cama, com uma pessoa segurando em cada braço. E quer escrever. Me pediu um caderno, que estou levando para ela”, relatou.
Ela acrescentou que a jovem está sendo informada sobre sua situação. “A gente está começando a falar para ela mais ou menos sobre o ocorrido”, disse. A mãe também mencionou a conversa com um dos médicos responsáveis por acompanhar a filha, na qual ele disse que Juliana responde bem aos estímulos, dando retornos corretos.
“Ele falou que tentou enganar a Juliana mostrando uma porta azul e falando que era amarela. E que ela negou com a cabeça. Também distingue o lado esquerdo do direito”, explicou Dayne.
O hospital Adão Pereira Nunes ainda atualizou o quadro da agente de saúde em um novo boletim médico. De acordo com a nota, Juliana “apresenta em bom estado geral, apresentando estabilidade hemodinâmica, sinais clínicos e laboratoriais de boa resposta ao tratamento instituído para controle do quadro infeccioso”.
A direção destacou que ela continua respirando por aparelhos e segue em processo de desmame da ventilação mecânica, ficando fora do suporte durante períodos do dia. Juliana permanece “sem necessidade de sedação, despertando e interagindo com o meio, realizando fisioterapia motora e respiratória”.
“Do ponto de vista neurológico, não apresentou novos sintomas, sem novos déficits e sem necessidade de nova abordagem neurocirúrgica. A paciente segue em terapia intensiva, em acompanhamento pelo serviço de neurocirurgia, psicologia, em conjunto com equipe multidisciplinar. Sem previsão de alta do CTI”, concluiu o boletim.

Policiais prestaram depoimento e PRF se pronunciou
Os policiais rodoviários envolvidos na ocorrência prestaram depoimento para esclarecer o que aconteceu na divisão da Polícia Federal de Nova Iguaçu na manhã seguinte à abordagem. Já em uma nota, a PRF declarou que a Corregedoria-Geral da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília, determinou a abertura de um procedimento interno para apurar os fatos. Conforme a corporação, os respectivos agentes foram afastados “preventivamente de todas as atividades operacionais”.
“A PRF lamenta profundamente o episódio. Por determinação da Direção-Geral, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana. Por fim, a PRF colabora com a Polícia Federal no fornecimento de informações que auxiliem nas investigações do caso”, comunicou.
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