Juliana Leite Rangel, baleada na cabeça durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF), falou pela primeira vez após ficar um mês entubada. Ao “Fantástico” deste domingo (26), ela contou que, aos poucos, está conseguindo se recuperar e revelou que se lembra de alguns momentos do ocorrido.
A jovem levou um tiro na cabeça na véspera de Natal, quando ia com a família do Rio de Janeiro para Niterói. Ela deixou o CTI neste sábado (25), e foi para um quarto do hospital depois de passar por uma traqueostomia. “Eu quero agradecer a todos que acreditaram em mim, que eu ia voltar. Eu voltei, gente, por um milagre“, celebrou.
Juliana também agradeceu o apoio dos pais e explicou que está se lembrando aos poucos do episódio. “Não foi fácil. Eu lembro aos poucos do que aconteceu. Agora eu quero me recuperar para voltar à minha vida que eu tinha antes. Muito grata à minha família“, declarou.
A enfermeira Camila Rangel definiu a recuperação da jovem como uma “vitória”. Ana Paula Lopes, que também faz parte da equipe médica, explicou: “Ela estava muito grave. Ela teve momentos muito difíceis e ela renascia. Ela foi muito forte. Ela foi muito guerreira“.

A jovem afirmou que se lembra dos últimos momentos antes de ser atingida. “Aconteceu muito rápido. Eu tomei um tiro tentando salvar o meu irmão. Eu mandei o meu irmão abaixar, porque ele é deficiente visual. Quando fui ver se ele estava agachado, eu levei um tiro. Eu lembrei“, compartilhou.
Juliana também falou sobre punição aos policiais que quase tiraram a vida dela. “Eu quero justiça, porque eu lembro que foi policial. Eu olhei para trás. Quando você (mãe) falou que era tiro, eu não acreditei. Você e meu pai falaram que era tiro e eu mandei o Daniel (irmão) se abaixar. Eu olhei para trás pra ver quem era. Se era bandido ou outra coisa“, relembrou.
O neurologista Vinicius Mansur explicou que a recuperação de Juliana se deve ao resgate rápido e ao fato de a bala não ter ficado alojada, nem ter atingido outras partes do cérebro. “Ela teve muita sorte. Se a direção do projetil tivesse sido diferente, poderia ter pego em estruturas que mexem na respiração e nos batimentos cardíacos“, informou.
O quadro da jovem teve uma melhora significativa nos últimos sete dias. Ela conseguiu voltar a andar, tomar banho fora do leito e, recentemente, falar novamente. “Eu quero muito agradecer ao pessoal do hospital, graças a eles eu também estou aqui. Quero voltar a trabalhar, atender meus pacientes, encontrar meus amigos, contar a minha história e comer uma coxinha! A primeira coisa que eu vou fazer é ver minha sobrinha, que orou muito por mim“, completou.

Os três agentes envolvidos na ação – Leandro Ramos da Silva, Camila de Cássia Silva Bueno e Fábio Pereira Pontes – foram afastados e tiveram as armas apreendidas. Em nota, a Polícia Federal disse que “as investigações seguem em andamento, aguardando a conclusão da perícia técnica criminal do local de crime“.
Também por nota, a defesa dos três policiais rodoviários federais reafirmou o que eles disseram em depoimento: “Durante a abordagem foram ouvidos estampidos e, naquele momento, os agentes acreditaram que o barulho vinha do carro da família. Isso os levou a efetuar os disparos“.
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