Um homem confessou para a Polícia Civil (PC) que matou o filho de 6 anos anos ao dar achocolatado com sedativo e depois estrangular a criança. O crime aconteceu na última quinta-feira (30), no Espírito Santo. Fernando Nelson Neves Nascimento, de 37 anos, foi preso dois dias depois. Os detalhes do caso foram divulgados em coletiva de imprensa da polícia nesta segunda-feira (3).
A vítima, identificada como Bernardo Souza Nascimento, foi encontrada morta em cima da cama na casa dos avós, localizada no bairro Jabaeté, em Vila Velha. Segundo a PC, o suspeito revelou que o motivo para ter tirado a vida do próprio filho foi não aceitar o término do relacionamento com a esposa.
A partir dos elementos encontrados durante a perícia do corpo da criança, foi possível chegar à hipótese de que a vítima foi sedada e morreu por asfixia. Apesar disso, ainda não foi especificada a substância utilizada. A médica legista Jeane Pissara Teixeira Monteiro informou que os exames toxicológicos devem comprovar se Bernardo morreu por asfixia mecânica por estrangulamento causado pelo pai ou asfixia por causa da substância utilizada. O resultado ficará pronto em até 90 dias.
“Encontramos uma formação de grande quantidade de espuma esbranquiçada, que é encontrada em casos de afogamento e envenenamento. Só agentes específicos causam esse tipo de encharcamento dos pulmões. Também encontramos a presença de múltiplas hemorragias nos pulmões e no coração, compatíveis com falta de oxigenação. Tudo isso levanta a suspeita de envenenamento por uma substância específica. Mas ainda não temos elementos suficientes para afirmar a causa. Coletamos material no sangue e no estômago, e o laboratório está processando e fazendo uma análise minuciosa”, explicou ela.

A perícia também apontou que na cozinha, em cima da pia, foi encontrada uma caneca com achocolatado de cor compatível com o escorrimento que estava na boca da criança. “Ele era uma criança muito pequena. Então a asfixia pode acontecer sem deixar sinais físicos externos, coisa que ele não tinha. Temos a hipótese de que ele poderia estar dormindo e não ofereceu resistência”, pontuou. Além disso, outros medicamentos foram achados no local.
O suspeito foi encontrado pelos policiais no bairro República, em Vitória, a partir de imagens do cerco de segurança da capital. O homem foi preso e não ofereceu resistência durante a abordagem.
O relacionamento dos pais
Adriano Fernandes, delegado adjunto da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, declarou que Fernando não aceitava o fim do relacionamento com a mãe de Bernardo, de 42 anos. A mulher, inclusive, chegou a pedir uma medida protetiva contra o ex-parceiro.
“Ela já tinha terminado outras vezes, mas o Fernando era possessivo. Quando o casal terminava, ele perseguia a mulher, fazia violência psicológica, procurava no lugar de trabalho, na igreja. Ele prometia mudar e eles acabavam voltando. Mas no último término, em dezembro de 2024, ela procurou a delegacia, registrou boletim e falou que o Fernando ameaçava ela e as crianças”, afirmou.
No depoimento, o suspeito contou que, na véspera do crime, ele foi passar o dia na praia com a ex e o filho. O delegado acredita que uma conversa entre os pais pode ter incentivado a atitude de Fernando. “Quando voltavam para casa, o Bernardo de forma inocente disse que ele, a mãe e os outros irmãos iam se mudar. A gente não sabe se ele já estava com a intenção de matar antes ou se ele resolveu fazer isso quando ele soube que a ex ia se mudar. Estamos investigando”, falou ele.
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