A investigação sobre os crimes cometidos por Deise Moura dos Anjos segue, apesar de sua morte. Ela foi encontrada sem vida na prisão de Guaíba nesta quinta-feira (13), e respondia por quatro homicídios e duas tentativas de homicídio, em dois casos. De acordo com Fernando Sodré, chefe da Polícia Civil do RS, os inquéritos serão concluídos.
A causa da morte de Deise ainda é investigada, mas a suspeita é de suicídio, conforme informou a Polícia Penal. A suspeita era a principal envolvida no caso do bolo envenenado, que resultou na morte de três pessoas da mesma família em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, em dezembro do ano passado. Além disso, a investigação também apura o possível envolvimento de Deise no envenenamento de seu sogro, Paulo Luiz dos Anjos, que morreu em setembro de 2024.
Paulo faleceu após ingerir bananas e leite em pó levados à sua casa pela nora. Além disso, investiga-se uma tentativa de homicídio, já que Zeli, outra pessoa que consumiu os mesmos alimentos, sobreviveu.
“A interferência que há [na investigação] é, como a gente fala no Direito Penal, a extinção da punibilidade por morte do agente. Ela não vai responder pelas fatos que praticou, porque está em óbito, mas a investigação continua até o final. Temos que esclarecer todas as circunstâncias do fato criminoso”, explicou Sodré.

O Chefe da Polícia Civil do RS também indicou que a previsão para o envio do inquérito ao Judiciário é dia 20 de fevereiro, data que marca o fim do prazo da prisão temporária da investigada.
O delegado Marcos Vinícius Veloso, que coordena a investigação, informou que os inquéritos sobre os dois casos estavam em fase final e, com a morte de Deise, os relatórios serão enviados ao Judiciário sem alterações: “Estávamos em fase de término, elaborando o relatório final deste inquérito. É um inquérito robusto, com mais de mil páginas de provas contundentes da participação da mulher que foi encontrada morta hoje no cometimento de quatro homicídios e quatro tentativas de homicídio”.
Relembre o caso
Em dezembro, três mulheres morreram após ingerirem um bolo envenenado com arsênio em Torres. As vítimas foram Maida Berenice Flores da Silva, Neuza Denize Silva dos Anjos, e Tatiana Denize Silva dos Anjos, filha de Neuza.
Segundo a Polícia Civil, as vítimas e outros membros da família estavam reunidos para um café da tarde quando começaram a passar mal após comer o bolo. Zeli dos Anjos, que preparou o doce em Arroio do Sal e levou-o para Torres, também foi hospitalizada, mas recebeu alta.
As três mulheres faleceram em poucas horas. Tatiana e Maida sofreram parada cardiorrespiratória, enquanto a causa da morte de Neuza foi definida como “choque pós-intoxicação alimentar”. Uma criança de 10 anos, que também ingeriu o bolo, conseguiu sobreviver.

“O principal alvo dela era a Zeli. Ela estava no dia 2 de setembro, quando ela fez o café com leite em pó e tudo mais, junto com seu marido, e também estava no local em que Zeli fez o bolo em Arroio do Sal e ela também consumiu o bolo e também foi para o hospital”, disse o delegado Veloso.
Morte do sogro também é investigada
Após o caso do bolo ser revelado, as investigações da polícia se expandiram para a possível morte de Paulo Luiz dos Anjos, sogro de Deise, que faleceu em setembro de 2024. A princípio, a causa de sua morte foi atribuída a uma intoxicação alimentar, mas, após a exumação do corpo, exames confirmaram que ele ingeriu arsênio antes de falecer.
Paulo Luiz morreu de uma infecção intestinal após consumir bananas e leite em pó fornecidos por sua nora, Deise. A polícia agora investiga se esse caso também foi uma tentativa de envenenamento.
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