Justiça de SP toma decisão em caso de mãe e filha agredidas em voo após exigirem assento comprado

Justiça de SP toma decisão em caso de mãe e filha agredidas em voo após exigirem assento comprado

A Justiça de São Paulo condenou, nesta quarta-feira (5), a companhia aérea Gol a indenizar mãe e filha em R$ 10 mil cada, após as duas serem vítimas de agressões físicas e verbais em um voo da empresa em fevereiro de 2023. As mulheres foram agredidas ao exigirem sentar na poltrona que haviam comprado, mas que estava ocupada por outra passageira.

A decisão, publicada pela 4ª Vara de Cubatão (SP), determina o pagamento por danos morais, mas ainda cabe recurso.

A confusão com as vítimas, que na época tinham 42 e 19 anos, começou quando elas embarcaram no avião, que ia de Salvador para capital paulista, e perceberam que uma mulher, que segurava no colo seu filho com deficiência, estava ocupando um de seus assentos na janela. Ao solicitarem que ela desocupasse o lugar, passaram a ser xingadas. Familiares da passageira que estava na poltrona errada ofenderam as vítimas, e as agressões evoluíram para uma briga generalizada.

Todos os envolvidos foram retirados do voo. Vídeos da discussão foram postados nas redes sociais, viralizaram e um áudio de um comissário de bordo, obtido com exclusividade pelo g1, mostra ele culpando mãe e filha pelo desentendimento. “Toda essa confusão começou por conta de uma passageira que não teve empatia com outra passageira que tem um filho com deficiência“, diz ele.

Ferimentos das vítimas após a briga generalizada. (Foto: Reprodução/Documento TJ-SP)

A decisão favorável às vítimas foi deferida pelo juiz Sérgio Castresi de Souza Castro. Ele destacou que mãe e filha tinham o direito de usufruir do que pagaram — no caso, a poltrona na janela — e que cabia à Gol impedir que outros passageiros ocupassem assentos incorretos.

Se o menor que estava no colo da passageira que ocupava irregularmente a poltrona da autora possui alguma espécie de limitação ou doença física, competia aos próprios pais ou responsáveis legais e, quiçá, à companhia aérea ré, garantir-lhe um assento adequado antes do voo, adquirindo a poltrona desejada, sem ferir direito de terceiros“, escreveu o magistrado.

Continua depois da Publicidade

O juiz também ressaltou que a omissão da companhia aérea diante da repercussão do caso nas redes sociais levou o público a culpar as vítimas pela situação. “Os tripulantes do voo tinham o dever de alertar todos os passageiros para ocuparem os assentos indicados em seus bilhetes, evitando o agravamento da discussão. No entanto, nada fizeram e só intervieram quando a discussão inicial já havia se transformado em uma briga generalizada dentro do avião, colocando em risco a integridade de outros passageiros e a própria segurança do voo”, pontuou.

Já Josiane Moraes, advogada das vítimas, destacou, segundo o g1, que a decisão tem grande importância para a sociedade porque “mostra que cada cidadão ocupa um espaço com direitos e deveres, e, no caso da companhia aérea Gol, ao deixar de cumprir seu dever, atingiu direitos de terceiros“.

Assista os vídeos da confusão:



Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques

Artigos Recomendados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

jiliko