A Polícia Civil de São Paulo descartou a participação de Carlos Alberto Souza na morte de sua filha, Vitória Regina, de 17 anos. O esclarecimento foi feito durante uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (10), após investigações apontarem que não há indícios que liguem o pai da jovem ao crime. A decisão veio depois de Carlos Alberto ter sido citado na lista de suspeitos devido a um “comportamento estranho” e um pedido de terreno feito ao prefeito de Cajamar logo após a confirmação da morte da filha.
O delegado Luiz Carlos do Carmo, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro), explicou que todas as pessoas próximas à vítima foram investigadas. “A equipe de investigação tem que conduzir esse processo de forma imparcial. E assim teve início a investigação a partir das pessoas que estavam próximo à vítima, como o pai, o namorado. Nós fizemos a investigação de todas essas pessoas. A partir de todas as diligências iniciais, de imediato se descartou que o pai esteja envolvido nesse crime. Então gostaria de dizer que não existe investigação contra o pai da vítima”, afirmou.
Em entrevista a Roberto Cabrini exibida neste domingo (9), no “Domingo Espetacular”, Carlos Alberto se mostrou “surpreso” com o fato ter sido colocado na lista e mostrou as últimas mensagens trocadas com a adolescente antes do crime. Questionado sobre como recebeu a notícia, ele declarou: “Com muita surpresa. Qual é o pai insano que vai querer a morte de sua filha? Nunca ninguém me perguntou nada sobre ligações. Qual é o pai que não tenta falar com a filha quando ela desaparece? Liguei várias vezes mesmo“.
O pai da jovem ainda revelou que já perdeu um filho, em um acidente de moto, próximo à casa onde a família mora, em uma zona rural de Cajamar. A morte de mais um filho teria sido motivo para ele pedir um terreno à prefeitura. “Eu cheguei a falar com o prefeito, sim, que se ele conseguisse qualquer lugar para eu ir, eu queria ir, porque já perdi dois filhos aqui“, lamentou.
Carlos Alberto afirmou que estava com o “coração partido” por ser considerado um dos suspeitos. “Cada vez mais, fico com o coração mais partido. Porque essa desconfiança e eu sendo pai dela“, relatou ele, que garantiu não ter “nada a esconder“. Assista à entrevista, clicando aqui.

Outros suspeitos seguem sob investigação
A polícia já prendeu o primeiro suspeito de envolvimento no crime. Maicol Antônio Sales dos Santos, de 27 anos, foi detido no sábado (8), após a Justiça aceitar o pedido de prisão preventiva feito pelos investigadores. Segundo o inquérito, ele é dono do Toyota Corolla que perseguiu Vitória minutos antes do desaparecimento, na madrugada de 27 de fevereiro, em Cajamar, onde foi encontrado sangue da vítima. “Nós demos um grande passo com a prisão do Maicol, que é um dos autores que praticou essa barbárie, a degola, as facadas, a tortura”, disse Carmo.
Além de Maicol, a polícia também investiga dois outros suspeitos: Gustavo Vinícius Moraes, ex-namorado de Vitória, e Daniel Lucas Pereira, um conhecido da família da vítima. O delegado Aldo Galiano, seccional de Franco da Rocha, apontou que Gustavo pode ter envolvimento com um indivíduo ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), o que pode ter relação com o crime.
Já Daniel, segundo a polícia, monitorou os passos de Vitória antes de seu desaparecimento. Imagens encontradas no celular do suspeito mostram que ele gravou, dias antes, vídeos do trajeto da jovem ao descer do ônibus e caminhar até sua casa. O delegado Carmo afirmou que a investigação tenta entender se essas gravações faziam parte do planejamento do sequestro. “Daniel permanece como suspeito em razão de que temos aqui o celular dele apreendido. No aparelho, tem imagens feitas dias antes no local onde a vítima desceria. Foi gravado no celular dele. Poderia ser uma filmagem já preparando o arrebatamento”, disse.

Durante a semana, a polícia deve periciar os celulares dos suspeitos. “Nós temos a apreensão de dez aparelhos celulares. Foram coletados os laudos de extração de dados e o cruzamento de linhas telefônicas. Quem falou com quem e onde estava? Isso são provas materiais, provas técnicas, que não vão deixar dúvida quanto à autoria delitiva desses criminosos. Por quê? Alguém falou com eles. Alguém estava com eles”, afirmou Carmo.
A polícia já ouviu 18 pessoas no decorrer da investigação e segue reunindo provas técnicas para esclarecer a autoria do crime. O objetivo agora é definir exatamente quem participou do assassinato e qual foi a motivação do crime.
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