Nesta terça-feira (11), veio à tona a última conversa entre Matheus Henrique Gomes de Toledo, piloto de 25 anos que morreu em um acidente aéreo em uma aldeia indígena de Peruíbe, no litoral de São Paulo, e sua mãe. A captura de tela da troca de mensagens foi divulgada pelo g1.
O avião de pequeno porte, modelo Cessna 150J, caiu no domingo (9) na Terra Indígena Piaçaguera, em uma área que faz limite com Itanhaém – cidade da qual a aeronave decolou.
Minutos antes da tragédia, Matheus trocou mensagens com sua mãe, Tais Elena de Souza Gomes, que relatou ter visto o filho pilotando uma aeronave naquela mesma tarde.
— Você está com o STS? [prefixo da aeronave] — perguntou Tais.
— Sim, fui eu que passei aí. Duas vezes — respondeu Matheus.
— Você me viu? Eu dei com a mão. Eu vi tudo — disse a mãe, relatando ter acenado para o filho.
— Eu vi. Risos — respondeu ele.
Veja abaixo:

A advogada Tais Elena contou que mora em uma região de Itanhaém onde é possível avistar os aviões do aeroclube. Por isso, costumava ir até o quintal sempre que ouvia o barulho das aeronaves, acenando para os pilotos na esperança de que seu filho estivesse a bordo.
“Eu ficava igual uma boba. Todos os aviões que passavam, independentemente de quem fosse, eu imaginava que poderia ser meu menino dentro. Então eu saía da casa, subia em um deck que eu tenho aqui, uma piscina, e ficava acenando lá para cima, dando tchau para ver se ele me via”, contou ela ao g1.
No dia do acidente, Tais acenou para um avião pilotado por Matheus e, mais tarde, descobriu que ele realmente havia visto o gesto, pois enviou uma mensagem confirmando. A troca de mensagens aconteceu por volta das 13h30. O último envio feito por Matheus foi às 16h09, cerca de duas horas antes da queda. A aeronave que Tais avistou mais cedo não era a mesma envolvida no acidente, já que o avião que caiu tinha o prefixo PT-AKY.
Acidente
O avião caiu por volta das 17h50 de domingo (9). O voo era de instrução, e o aluno que acompanhava Matheus sobreviveu. As causas do acidente ainda estão sendo investigadas pelas autoridades.
Segundo Tais, a experiência do filho como piloto foi determinante para salvar a vida do aluno. “Meu filho foi um herói. Ele salvou o aluno dele, que estava viajando e sobreviveu”, disse a mulher. Ela ressaltou, ainda, que Matheus era extremamente habilidoso em pousos: “Era quase perito, pousava o avião sem tranco”.
Por esse motivo, a família acredita que o acidente foi causado por alguma falha mecânica. “Espero sinceramente que a Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] faça a investigação do que houve, de fato. Posso quase apostar que não houve falha humana”, enfatizou.
Para Tais, o aluno sobrevivente será uma testemunha do talento do filho como piloto. “Vai poder contar o que houve lá em cima, o que aconteceu para que chegasse ao ponto de ter um pouso forçado dessa natureza. Não é uma coisa normal, ninguém pousa forçado manualmente porque quer”, finalizou.
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