Influenciadora e marido são presos suspeitos de deformar pacientes em GO, e delegado aponta possível descoberta

Influenciadora e marido são presos suspeitos de deformar pacientes em GO, e delegado aponta possível descoberta

Os influenciadores e donos de clínica de estética, Karine Gouveia e o marido, Paulo César Dias, foram presos preventivamente nesta quarta-feira (12). Segundo o delegado Daniel de Oliveira, as autoridades descobriram que o casal utilizava substâncias proibidas, como óleo de silicone e PMMA, em procedimentos estéticos e cirúrgicos de alto risco. A defesa deles nega.

Os dois são suspeitos de causar deformações em pacientes em sua clínica de estética localizada em Goiânia. A prisão ocorreu cerca de um mês após a liberação do casal, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Karine e Paulo enfrentam uma série de acusações, como formação de organização criminosa, falsificação de produtos terapêuticos, lesões corporais gravíssimas, exercício ilegal da medicina, estelionato, entre outros crimes relacionados à realização de procedimentos estéticos e cirúrgicos sem a qualificação técnica necessária, e a devida autorização legal.

Os procedimentos eram efetuados de forma indevida e com o uso de substâncias proibidas como óleo de silicone e o PMMA, além da comercialização ilegal de medicamentos manipulados e substâncias proibidas pela Anvisa“, apontou o delegado Daniel de Oliveira, que cuida do caso. Ao g1, o advogado de Paulo rebateu a declaração, pontuando que todos os procedimentos feitos na clínica de estética seguiram protocolos rigorosos. “Jamais foi utilizada qualquer substância proibida em qualquer cliente, muito menos óleo de silicone”, declarou Tito Amaral.

“A prisão é absurda e desnecessária. A Polícia Civil está inventando, está criando, está fazendo um verdadeiro show de horrores, induzindo a erro o Ministério Público e o Poder Judiciário”, acrescentou ele.

A equipe jurídica da empresária também se pronunciou: “Não existe relatório final da autoridade policial. Não existe denúncia feita pelo Ministério Público. Ela tem o direito do devido processo legal justo. Se tem essa convicção, inclusive antecipando a culpa dela, que relate o inquérito e o MP ofereça denúncia. Ela exercerá o direito de defesa dela”. 

Entenda o caso

Karine Gouveia e Paulo César Dias Gonçalves haviam sido presos em dezembro de 2024, em uma operação da Polícia Civil que investigava procedimentos estéticos e cirúrgicos que causaram danos a pacientes. Além do casal, mandados de prisão, busca e apreensão também foram cumpridos em relação a técnicos que atuavam na clínica supostamente sem a formação adequada.

A acusada passou mal após ser presa. (Foto: Reprodução / TV Globo)
De acordo com a defesa, a acusada passou mal após ser presa (Foto: Reprodução / TV Globo)

Na ocasião, a defesa de Karine e Paulo declarou à TV Anhanguera que a clínica possuía toda a documentação necessária para funcionar, os procedimentos estavam de acordo com a lei e o local seguia os padrões exigidos pela Vigilância Sanitária. No entanto, a polícia refutou essas alegações, e afirmou que a clínica possuía um alvará apenas para procedimentos de classe estética, ou seja, procedimentos minimamente invasivos.

Além da falta de qualificação profissional dos envolvidos, a investigação revelou que os materiais e produtos usados nos procedimentos eram inadequados. Mandados também foram cumpridos em Anápolis, cidade a 55 km de Goiânia. As contas bancárias, bens e valores do casal foram bloqueados, com R$ 2,5 milhões apreendidos, além de um helicóptero avaliado em R$ 8 milhões.

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Formação acadêmica

Em um áudio divulgado pela Polícia Civil, a influenciadora afirmava a uma pessoa que é formada em biomedicina. No entanto, o delegado explicou que Karine mentiu, já que não possui formação na área da saúde. O Conselho Regional de Biomedicina da 3ª Região apontou que a influencer não foi registrada como biomédica: “Como a referida pessoa não consta em nossos registros, não é possível assegurar que ela tenha formação em biomedicina”.

Karine falou para as vítimas que é biomédica. (Foto: Divulgação / Polícia Civil)
Karine falou para as vítimas que é biomédica. (Foto: Divulgação / Polícia Civil)

No áudio, Karine afirmou ter se formado em Londrina, no Paraná, mas não mencionou o nome da universidade. A polícia acredita que o áudio reforça as denúncias de vítimas que afirmaram que a empresária se apresentava como uma profissional qualificada, apesar de não ter a formação necessária.

Soltos em fevereiro

O casal chegou a ser solto em fevereiro por decisão do Superior Tribunal de Justiça. Na ocasião, a ministra Daniela Teixeira argumentou que a manutenção da prisão era “desproporcional”, e apontou que outros investigados no caso já haviam sido liberados. A conclusão atendeu ao pedido da defesa, que alegou que Karine e Paulo não representavam mais uma ameaça às investigações, e que ambos são pais de uma criança de 7 anos, que havia sofrido um acidente grave de carro e precisado passar por uma cirurgia.

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Leia a íntegra a nota de defesa de Paulo

“Trata-se de uma prisão absurda, desnecessária, conforme já decidiu o STJ. É uma prisão que não tem o menor fundamento. A Polícia Civil está inventando, está criando, está fazendo um verdadeiro show de horrores, induzindo a erro o Ministério Público e o Poder Judiciário. Essa decisão será revertida imediatamente, seja pelo Tribunal de Justiça, seja pelo STJ, se não conseguirmos a reversão dela aqui em Goiás. Então, nós estamos absolutamente tranquilos com relação a isso e reafirmamos, os abusos que estão sendo cometidos pela autoridade policial e, com relação a isso, também estamos tomando todas as providências, perante os órgãos correcionais, perante o controle externo da atividade policial e perante a Ordem dos Advogados do Brasil”.



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