Maicol Sales dos Santos confessou, em depoimento gravado no dia 17 de março, que matou Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, por medo de perder a esposa. O vídeo do interrogatório, divulgado pelo SBT nesta sexta-feira (21), mostra o momento em que Maicol admite o crime e tenta justificar sua motivação. Segundo ele, a adolescente ameaçava contar à mulher dele sobre um suposto relacionamento entre os dois. A versão apresentada, no entanto, contém contradições e segue sob análise.
“Sim, me preocupava”, respondeu Maicol ao ser questionado se sentia receio de algo. Indagado sobre qual era seu maior medo, ele foi direto: “De perder minha esposa”. Ele contou que dirigia por Cajamar, na Grande São Paulo, quando viu Vitória caminhando para casa. De acordo com seu relato, os dois conversaram, ela entrou no carro e, em certo momento, ele pediu que ela não falasse nada sobre o relacionamento. Ainda segundo o depoimento, a adolescente teria reagido com agressividade, o que o levou a atacá-la com uma faca que carregava no veículo.
Maicol afirmou que o crime foi rápido. Segundo ele, os golpes no pescoço e no peito foram fatais. “Vitória não chegou a gritar, porque os dois golpes foram muito rápidos, chegando a desfalecer logo após o segundo golpe. Tudo foi muito rápido, entrou em desespero e seguiu sentido à sua casa”, descreveu no interrogatório.
Entretanto, o laudo do Instituto Médico Legal apontou três perfurações no corpo da vítima, o que contradiz a versão do acusado. Outro ponto que levanta dúvidas nas investigações é a localização do corpo. Maicol disse que enterrou a adolescente em um lugar diferente daquele onde ela foi encontrada. A polícia acredita que ele possa ter se confundido por causa do estado emocional, mas aguarda os laudos para confirmar essa hipótese.

Após cometer o crime, o acusado contou que voltou para casa com o corpo no porta-malas, pegou uma enxada e foi até uma estrada de terra onde cavou uma cova. A faca usada no assassinato, segundo ele, foi jogada em um rio e ainda não foi recuperada.
Maicol também é investigado por perseguir a vítima. De acordo com a Polícia Civil, ele era vizinho de Vitória e monitorava seus passos pelas redes sociais desde o final do ano passado. No celular do suspeito, foram encontradas imagens e informações da jovem que indicam comportamento obsessivo. A polícia o classificou como um “stalker”.
O sequestro
Vitória desapareceu na noite de 26 de fevereiro, após sair do trabalho em um shopping de Cajamar e seguir seu trajeto habitual para casa. Imagens de câmeras de segurança mostram que a jovem foi abordada por dois homens em um carro enquanto aguardava o ônibus. Desconfiada, ela chegou a enviar mensagens para uma amiga relatando o incômodo com a atitude deles.

Momentos depois, outros dois homens se aproximaram e ficaram no mesmo ponto. Os três embarcaram no ônibus, mas, segundo a jovem, desceram antes dela. O motorista do coletivo confirmou que Vitória desceu sozinha em uma estrada de terra no bairro Ponunduva, onde morava com a família. Esse foi o último local onde foi vista.

Câmeras de segurança registraram o veículo de Maicol, um Toyota Corolla prata, circulando pela área onde Vitória desapareceu. Segundo as investigações, ele teria seguido a vítima até o ponto de ônibus e a sequestrado quando desceu do transporte.
A Polícia Civil aponta que Vitória foi mantida em cativeiro antes de ser assassinada. Segundo laudos preliminares, ela foi torturada e teve os cabelos raspados. O corpo foi encontrado uma semana depois, em uma área de mata em Cajamar.
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques