Hédio Silva, advogado que representa Juliana Oliveira, afirmou que a comediante e ex-assistente de palco pediu apoio ao SBT antes de denunciar Otávio Mesquita por estupro. Em entrevista ao Splash UOL, publicada nesta quinta-feira (27), Silva disse que Juliana “não teve a resposta que esperava” da emissora. O advogado pontuou que cada pessoa tem um tempo diferente para fazer uma denúncia.
Na representação criminal ao Ministério Público de São Paulo, a defesa cita o episódio do programa “The Noite”, exibido em 25 de abril de 2016. Mesquita entra suspenso por cabos e de ponta-cabeça no palco, e ao ser ajudado por Juliana, apalpa os seios dela e a região íntima, diante das câmeras. Depois, já de pé, a prende com as pernas, simula uma relação sexual, a empurra no sofá e segue com movimentos sugestivos.
Para Silva, a ex-assistente de palco foi alvo de atos libidinosos sem consentimento. Ele afirmou que a jurisprudência atual aponta que “a prática de atos libidinosos configura estupro”, ainda que não haja penetração. “Lei passou por reformulação em 2009. O judiciário tem reconhecido o estupro mesmo quando a pessoa não toca na vítima, por exemplo“, declarou.
“Quando vi o vídeo, eu fiquei estupefato. Como alguém grava um vídeo daquele jeito? É um sentimento de impunidade. Ele aproxima as partes íntimas da boca dela, joga a Juliana no sofá… Quase quatro minutos de agressão. Ela reage, dá tapa, chuta, protesta. Depois, o Danilo Gentili a chama de volta para o palco, ela volta constrangida. Ela saiu com a noção exata de que foi violentada, mas não entendia a gravidade. Quando me contratou, analisei o material e disse: ‘Isso foi estupro com tudo gravado’. Ele ainda confessa no final ao se referir aos seios de Juliana como ‘durinho’. É uma violência sem tamanho“, pontuou.

A defesa também pontuou que cada pessoa possui um tempo diferente para denunciar, e que isso é reconhecido pelas cortes de Justiça. Silva também contou que Juliana procurou apoio do SBT, mas não obteve apoio. “No último trimestre de 2024, ela levou a questão ao conhecimento da emissora, mas não teve a resposta que esperava. Isso adoece a pessoa. E entra o componente racial, a ideia de que o corpo da mulher é público“, concluiu. Por enquanto, a emissora não se pronunciou.
Mesquita se defendeu
Em vídeo nas redes sociais, o apresentador rebateu a denúncia e afirmou estar “chateado”. Ele ressaltou que tudo não teria passado de uma “brincadeira” combinada de maneira “informal”, mas se desculpou pelo ocorrido. Mesquita ainda falou que, após 10 anos do episódio ser exibido, “não houve nenhum registro de desagravo ou reclamação“.
Ainda assim, ele se desculpou e disse que o comportamento não seria tolerado nos dias de hoje. “Vendo o vídeo com um olhar dos tempos atuais, sei que não repetiria. Naquela época, podia brincar muito. Mas a distância entre o que aconteceu no palco e um estupro é gigantesca“, declarou. “Lamento profundamente! Nunca nos meus 40 anos de TV, passei por uma situação assim, nunca tive problema algum em nenhuma das emissoras que trabalhei, e ainda mais nesse tema“, ressaltou na legenda.

Juliana não se manifestou publicamente. Além de Silva, ela também é representada por Silvia Souza. Os advogados afirmaram que a comediante lutou ativamente para se desvencilhar do apresentador, reagindo com tapas e chutes. A defesa também argumentou que a exibição em rede nacional agravou a violência.
“Juliana inicialmente acreditava ter sido vítima de assédio, mas depois entendeu a gravidade dos fatos. O tempo não pode ser escudo para a impunidade“, concluíram.
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