[Alerta de gatilho: conteúdo sobre violência contra a mulher] Uma advogada de 28 anos acusa o jogador francês Dimitri Payet, do Vasco da Gama, de violência física, psicológica, moral e sexual. Larissa Natalya Ferrari afirma que manteve um relacionamento extraconjugal com o atleta entre setembro de 2024 e março de 2025 e que, ao longo desse período, foi vítima de diversas agressões motivadas por crises de ciúmes.
Segundo o g1, os registros de ocorrência foram feitos na Delegacia de Atendimento à Mulher de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e na Polícia Civil do Paraná, onde ela também solicitou medida protetiva de urgência. De acordo com os boletins de ocorrência, os episódios de violência teriam ocorrido entre os dias 25 de janeiro e 6 de fevereiro deste ano.
À polícia, Larissa afirmou que “foi agredida por Dimitri Payet, deixando marcas em seu corpo”. Em entrevista à jornalista Fábia Oliveira, a advogada detalhou os supostos episódios: “Ele me fazia acreditar que eu era culpada e merecia ser punida. E eu acreditava. Só fazendo terapia eu percebi que eu não merecia. Nesse dias das agressões, ele me segurou pelo braço e pelo pulso, me empurrava, tentando me afastar, e se tornava cada vez mais agressivo”.
Ela ainda relatou que o jogador utilizava expressões como “punição” para justificar atos de humilhação, e disse ter sido obrigada a realizar atos degradantes, como beber a própria urina, lamber o chão, lamber o vaso sanitário e beber a água do vaso.
“Eu cheguei a fazer sim [beber urina], foi quando ele sentiu ciúmes do Paulinho, do Palmeiras, e para provar meu amor, ele queria que eu me humilhasse para ele”, contou Larissa. Ela afirmou também que o meio-campista pisava em seu rosto, pernas e cabeça, além de deixá-la com hematomas, que foram fotografados e incluídos na denúncia apresentada às autoridades.
Em uma das declarações à polícia, Larissa disse que Payet usava “chantagem emocional para ganhar vantagem sexual” e que o comportamento se intensificava sempre que ele demonstrava ciúmes. “Na relação sexual, ele passou a me bater, pisar no meu rosto, no meu corpo. Eu ficava receosa de falar algo, porque eu sabia que aquilo era uma punição por eu ter errado e se eu não aceitasse a punição, eu poderia perder ele. Então, é, eu acabava aceitando”, afirmou.
Segundo Larissa, o primeiro episódio de violência ocorreu após uma amiga dela publicar uma foto de cortesia para um jogo do Vasco, sem citar o nome de Payet. “Ele ficou muito bravo comigo. Foi a primeira vez que ele me ofendeu bastante, usou pressão psicológica comigo e foi a primeira vez que a gente discutiu”, contou ao g1. A partir de então, ela diz que o jogador passou a agir com violência de forma recorrente.
Larissa também revelou que sofre de transtorno de personalidade borderline e que o jogador sabia da sua condição psicológica. “Dimitri sabia da minha paixão e de problemas psicológicos, usando isso contra mim. Dimitri me convenceu a colocar minha cabeça no lixo, no vaso sanitário, me fez tomar minha própria urina e outras bizarrices sexuais”, declarou.

Ela afirma que, por conta do trauma, deixou o Rio de Janeiro, está em tratamento psiquiátrico, toma remédios controlados e faz acompanhamento com psicólogos. “Eu só percebi agora, em março, quando eu estava fazendo tratamento e durante uma sessão de terapia a psicóloga me falou que eu não podia aceitar essas coisas, que isso não poderia ser tratado com normalidade”, afirmou.
A advogada é torcedora do Vasco desde a infância e relatou que o primeiro contato com Payet aconteceu pelo Instagram, quando o jogador pediu seu número de WhatsApp. Os dois passaram a se encontrar pessoalmente e iniciaram o relacionamento, apesar de ele ser casado há 18 anos e pai de quatro filhos.
A Polícia Civil do Paraná informou que o caso foi registrado na cidade de União da Vitória e encaminhado para a Polícia Civil do Rio em 3 de abril. O jogador ainda não prestou depoimento. A defesa de Payet e o clube Vasco da Gama não se manifestaram até o momento.
Como denunciar um caso de abuso sexual, estupro e/ou agressão?
No Brasil, o serviço Disque 100 é um número do Governo Federal que dá orientações e registra casos de violação de Direitos Humanos. Funciona diariamente, das 8h às 22h. As mulheres que estejam passando por situação de violência física, psicológica ou sexual, também podem procurar a Central de Atendimento à Mulher, no Disque 180. O telefone funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A denúncia ainda pode ser feita através do formulário disponível em https://ouvidoria.mdh.gov.br.
Vítimas de estupro também podem procurar hospitais para prevenção de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Caso o intuito seja denunciar, é importante buscar uma delegacia especializada em atendimento a mulheres ou a mais próxima do local.
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