O ator e cineasta francês Gérard Depardieu foi condenado a 18 meses de prisão, nesta terça-feira (13), após ser acusado de agredir sexualmente duas mulheres, na França. Segundo a agência de notícias Associated Press (AP), a Justiça ainda lhe impôs dois anos de inabilitação para exercer cargos públicos e a inscrição do nome do ator no registro de delinquentes sexuais.
A solicitação para incluir o francês no cadastro de criminosos sexuais partiu da Promotoria. Conforme a condenação do tribunal correcional de Paris, Depardieu não cumprirá a pena imediatamente. Ele também terá de ressarcir as vítimas em 29 mil euros, o equivalente a 183 mil reais.
A primeira denúncia foi feita em fevereiro por uma decoradora que trabalhou no set de filmagem de “Les Volets Verts”, de Jean Becker. Ela acusou Depardieu de agredi-la sexualmente em 2021. Um mês após a queixa, a denunciante relatou ao site Mediapart que o ator teria feito comentários indecentes, e depois a “agarrou brutalmente” e “esfregou sua cintura, a barriga, até os seios“.
A segunda mulher, uma ex-assistente de direção, também afirmou à polícia que o cineasta a assediou. Segundo ela, que tinha 24 anos na época, o francês usou “palavras indecentes” em sua mansão, em Paris, por ocasião das filmagens de “Le Magicien et les Siamois”, do diretor Jean-Pierre Mocky.

Em março do ano passado, a atriz Anouk Grinberg afirmou à AFP que os produtores sabiam do comportamento de Depardieu. O francês, por sua vez, chegou a negar ambas as denúncias em um artigo publicado no “Le Figaro”, em outubro de 2023.
“Não posso mais consentir com o que ouço, com o que leio sobre mim há vários meses. Achei que não me importava, mas não, na verdade não. Tudo isso me afeta. Pior ainda, me desanima. Nunca, jamais abusei de uma mulher […] Nunca houve qualquer constrangimento, violência ou protesto entre nós. Se ela estava sob influência, foi sob influência dela“, declarou.
Durante o julgamento de quatro dias, em março, Depardieu também rejeitou as acusações. Ele reconheceu que havia usado uma linguagem vulgar e sexualizada no set de filmagem e que agarrou os quadris de uma vítima durante uma discussão, mas negou que seu comportamento fosse sexual.
O advogado do cineasta, Jérémie Assous, anunciou na segunda-feira (12) que ele estaria presente durante a leitura do veredicto, mas o ator não compareceu ao tribunal por estar trabalhando em uma nova produção, em Portugal. Assous pediu a absolvição de seu cliente, o qual considera vítima de “perseguição“, e qualificou as denunciantes como “contadoras de histórias” a serviço de uma “organização de feministas raivosas“.
Para o Ministério Público, as denunciantes eram “mulheres em situação de inferioridade social” diante de um ator que “goza de notoriedade, de uma aura e de um status monumental no cinema francês“. Este foi o primeiro grande processo na França que esteve relacionado ao movimento #MeToo, que denunciou o sexismo, a violência e a misoginia no entretenimento.
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