No décimo dia do julgamento de Sean “Diddy” Combs, que responde por extorsão e tráfico sexual, novas revelações sobre seu desentendimento com Kid Cudi vieram à tona. Em depoimento nesta terça-feira (27), a ex-assistente do rapper, Capricorn Clark, afirmou que Diddy ameaçou o rapper de morte após descobrir um envolvimento dele com Cassie Ventura, ex-parceira de Combs.
Segundo Clark, Cassie costumava passar algumas noites em seu apartamento em Los Angeles e, em uma dessas ocasiões, levou Cudi até o local. Temendo que o relacionamento fosse descoberto, Clark aconselhou Cassie a apagar as mensagens trocadas com o artista, já que Diddy tinha o hábito de confiscar o celular das duas. Para evitar que o rapper descobrisse o caso, a assistente chegou a acompanhar Cassie na compra de um celular descartável.
No entanto, na manhã de 22 de dezembro de 2011, Diddy apareceu de surpresa no apartamento de Clark, demonstrando comportamento agressivo. De acordo com a ex-funcionária, ele estava armado e batia violentamente na porta. Ao abrir a porta, ela foi confrontada com a pergunta: “Por que você não me contou? Quem é Scott?”. Combs fazia referência ao nome verdadeiro de Cudi, Scott Mescudi.

Clark alegou não conhecer ninguém com esse nome, mas afirmou que Diddy insistiu e passou a fazer ameaças ao artista. “Vamos matar esse preto”, teria dito o rapper, utilizando a gíria racial “n*gga”, derivada da palavra “nigger” em inglês. O termo, comumente usado em contextos racistas, foi citado no tribunal por sua conotação violenta.
Na sequência, Diddy entrou em um Cadillac Escalade preto com Clark, sentando-se ao lado dela no banco de trás com a arma no colo. Um segurança, identificado apenas como Ruben, os acompanhava. O trio seguiu até a casa de Cudi, localizada em Hollywood Hills, a cerca de 20 minutos da residência de Clark.
A assistente contou que Diddy e Ruben entraram na casa de Cudi, enquanto ela permaneceu do lado de fora. Assustada com a situação, Clark usou o celular descartável para alertar Cassie e alterou o nome da cantora na agenda do telefone, tentando despistar Diddy.
Desconfiado, o rapper pegou o aparelho e ligou para o último número discado. Foi nesse momento que Kid Cudi chegou em casa dirigindo e foi reconhecido por Diddy. Eles deixaram o local ao perceberem a aproximação da polícia.

Durante o depoimento, Clark afirmou que, depois do ocorrido, foi instruída por Diddy a convencer Cudi a não relatar o episódio às autoridades. Mais tarde, ela buscou Cassie e voltou com ela até a residência de Cudi para reforçar o pedido. Clark teria dito que, se ele falasse com a polícia, Diddy “machucaria todos nós”.
Na sequência, já na casa de Combs, Clark relatou que o rapper agrediu Cassie fisicamente, desferindo chutes enquanto ela estava caída no chão, encolhida em posição fetal. Diddy teria dito que a chutaria “até a rua”. A assistente afirmou que tentou pedir ajuda a um dos seguranças do cantor, mas foi ignorada e, em seguida, dispensada de suas funções.
Desesperada, Clark ligou para Regina Ventura, mãe de Cassie, dizendo que sua filha estava sendo espancada e pedindo que ela acionasse a polícia, já que Clark não podia fazer isso.
A ex-assistente também foi questionada pela promotoria sobre um e-mail enviado por Cassie, no qual a cantora dizia que Diddy havia ameaçado divulgar vídeos íntimos seus, além de ter feito ameaças contra ela e Kid Cudi.
Clark ainda contou que foi procurada por investigadores do caso do carro incendiado de Cudi, depois que o cantor forneceu seu número aos agentes. Ao júri, afirmou que foi ameaçada por Diddy cerca de 50 vezes.

Por fim, Capricorn afirmou ter sido demitida por e-mail sob a justificativa de não ter solicitado corretamente suas férias. A demissão resultou na perda de todos os seus benefícios, incluindo plano de saúde, aposentadoria e até o carro que utilizava.
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