Mônica Martelli foi convidada do “Quem Pode, Pod” desta semana e se abriu sobre um estupro que sofreu quando ainda era adolescente. A atriz falava sobre suas primeiras experiências sexuais quando recordou do episódio, que aconteceu aos 14 anos. A artista, de 54 anos, explicou como só se deu conta disso recentemente.
Mônica apontou que, para a mentalidade da época, alguns toques sem consentimento eram “naturalizados” quando as mulheres se envolviam com homens. “Eu tinha 14 anos e não foi fácil. A questão é a seguinte: Eu sou de uma época em que você ter uma luta corporal com o menino era normal. Em que sentido? Você beijava o menino, ele vinha com a mão no peito. Você tirava a mão no peito, ia com a mão na bunda. Então você passa a noite beijando e na luta corporal, entendeu? E isso era uma coisa normal”, iniciou ela.
“Aí, a minha primeira transa foi assim. Era um menino que eu era apaixonada, surfista, de Macaé […] Aí a primeira transa foi assim, foi essa luta corporal, mesmo eu sendo apaixonada. E quando a gente estava falando sobre estupro, porque na minha cabeça, na minha geração, o que que é estupro? Um beco escuro, um cara com capuz e uma faca”, acrescentou.
Foi só pouco tempo atrás que Martelli processou que, na verdade, havia sofrido uma violência. “Quando eu entendi, e nós [sociedade] entendemos de pouco tempo para cá, que teve essa conscientização maior, que estupro é simplesmente você não querer, se você fala ‘não’ e ele forçar é estupro, ali eu falei: então eu fui estuprada. Não queria, foi essa luta corporal. Acabou que rolou, foi legal, eu era apaixonada pelo cara, mas eu não queria. Não queria naquele dia, naquele lugar”, completou a atriz.
Apesar de ter crescido num lar feminista, em que sua mãe até lia Simone de Beauvoir para ela, a sociedade ainda normalizava tais comportamentos. “[Tive consciência disso] pouco tempo atrás, dessa tomada de consciência que a gente teve, desse novo feminismo. […] Mesmo sendo filha de uma mãe feminista, essa nova conscientização que veio com esse novo feminismo – que atingiu muitas mulheres, com as redes sociais, que ajudou também – isso veio muito forte, veio há pouco tempo. Porque mesmo assim, era naturalizado esse tipo de comportamento”, pontuou.
“A gente passava por isso, a gente nem comentava com amigo. Era natural. Você nem falava. Era tão naturalizado, que quando veio toda essa discussão eu falei: ué, eu lutei muito ali, então eu fui estuprada. Ó que coisa louca”, encerrou. Mônica ainda ressaltou a importância dessa conscientização, e explicou como educa as filhas para não tolerarem e sempre reportarem quaisquer toques inapropriados.
Assista ao vídeo abaixo:
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