Fantástico ‘muda de nome’ para homenagear Glória Maria, e Pedro Bial emociona com crônica de despedida; assista

Fantástico ‘muda de nome’ para homenagear Glória Maria, e Pedro Bial emociona com crônica de despedida; assista


Emocionante! Neste domingo (5), Maju Coutinho e Poliana Abritta receberam no estúdio do Fantástico, ex-apresentadores da atração para homenagearem a saudosa Glória Maria, que por quase uma década comandou o dominical. Pedro Bial, amigo de longa data da mãe de Maria e Laura, fez um “colar de joias vocabulares” com versos para dizer adeus à comunicadora.

“Glória, minha rainha, estou eu aqui, esperando você como sempre, agora só falta o boa noite… Só que dessa vez, sua peste, você não tá atrasada, dessa vez você foi embora antes da hora, logo você que não largava uma boa festa. Vou seguir, como se você ainda estivesse a meu lado. Deveria estar, deve estar”, expressou o apresentador, relembrando o tempo em que trabalharam juntos no Fantástico. Enquanto isso, imagens da jornalista eram exibidas pela TV Globo.

“Agora que você foi morar nas nuvens com outras deusas, e elas que se cuidem, vou celebrar sua condição terrena, de musa, avatar de geral. Avatar é alguém que encarna o outro, abriga o desejo do outro. Glória, você avatarizava a sede de liberdade do povo. E, pra uma musa, tenho que me dirigir em versos. Mas quais? Hoje somos nós que não temos palavras, Gloria, nós que não queremos ter palavras de adeus”, continuou ele emocionado.

“Então, eu fiz assim: fiz um pequeno colar de joias vocabulares, para você usar rente ao pescoço em sua eternidade cósmica. Roubei uns versos daqui e dali, palavras que falam da vaidade das palavras, quer dizer, de quando as palavras não prestam mais para dizer nada, vaidosas, vãs, palavras em vão”, discursou.

Em seguida, Bial relembrou os “mentores” de Glória, Armando Nogueira (1927 – 2010), diretor-geral do jornalismo da Globo e Alice Maria, diretora-executiva da mesma área. Os dois criaram o Jornal Nacional e foram essenciais na descoberta da repórter, no início de sua carreira: “Joias como a de nosso mestre Armando Nogueira, que com Alice Maria, inventou você, viu em você o que ninguém tinha visto ainda. Saravá, Alice, na terra; saravá, Armando, no céu. Armando que abriu assim sua crônica, lembra? Quando o Brasil ganhou a Copa de 70: “E as palavras, eu que vivo delas, onde estão?”.

Ele ainda destacou um marco na carreira da apresentadora: o momento em que ela encontrou com o renomado escritor Carlos Drummond de Andrade no Natal de 1984: “Confissões preciosas como a do poeta que você soube encontrar na rua, em um dia de Natal de 40 anos atrás”. Na ocasião, Glória entrevistava pessoas aleatórias sobre os melhores presentes para a data comemorativa, quando foi surpreendida pela aparição do poeta.

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“O que o senhor diria para o pessoal no dia de Natal?”, perguntou a jornalista. “Eu tenho esperança, mas acho o mundo muito errado, muito cheio de injustiça e de miséria. Então, o máximo que a gente pode desejar é que as coisas melhorem, né? Que haja uma tendência, pelo menos, para melhora”, respondeu ele.

Na sequência, Pedro Bial recitou versos de escritores consagrados, fazendo uma espécie de “casamento” entre as palavras: Carlos Drummond de Andrade, que reconheceu que… ‘Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos, mal rompe a manhã’. Versos de renúncia, como os do português Eugênio de Andrade, num poema que tem por título a palavra de quem não tem mais palavras: ‘Adeus. Já gastamos as palavras pela rua, meu amor, e o que nos ficou não chega para afastar o frio de quatro paredes. Gastamos tudo menos o silêncio’”.

Por fim, o jornalista narrou um texto sobre o silêncio, de Denise Fraga na peça “Eu… De você”, além de uma oração do padre José Tolentino Mendonça. Ele revelou que a prece estava presente em um livro que presenteou Glória “na intenção de ajudar na barra pesada da doença”. “Oremos, pois, oremos por: saúde, paz, ânimo para correr atrás, seguir correndo atrás da Gloria”, diz um dos trechos. Assista:

Enquanto discursava, a todo momento Bial olhava para trás, onde havia um painel com uma imagem sorridente da amiga. “Nós todos juntos aqui talvez não somamos nem a metade da energia que ela tinha”, falou ele aos outros colegas de profissão. Patrícia Poeta, Renata Ceribelli, Tadeu Schmidt e Zeca Camargo também estavam presentes na atração especial, que celebrou a trajetória grandiosa de Glória Maria e, inclusive, mudou o nome na abertura para “Fantástica”.

Zeca Camargo, Poliana Abritta, Tadeu Smchidt, Renata Ceribelli, Pedro Bial, Patrícia Poeta e Maju Coutinho homenageram a amiga em uma edição especial do “Fantástico” (Foto: Reprodução/TV Globo)

Entrevista inédita com Glória

O programa também exibiu trechos inéditos de uma entrevista com a jornalista em 2021, quando ela revelou bastidores de reportagens inesquecíveis durante sua passagem pelo “Fantástico”. “Eu estava apresentando o programa mais importante das noites de domingo e o mais importante ainda é que nunca tinha tido uma apresentadora titular negra. Então, assim, eu estava quebrando alguns valores nessa minha participação como apresentadora”, pontuou na época.

“Essa minha imagem da repórter do mundo, da repórter aventureira, foi por conta do Fantástico! O Fantástico fez essa transformação na minha vida”, explicou Glória, que criou um novo jeito de fazer reportagem para TV – um estilo mais voltado para as experiências e sentimentos.

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