A vereadora Verônica Costa (PL), conhecida como a “Mãe Loira”, foi condenada a dez anos e oito meses de prisão por torturar o seu ex-marido, Márcio Costa. De acordo com o Extra, a decisão foi tomada nesta quarta-feira (12) pela Justiça do Rio de Janeiro, na 2ª Câmara Criminal, em apelação do Ministério Público contra sentença em primeira instância na qual a funkeira foi condenada a cinco anos e dez meses de prisão pelo crime.
O caso veio à tona em fevereiro de 2011, quando Márcio fez a denúncia à Polícia Civil. Na época, ele ainda era casado com Verônica. Segundo a publicação, os desembargadores deliberaram que a pena deve ser cumprida em regime fechado. Além disso, eles mantiveram a determinação de que Costa perca o cargo de vereadora.
A pena de quatro réus do processo, que são familiares de Verônica, também foi aumentada. Inicialmente, todos eles tinham sido condenados a cinco anos de prisão. Agora, Bruno Chaves Ribeiro deverá cumprir dez anos e oito meses na cadeira. Já Tatiane Chaves Ribeiro, Bruno Marcelo Bahia Marques e Sebastião de Oliveira Evangelista, tiveram pena de dez anos de reclusão. Todos deverão cumprir o tempo atrás das grades em regime fechado.
Durante o julgamento, foram negados os recursos das defesas dos réus. Márcio Costa revelou estar aliviado com a decisão. “Demorou, mas graças a Deus a Justiça foi feita”, afirmou ele. O ex-marido de Verônica mora há dez anos nos Estados Unidos. A saída do país foi motivada pelas ameaças de morte que recebeu após as agressões.
“Mesmo depois desse ocorrido, de ser torturado, de ter ficado em coma no hospital na UTI, ela ainda estava procurando matadores para me executar. Soube por outras pessoas que conhecíamos em comum. Eu fiquei numa situação muito difícil no Rio de Janeiro, andando com medo nas ruas, trocando de endereço toda hora. Minha vida virou uma loucura. Eu fui obrigado a sair do país”, contou ele ao Extra.
Verônica, por sua vez, também se pronunciou depois da divulgação da sentença. Ao Globo, ela negou as acusações e afirmou que foi vítima de um relacionamento abusivo durante mais de dez anos. “Quando soube da condenação, tive um pique de pressão e fui parar no hospital. Estou conversando com você medicada. O que estão fazendo comigo é uma injustiça, pura maldade. Quem me conhece sabe que não levanto o braço para ninguém. Vamos recorrer porque quero provar que sou inocente”, disse ela.
A parlamentar também entrou em contato com colunista Fábia Oliveira, do jornal Metrópoles, depois da notícia da condenação ser publicada. Ela desabafou sobre a situação em um longo relato e afirmou que vai recorrer da decisão. Leia o pronunciamento na íntegra abaixo:
“Quando um homem quer destruir a vida de uma mulher ele vai até o final. Isso me ensina que você não tem que ter medo de ficar sozinha. Isso faz com quem as mulheres se agarrem a migalhas, miudezas, e aceitem humilhações inaceitáveis.
Sangro essa dor desde que saiu o resultado do julgamento há 10 anos atrás. Eu acredito na justiça de Deus, eu acredito na justiça dos homens. Eu nunca fiz nada disso que ele alega, minha família também não. As alegações da defesa do Marcio são que a antena do meu celular estava próximo do ocorrido. Pelas nossas provas técnicas, exames de DNA, Corpo de delito da família, não há crime cometidos por nós, a família inteira estava sem um arranhão. Eu um tenho registro na Deam que escondi da imprensa de uma ameaça que ele fez com arma na cabeça. Na época tive vergonha, vergonha de ter passado por isso.
Estamos recorrendo a esta condenação injusta. Aguardaremos a justiça ser feita. 10 anos de violência em que guardei essa dor, todos que me acompanham sabem que sempre fui uma mulher que cuidou das pessoas, que dediquei a minha vida inteira ao trabalho, para curar a dor das pessoas, das mulheres, dos jovens, dos idosos, das crianças, dos animais. Abri mão de tudo desde a minha juventude até hoje para estar ao lado do povo nas ruas, na chuva, no sol, em todos os momentos destes 20 anos.
Fui casada por muitos anos com o Romulo pai dos meus filhos, nunca tivemos problemas. Me sentia mais segura em estar casada mesmo sofrendo tanto com o Márcio. Engolia tudo, todos os problemas, depois das farras quando ele voltava drogado, quando ele voltava alcoolizado, fora de si e muito violento. O Marcio arrumava briga com todo mundo quando estava nesse estado.
Minha família sempre me avisou, meus amigos clamavam para que eu o largasse. Mesmo assim, eu adoeci, foram anos na cama, sem ver a luz do dia e sempre aprendendo a perdoar mais um erro. Eu vivi violência com a minha mãe e meu padrasto e o resultado disso foi eu ter normalizado que um homem pode fazer tudo, bater, xingar, adoecer. Sempre ouvi desde adolescente que a mulher que está sozinha tem algum problema, ou é feia, ou é maluca, ou é chata. Sempre fui chamada de mãe loira porque na falta do amor de minha mãe e do meu padrasto me apeguei ao preenchimento de estar nos bailes e hoje nas ruas dando todo o amor que uma mãe pode dar.
Eu acreditava muito que poderia mudá-lo, sei que muitas mulheres vão se encontrar neste texto. Sempre achamos que aquela violência será a última, sempre achamos que aquele xingamento será o último, porque sempre vinha com um arrependimento”.
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