A capivara Filó foi resgatada neste domingo (30), após a Justiça conceder a guarda provisória ao influencer Agenor Tupinambá. Ele havia entregue o animal ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e estava tentando recorrer da decisão junto com a deputada federal Joana D’Arc. Agenor foi denunciado e multado por suspeita de abuso, maus-tratos e exploração animal.
Todo o processo de regaste foi publicado nas redes da deputada, que ajudou o influenciador a recuperar a capivara. Nas imagens, Agenor apareceu reencontrando Filó pela primeira vez desde que cumpriu a determinação do órgão ambiental. Agora, o animal voltará a morar na casa dele até que o caso tenha um desfecho. Assista ao vídeo abaixo:
Capivara Filó é devolvida para influenciador do AM pic.twitter.com/0HUem6gcHW
— Só Mídias (@MidiasSo) April 30, 2023
Decisão da Justiça
De acordo com o g1, o juiz Márcio André Lopes Cavalcante concedeu a “tutela provisória de urgência” da capivara a Agenor neste sábado (29). O trecho da decisão afirmou que o influencer “vive em perfeita e respeitosa simbiose com a floresta e com os animais ali existentes”. “Não é a Filó que mora na casa do Agenor. É o autor que vive na floresta, como ocorre com outros milhares de ribeirinhos na Amazônia, realidade muito difícil de ser imaginada por moradores de outras localidades urbanas no Brasil”, disse o juiz.
Com isso, foi determinado que o Ibama entregasse o animal imediatamente. Nas redes sociais, Agenor comemorou a guarda provisória. “Eu queria agradecer cada um de vocês que está com a gente desde o começo. A vitória é nossa, mais uma vez o amor venceu”, afirmou. Assista ao vídeo completo abaixo:
Entenda o caso
O tiktoker Agenor Tupinambá viralizou ao compartilhar a rotina fofa com sua capivara de estimação, a “Filó”, nas redes sociais. Após repercussão dos vídeos, o fazendeiro foi denunciado por suspeita de abuso, maus-tratos e exploração animal e então multado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Ele também foi notificado a retirar todas as publicações feitas com o animal das plataformas digitais.
O caso veio à tona no Instagram, no último dia 18, quando Agenor compartilhou um nota de esclarecimento lamentando o imbróglio e falando sobre sua paixão pelos bichinhos. “Eu cresci no meio do mato e lá nasceu a minha paixão pelos animais. Eu só saio de lá para estudar agronomia na capital, curso que escolhi para poder servi-los ainda mais. De todas as surpresas que a fama na internet me trouxe, eu jamais imaginei que seria acusado de abuso, maus-tratos e exploração contra animais”, começou ele.
No texto, Tupinambá detalhou outras acusações. “Também fui acusado de matar um animal do qual todos são testemunhas que só dediquei amor e fiz tudo que podia para preservar sua vida. No total, as multas somam mais de 17 mil reais, valor que nunca nem vi na minha vida”, pontuou.
O tiktoker, que já retirou todas as publicações nas quais aparece interagindo com os animais de seus perfis está recebendo acompanhamento jurídico da deputada estadual Joana Darc. “Lamento profundamente o que está acontecendo e só eu sei a dor que estou sentindo. Agradeço o apoio da minha família, amigos, seguidores, imprensa e ao suporte jurídico que nunca pensei que precisaria. Com amor, Agenor Tupinambá”, concluiu. Veja a íntegra:
O rapaz também se pronunciou nos stories. “Hoje passei por uma situação que nunca imaginei que passaria, minha cabeça girou, vomitei, minha garganta fechou… Fui procurado por agentes do Ibama e multado por maus-tratos de animais e várias outras coisas. Eu nunca seria capaz de fazer uma coisa dessas, mas são coisas que não podemos evitar”, desabafou.
Em comunicado divulgado no último dia 20, o Ibama explicou que autuou Agenor Tupinambá por quatro motivos e o multou pela morte de uma preguiça-real que estava em posse do estudante. Sobre a capivara Filó e outros animais silvestres exibidos nas redes sociais, o órgão revelou que fará uma investigação completa para garantir que não há irregularidade no convívio deles com Agenor.
Leia abaixo a nota na íntegra:
“Brasília (20/04/2023) – Durante operação de combate a irregularidades relacionadas ao uso da fauna silvestre realizada em todo o país, o Ibama identificou perfis em redes sociais nos quais está caracterizada exploração indevida de animais. Uma delas, feita no dia 18 de abril, ganhou repercussão nacional, – o caso do influenciador digital Agenor Tupinambá. O jovem estudante de agronomia ficou conhecido por publicar vídeos em que interage com animais silvestres da Amazônia como cobras, capivara, preguiça-real, paca, papagaio, entre outros.
Ao analisar o conteúdo das redes sociais do estudante, agentes ambientais do Ibama constataram que os animais eram retirados da vida livre e exibidos em situações incompatíveis com os hábitos das espécies como por exemplo banho com produtos de higiene humana, uso de roupas e ornamentos. Devido a essas publicações onde Agenor aparece interagindo com animais silvestres, ele foi autuado por quatro motivos:
1 – Morte de uma preguiça-real, situação confirmada por Agenor;
2 – Prática de maus-tratos contra animal silvestre (preguiça real);
3 – Uso de espécimes da fauna silvestre sem a devida permissão de autoridade competente (capivara e papagaio);
4 – Exploração da imagem de animal silvestre mantido em situação de abuso (capivara) e irregularmente em cativeiro.
Ao autuar o jovem por práticas proibidas na legislação ambiental, o Ibama cumpre o papel de resguardar a fauna silvestre brasileira. A divulgação de imagens do uso de animais selvagens como animais domésticos estimula a vontade de as pessoas retirarem esses animais do seu habitat natural e, principalmente, incentiva o tráfico de animais silvestres.
Diante da situação, internautas saíram em defesa do jovem por acreditarem, com base no senso comum, que os animais estariam sendo bem tratados. No entanto, a introdução de hábitos típicos de ambiente doméstico em espécies silvestres inviabiliza capacidade de sobrevivência na natureza.
O Ibama defende, por determinação legal, que animais silvestres sejam mantidos em vida livre, onde prestam serviços ambientais de importância incalculável para a manutenção de um meio ambiente equilibrado. É bom esclarecer que o jovem foi multado pela morte da preguiça-real que estava em sua posse, fato vastamente divulgado nas redes sociais. Outra notificação do Ibama ao jovem foi o uso de imagens de animais silvestres com monetização pelas redes.
O Ibama não retirou até o momento nenhum animal que está em posse de Agenor Tupinambá. O Ibama irá, primeiramente, realizar uma diligência para averiguar o estado de saúde e condições dos animais. A partir de laudos técnicos dos fiscais, o Ibama tomará as medidas legais cabíveis.
Também é importante deixar claro que por mais que as pessoas acreditem estar tratando bem um animal silvestre, mesmo que ele tenha sido resgatado, está indo de encontro a natureza do animal, que é de conviver com os seus em liberdade. No caso de resgate de animais silvestres encontrados na natureza machucados ou filhotes, é necessário comunicar a posse para as instituições competentes e, assim, definir com base na lei o destino do animal silvestre”.
Desde o vídeo revelando o imbróglio com o Ibama, Agenor não se manifestou nas redes sociais. A assessoria do rapaz, no entanto, garantiu que ele está recebendo apoio jurídico de Becari e dos deputados federais Célio Studart, Fred Costa e Joana Darc. “Acreditamos que logo tudo ficará esclarecido e é bom ver a união de pessoas que defendem o bem estar dos animais”, disse a equipe no perfil de Agenor.
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