Nesta quinta-feira (18), foi ao ar o “Linha Direta” que reconta o caso do menino Henry Borel, morto em março de 2021 quando estava com a mãe, Monique Medeiros, e o então namorado dela, o ex-vereador Dr. Jairinho. No programa, Leniel Borel de Almeida, pai do pequeno, deu um forte depoimento sobre como passou a desconfiar do motivo da morte do filho e revelou, ainda, a história por trás do último vídeo de Henry.
Em conversa com Pedro Bial, Leniel não conseguiu conter as lágrimas ao relembrar o registro do garoto, que apareceu cantando e dançando a música “Mãezinha do Céu”. O hino católico também fez parte da infância do pai, e Henry aprendeu a canção na escola. “[O Henry pediu] ‘Bota aquela musiquinha, Mãezinha do Céu’. Eu estudei em escola católica e o Henry também estava estudando em escola católica. E eu não sabia que ele sabia cantar”, recordou Borel.
“[No vídeo] ele coloca [a canção], e eu achei lindo e eu cantava ‘Mãezinha do Céu’. E ele coloca e a reação que eu tenho é gravar. E ali foi o último vídeo que meu filho deixou para mim, cantando Mãezinha do Céu. ‘Eu não sei rezar, eu só sei dizer que quero te amar. Azul é teu manto, branco é seu véu. Eu quero te ver, mãezinha, lá no céu’”, chorou o pai.
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Ao longo do depoimento, Leniel não conseguiu conter a emoção. Às lágrimas, ele relembrou os últimos momentos que dividiu com o filho, antes de entregá-lo para Monique. Os dois haviam passado o dia num parque de diversões. “Eu falei: ‘Filho, a mamãe tá querendo que você vá, vamos pra mamãe?’. E ele dizia: ‘Papai, não quero ir, não quero ir’. E eu perguntei: ‘Mas o que tá acontecendo?’. E ele não verbalizava o que estava acontecendo, mas falava que não queria ir. O Henry foi chorando, ele não queria ir. Ele fala para a mãe: ‘Mamãe, não quero ir’”, disse o pai.
Sobre as últimas imagens do menino com vida, Borel afirmou: “Para mim é uma demonstração clara de que ele não estava se sentindo confortável. Ele não queria voltar para esse apartamento. O Henry não queria nem ficar perto do Jairo”.
Na sequência, a produção compartilhou cenas impactantes do momento em que Jairo e Monique deixaram o apartamento com Henry já morto, em direção ao hospital. O ex-vereador pode ser visto tentando ressuscitá-lo com respiração boca a boca, mas o menino não demonstra qualquer reação, permanecendo imóvel no colo da mãe.
Leniel, por sua vez, recordou os momentos de horror que viveu quando pediu para que o filho ressuscitasse, quando o viu pela última vez no hospital. Segundo o prontuário médico, Henry já não respirava e suas condições neurológicas estavam sem resposta quando deu entrada no hospital. Mesmo assim, a equipe médica do Hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro, tentou reanimar o pequeno durante uma hora e 52 minutos.
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Orientada por Jairo, Monique ligou para o ex-marido. “[Ela disse] ‘Leniel, vem pro Barra D’Or que o Henry está com dificuldade de respirar’. Foi essa, a fala da Monique. E o Jairo pega o telefone e fala: ‘Irmão, vem pro Barra D’Or que o Henry está em parada cardíaca’”, recordou o pai do menino.
“Eu me desespero (…) Já cancelo o carro de aplicativo, ajoelho em frente ao meu condomínio, e peço ajuda. Eu tremia muito, [e pensava]: ‘O que está acontecendo com o meu filho?’. (…) Naquela ânsia, um, dois, três minutos esperando o carro de aplicativo, o Jairo me liga de novo, e fala: ‘Irmão, tô aqui com a médica… o Henry se machucou quando estava com você hoje à noite?’. Eu falei: ‘Não, comigo não, e com você? Comigo não teve nada’. E aí eu fui pro hospital”, detalhou.
Por volta das cinco da manhã do dia 8 de março de 2021, Leniel chegou ao hospital. “Era um cenário de terror. Eu ajoelho e peço pelo amor de Deus… Minha reação é essa, é ajoelhar ali perto, falando: Pelo amor de Deus, qualquer dinheiro do mundo, não parem, por favor, não parem de ressuscitar meu filho’. E eles não pararam, ficaram mais de cinquenta minutos tentando”.
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“E ali o Jairo muito próximo das médicas, e eu achava que ele como médico estava tentando ajudar com alguma coisa. E a médica chega perto de mim e da Monique e aí o Jairo vem, e fala que ele já estava com rigidez cadavérica. Eu vi, Bial, a dificuldade que os médicos tinham de entubar o meu filho. O meu filho já com marcas, aquela criança linda que eu entreguei, o Henry já estava com a cabeça aumentada, o estômago dilatado, lesões… foi a pior notícia que alguém pode receber”, detalhou.
“Eu acreditava que meu filho poderia ressuscitar, é o que eu creio, Jesus me deu esse exemplo. E eu peço para orar e eu pedia: ‘Filho, volta. Filho, volta’. E o Henry não voltou”, se emocionou Borel. Em outro trecho da entrevista, Leniel falou sobre Jairinho, réu por homicídio triplamente qualificado e tortura contra a criança, além de coação de testemunhas: “Um monstro, sem piedade. Um psicopata com prazer em agredir crianças”.
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Assista ao programa na íntegra.
Relembre o caso
Monique Medeiros, mãe de Henry Borel, e o padrasto do garoto, o ex-vereador Jairinho, são réus pela morte do menino de 4 anos. Segundo a polícia, o padrasto torturou a criança, e a mãe sabia disso, mas não fez nada para intervir.
O menino faleceu na madrugada do dia 8 de março de 2021. Segundo laudo do Instituto Médico-Legal, divulgado em reportagem do jornal RJ2, o corpo do pequeno apresentou sinais de violência e o óbito foi causado por hemorragia interna e laceração hepática, decorrentes de uma ação contundente.
A perícia constatou ainda múltiplos hematomas no abdômen e membros superiores, infiltração hemorrágica na região frontal do crânio, edemas no encéfalo, grande quantidade de sangue no abdômen, contusão no rim à direita, trauma com contusão pulmonar, laceração hepática (no fígado) e hemorragia retroperitoneal. Henry, que passava a noite na casa da mãe, Monique Medeiros da Costa Almeida, e do padrasto, foi levado ao hospital pelos responsáveis, mas chegou ao local sem vida.
Segundo relatos divulgados pela revista Veja na época, o vereador teria um histórico de violência, com agressões ex-namoradas e os filhos delas. Alguns dos casos, inclusive, já haviam sido relatados à polícia. De acordo com a publicação, apesar de Jairinho aparentar ser muito gentil e educado, os relatos e conversas obtidos sugerem que o vereador teria um temperamento violento e quase “sádico” na sua vida privada.
Anteriormente, ele já havia sido denunciado por torturar uma menina de 4 anos entre 2011 e 2012, também filha de uma ex-companheira. Outro desses episódios teria acontecido com uma ex-namorada que tinha um filho de 5 anos na época em que ela se relacionou com Jairinho, entre 2014 e 2016.
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