Nesta terça-feira (20), vieram à tona novos áudios de Robinho, condenado a nove anos de prisão pela Corte de Cassação da Itália por violência sexual em grupo cometida contra uma mulher albanesa, numa boate em Milão, em janeiro de 2013. Nos clipes do podcast “Os grampos do Robinho“, do UOL, o jogador conversa com amigos sobre os acontecimentos da noite fatídica e faz uso de termos depreciativos ao se referir à vítima.
As conversas de Robinho com amigos teriam ocorrido aproximadamente um ano após o crime, e foram incluídas no processo pela defesa do jogador. Nos diálogos registrados com autorização judicial, o atacante faz uso de linguagem torpe ao se referir à mulher violentada, discute uma possível gravidez e demonstra preocupação com o eventual vazamento do caso.
Num dos principais áudios revelados pelo podcast, é possível ouvir uma conversa do futebolista com Jairo, músico e amigo de Robinho, além de organizador da festa em que tudo aconteceu. O evento ocorreu na noite de 22 de janeiro de 2013, véspera do aniversário de 30 anos do então atacante do Milan.
Na primeira vez em que Robinho admite ter feito sexo com a mulher, o jogador alega que sexo oral “não é transar”. “Mas peraí, eu vi que você pôs o pau na boca dela”, declara Jairo, ao que o brasileiro responde: “Isso aí não é transar, isso aí não é transar”.
“Tu comeu a nega também, eu te tirei”, continua o músico. “Eu não, pô, eu tentei, eu tentei. Eu só fiz a tentativa. Eu só tentei…”, responde Robinho. Ainda segundo o podcast, a conversa se alinha com as denúncias feitas pela vítima desde que procurou a polícia originalmente.
Em certos pontos do diálogo, desta vez com o personal trainer Alexandro da Silva, o jogador faz descrições explícitas e depreciativas dos atos de abuso. “Neguinho, vou ser sincero, alguém gozou dentro, a mina tá grávida?”, questiona Alex, que estava presente no dia do crime. “Alex, você tá perguntando muito se a mina tá grávida, porque eu e o Galan, nós nem rangamos a mina porque eu lembro que o Galan falava: ‘Não tem como rangar, eu tô mole, eu broxei’. Então, eu sei”, dispara Robinho.
Na mesma conversa, o jogador demonstra preocupação com o vazamento do estupro. “Sei que a mina teve que ir lá depor, Jairo me ligou desesperado: ‘Neguinho, não tenho nem minhas documentações. Achei que era até brincadeira de alguém’. Falou: ‘Neguinho, o cara sabe teu nome, sabe o nome do Alex, do Galan, do Rudney, do Claytinho, falou que vai investigar todo mundo, vai pedir pra depor todo mundo’. Eu falei: ‘Caralho, se esse bagulho sai na imprensa, vai me foder”, detalhou.
“Mas teve filho ela ou não?”, questiona Alex. “Não sei se teve filho, mano, não sei que porra que teve. Sei que a mina falou que estupraram ela na discoteca do Jairo, que ela só lembra do Jairo, é a discoteca, os caras tão querendo fechar a discoteca. Eu falei: ‘Jairo, se os caras me chamam para depor, irmão, o bagulho faz um ano. Nem lembro, filho, não sei nem o que tá falando”, pontuou o atleta.
Cerca de um ano depois, Robinho continuou tentando entender como a polícia tinha chegado no nome completo dos amigos. “O cara, que o Jairo contratou falou assim, que a única coisa boa é que os caras tão lá no Brasil e na discoteca não tinha câmera, porque se pegasse a câmera, os cara ia pegar eles até no Brasil, como não tinha câmera, vai ficar meio embaçado pra mina provar que estupraram ela se ela não tiver grávida. Agora, a questão é o seguinte, mané, a questão é que o Cleytinho ficou trocando mó ideia com a mina. A mina foi pelo Facebook, pegou todo mundo, pegou tu, Alex. Eu falei: ‘Como que a mina, como que o cara sabe o nome de vocês?’”, questiona ele.
Por fim, os áudios flagram Robinho tentando aconselhar o amigo Ricardo Falco, outro condenado no caso, a retornar ao Brasil e evitar uma possível prisão na Itália. “O Ricardo me ligou, falou: ‘Neguinho, os caras me ligaram pra eu ir lá, não tem nenhum advogado pra me emprestar, pra me pagar?’. Eu falei: ‘Advogado? [risos] Quem que eu vou chamar que é advogado? Não tem advogado’. É, eu falei: ‘Ricardo quer um conselho? Não vai nem lá, volta pro Brasil, pelo menos tu não fica em cana’”, afirma ele.
“E agora? Puta que pariu. Vocês são foda, mano, tudo só bomba”, aponta Robinho. “Eu, né, fodido? Eu, né?”, rebate Alex. “Todo mundo, todo mundo. Eu lembro que foi, que estava desesperado era: Rudney, Claytinho em cima da mina. Rudney, Claytinho estava no…”, detalha o condenado. “Quando eu cheguei lá, os caras tavam trabalhando já. Eu só entrei no trabalho”, diz Alex. “Então, eu também. Porque eu nem consegui tirar o 12, vou fazer o quê? Agora os caras…”, comenta Robinho, alegando não ter conseguido ficar ereto.
Ao longo das investigações, a vítima reconheceu, por fotos, os amigos do jogador que estavam na festa, entre eles Claytinho, Rudney e Fabio Gala. A mulher também acusou o personal trainer Alex de ser o primeiro a forçar uma aproximação.
A narração do podcast apontou, ainda, que na época em que a polícia começou a grampear as ligações dos amigos de Robinho, as memórias do crime já eram um assunto recorrente nas conversas. Ao descobrir sobre a investigação, Robinho até mesmo ligou para Alex, que já tinha voltado para o Brasil, para alertá-lo.
Entretanto, a primeira notícia da acusação contra o futebolista brasileiro só veio à tona na imprensa italiana em outubro de 2014, quando Robinho já havia retornado ao país para jogar pelo Santos. Na época, a Justiça italiana não considerou a defesa do jogador relevante o suficiente e confirmou a condenação de Robinho e Falco por estupro coletivo. Desde então, Robson de Souza permanece em liberdade, já que o Brasil não extradita seus cidadãos.
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