A especialista Aileen Maria Marty, ex-oficial da Marinha e professora de medicina de catástrofes da Universidade Internacional da Flórida, revelou que os ocupantes do submersível da OceanGate sequer perceberam a implosão do veículo. Em entrevista à CNN, nesta quinta-feira (22), a professora entrou em detalhes sobre os momentos finais do grupo e como a tragédia aconteceu.
Segundo Marty, a pressão no submersível era enorme devido à profundidade em que chegou. Por conta disso, a implosão teria ocorrido em uma fração de milissegundo – tempo rápido demais para que o cérebro humano compreendesse as circunstâncias. “A coisa toda teria colapsado antes que as pessoas lá dentro percebessem que havia um problema”, afirmou ela.
A especialista apontou, ainda, que Hamish Harding, Shahzada Dawood, Suleman Dawood, Paul-Henri Nargeolet e Stockton Rush, todos tripulantes da expedição, morreram “sem saber”. “Em última análise, entre as muitas maneiras das quais podemos morrer, essa foi indolor”, garantiu a professora.
O submersível, operado pela OceanGate Expeditions, iniciou sua descida de duas horas até os destroços do Titanic na manhã de domingo (18). O veículo perdeu contato com o Polar Prince, navio de apoio que transportou a embarcação até o local exato no Atlântico Norte, aproximadamente 1 hora e 45 minutos depois do início da expedição.
As operações de busca, por sua vez, começaram horas mais tarde naquele mesmo dia, mas destroços só foram localizados a 500 metros do Titanic na manhã de ontem (22). A carcaça do famoso navio está a 3,800 metros da superfície. Às 16h da quinta-feira, foi anunciado pela própria OceanGate e pela Guarda Costeira dos EUA que os pedaços eram, de fato, do submarino desaparecido, que teria implodido ainda no domingo.
Como explicado por Marty, em uma implosão, o objeto colapsa de forma repentina quando a pressão externa é maior que a interna. Tal fenômeno ocorre na proporção de forças inversas à de uma explosão e pode ser desencadeado pelo menor dos defeitos estruturais, resultando em uma catástrofe ao atingir uma grande profundidade. Na web, simulações do momento em que catástrofe aconteceu foram divulgadas. Assista:
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Buscas continuam
Ainda de acordo com a CNN, apesar da confirmação da tragédia, as buscas pelos destroços continuam. No entanto, especialistas reforçaram que é “improvável” que os corpos das vítimas sejam recuperados. A Guarda Costeira dos EUA disse na quinta-feira que continuará a busca em um esforço para recuperar o que puder, mas alertou que era “um ambiente incrivelmente implacável lá no fundo do mar“.
Além das buscas pelos passageiros, as autoridades continuarão a vasculhar o fundo do oceano na esperança de descobrir mais informações sobre o que provocou a implosão. A organização destacou que deve levar algum tempo até que possa mapear o cronograma específico dos eventos, já que o ambiente subaquático é “profundamente complexo”.
Até agora, a Guarda Costeira localizou o cone do nariz do Titan e uma extremidade de seus cascos de pressão em um grande campo de detritos. Já a outra extremidade do casco de pressão foi encontrada em um segundo campo de detritos menor. Tom Maddox, CEO da Underwater Forensic Investigators, que participou de uma expedição ao Titanic em 2005, apontou os próximos passos das autoridades: “O que eles fariam agora é voltar àquele local e, como migalhas de biscoito, tentar encontrar uma trilha de onde isso levaria”.
Ele acrescentou que os pedaços de detritos ainda podem estar “ligeiramente flutuantes” e sendo carregados pelas correntes oceânicas. “Portanto, o grande projeto agora será tentar coletar essas peças. Eles vão marcá-los, indicarão onde estavam e farão um mapa de onde essas peças foram encontradas”, finalizou.
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