[Alerta Gatilho]Nesta segunda-feira (25), Ricardo Alexandre Mendes falou pela primeira vez sobre a morte da esposa, Walewska Moreira de Oliveira. À jornalista Patrícia Calderón, do UOL, o corretor de imóveis explicou por que se manteve longe da mídia e não compareceu ao velório da atleta, rebatendo a versão apresentada pelos familiares de Wal. Ricardo também falou sobre o pedido de divórcio e de sua rotina no dia da tragédia. O boletim de ocorrência apontou que a jogadora caiu do 17º andar do prédio em que morava, na região central de São Paulo, na última quinta (21).
De acordo com o documento da Polícia Civil, as circunstâncias da morte serão investigadas, mas há hipótese de suicídio. Segundo Mendes, ele teria desistido da separação se soubesse que a esposa tomaria tal decisão. “Por todo o amor que eu tenho por ela, se eu soubesse que ela iria tomar essa decisão, eu anularia minha vida e os meus sentimentos para continuar com ela”, relatou.
Ricardo contou que, na noite anterior ao falecimento, eles tiveram uma “pequena discussão” sobre o relacionamento, mas sem agressão ou ameaças. Em depoimento à polícia, que consta no boletim de ocorrência, o viúvo confirmou quetinha pedido o divórcio à esposa, em decorrência de problemas na relação.
Ele admitiu, porém, que esperava uma reação diferente de Walewsca. “Ela me questionou que eu estava estranho e distante, eu respondi que não dava pra continuar onde não havia mais amor entre homem e mulher. Ela ficou introspectiva, ficou quieta e fomos dormir. A gente se amava, eu esperava ela aceitar a separação numa boa”, continuou. O casal estava junto há 20 anos, mas a relação teria enfraquecido: “Convivemos por 20 anos, mas nos últimos dois não era mais o mesmo amor. Muitas vezes me anulei, mas fiz por ela”.
O dia da queda
Durante a entrevista, Mendes contou que viu a esposa pela última vez quando saiu para trabalhar, no dia da queda. “Cheguei em casa depois de um dia intenso de trabalho, não sabia que a Wal já tinha chegado. O interfone tocou, eu não atendi. Depois vieram as mensagens pelo WhatsApp do grupo do condomínio, até que a gestora tocou a campainha da minha casa para me avisar da tragédia. Meu chão abriu e eu desmoronei”, lembrou.
Por volta das 18h07, de acordo com um print do WhatsApp, a ex-jogadora teria encaminhado uma mensagem ao marido. “Amo você. Mas, acho que você já tomou a sua decisão”, escreveu. Imediatamente, Ricardo respondeu: “Também te amo”. Segundo as investigações, por volta de oito minutos após a troca de mensagens, ela teria caído do prédio.
Ausência no velório
Ricardo disse que não compareceu ao velório a pedido da família da esposa. A informação, no entanto, foi rebatida pelo irmão da atleta. De acordo com Wesley Oliveira, ninguém entrou em contato com o cônjuge impedindo sua presença no sepultamento, já que ele não participou de nenhuma das outras burocracias. “Me tiraram o direito de me despedir do amor da minha vida. Estava com o bilhete aéreo emitido, um amigo da família disse que os pais dela orientaram eu não ir, até para preservar a todos pelo clima da tragédia”, disse o viúvo.
O irmão de Wal afirmou ter arcado com cada burocracia e que o cunhado não foi colaborativo no processo. O corretor, porém, relata que não foi contatado por ninguém e pretende restituir os valores gastos pela família. “Ninguém ligou para falar de valores. Pretendo restituir tudo. Não tive condições psicológicas de reconhecer o amor da minha vida, que está morta”, continuou.
Ricardo ainda apontou que a relação com Wesley sempre foi distante e que ele tinha “ciúme” da irmã. “A primeira vez que conheci o Wesley foi em Curitiba, há 19 anos. Ali, já senti que gerou um ciúme normal de irmão. Logo em seguida, fomos morar no exterior e lá ficamos por sete anos consecutivos. Ele (Wesley)não teve a chance de me conhecer melhor. Todas as vitórias e conquistas, eu estava ao lado da Wal. Acredito que isso só aumentou o ciúme que ele tinha da irmã”, explicou.
Saúde mental da atleta
No boletim de ocorrência, o corretor de imóveis relatou à polícia que Walewska teria tentado suicídio há três anos, no apartamento em que eles viviam em Uberlândia. Na entrevista, Mendes disse ter alertado o sogro sobre o ocorrido e a preocupação com a saúde mental da esposa, além de contar sobre os problemas que os dois estavam enfrentando no casamento.
“Ela nunca disse que tiraria a própria vida. Ela me disse que estava passando por muitas coisas na vida dela, que até pensou em ‘fazer uma besteira’. Foi aí que percebi que ela já não estava tão forte como sempre foi”, argumentou. “Me lembro da Wal ter ficado brava e chateada comigo, e que eu não tinha o direito de falar sobre isso com os pais dela. Eu não tive alternativa”, acrescentou ele.
Por esse motivo, segundo Mendes, o tema “divórcio” sempre teria sido tratado com mais cautela por ele. “Uma vez ela disse para mim: ‘Posso perder dinheiro, posso perder status, mas não posso perder você’. Esse poder de posse sempre me preocupou. Por isso, de uns três anos pra cá, sempre tive compaixão e cuidado, justamente preocupado com a reação dela. Tentei levar e administrar a crise”, concluiu.
IMPORTANTE: Se você ou alguém que você conhece está passando por dificuldades emocionais ou considerando o suicídio, ligue para o “Centro de Valorização da Vida” pelo número 188. O CVV realiza apoio emocional, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias. Para mais informações, clique aqui.
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