Caso Anic: Polícia revela que vai investigar nova versão do réu sobre suposto mandante do crime

Caso Anic: Polícia revela que vai investigar nova versão do réu sobre suposto mandante do crime


A investigação acerca da morte de Anic Herdy teve muitos desdobramentos na última semana. Após o corpo da advogada ter sido encontrado na casa de Lourival Fatica, a delegada Cristiana Bento afirmou que irá apurar a nova versão do réu, que alega ter matado Anic a mando do marido da mulher.

Em nota divulgada pelo g1 nesta sexta-feira (27), a agente explicou que Lourival alterou seus depoimentos anteriores e só confessou o assassinato seis meses depois de ser preso. Além dele, Rebecca Azevedo, Maria Luiza e Henrique Fadiga também são réus no caso, mas sempre negaram as acusações.

Segundo a delegada, o inquérito está sendo conduzido de forma sigilosa, mas ela adiantou que os suspeitos foram denunciados por extorsão mediante sequestro com resultado morte. A polícia conseguiu recuperar cerca de R$ 1,5 milhão em bens e carros. O viúvo, Benjamin Herdy, havia pago um resgate de R$ 4,6 milhões.

O corpo de Anic, encontrado em avançado estado de decomposição, foi localizado na garagem da casa de Lourival, amante da mulher, em Teresópolis, após ele mesmo confessar o crime e indicar o local do sepultamento. Para o Ministério Público, o caso só deve sofrer uma tipificação no fim das investigações.

Corpo foi encontrado na casa do réu (Foto: Reprodução/g1)

Defesa de Lourival se manifesta

A advogada Flávia Froes voltou a comentar as falas do cliente. Segundo Lourival, Benjamin teria mandado o assassinato da esposa por conta de uma questão relativa ao usucapião do terreno e à herança da casa de Petrópolis, além de supostas agressões à filha. “Ele (Benjamin) teria revelado a Lourival que Anic abusava da filha desde a infância. Além das brigas constantes que o casal tinha, a filha de Benjamin relata que Anic era muito violenta com o pai, que Anic agredia o marido”, disse Froes. A filha do casal, entretanto, não cita nenhum abuso no processo.

Questionada sobre o momento do homicídio, Froes narrou que Anic foi levada algemada para um motel e teria se urinado quando foi golpeada. O cadáver foi encontrado junto de uma aliança, parte de um celular e uma algema. “Era uma algema patrimônio da Polícia Civil do Rio de Janeiro. E essa algema estava em uma das mãos da Anic, como ele narrou que estaria”, detalhou. No entanto, a delegada afirmou que a algema não pertence à Polícia Civil.

Busca e apreensão na casa de viúvo

Ainda essa semana, um mandato de busca e apreensão foi cumprido na casa de Benjamin Herdy. O intuito foi de coletar imagens e gravações de câmeras de segurança que poderiam apontar alguma ligação do viúvo ao crime.

Ao g1, o representante de Benjamin, João Vitor Ramos, declarou que essa versão apresentada pelo réu “se trata de mais um ato de desespero e de crueldade“. Em nota, o advogado ainda garantiu que tanto Lourival quanto seus procuradores serão processados.

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Diante do óbvio e inevitável fracasso em tentar imputar a responsabilidade à própria vítima, tese que tentou emplacar quando do início das investigações, Lourival novamente altera a sua versão e agora, após a conclusão das investigações, adota a patética estratégia de desestabilizar Benjamim e Lara, que em breve serão ouvidos em declarações na instrução criminal, ao atribuir a autoria ao marido da vítima“, informou.

Como se observa, retirar a vida de Anic não satisfez Lourival. A dor e o sofrimento do marido e dos filhos da vítima também não foram suficientes. Acuado pelo iminente início da instrução processual, que certamente culminará na sua condenação, assim como de todos os indiciados pela autoridade policial e denunciados pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, Lourival utiliza o holofote proporcionado pela repercussão do caso para se promover e para prosseguir na missão de destruir aquilo que nunca foi capaz de alcançar em sua vida e que sempre invejou em Benjamim, Anic, Nickolas e Lara: a união e o amor de uma família“, completou Ramos.

Anic foi vista pela última vez em 29 de fevereiro, em Petrópolis. (Foto: Reprodução/g1)

O caso

Anic de Almeida Peixoto Herdy, advogada casada com o herdeiro de uma fortuna no Rio de Janeiro, foi vista pela última vez em 29 de fevereiro, por volta da 11h08 da manhã, dentro de um carro preto no estacionamento de um shopping em Petrópolis, na Região Serrana do Rio.

Câmeras de segurança filmaram enquanto a mulher caminhava por um corredor em direção à saída do estabelecimento. Já fora do shopping, ela passou por uma calçada e atravessou a rua. Esta é a última imagem de Anic.

No mesmo dia do sumiço, o marido de Anic, Benjamin Cordeiro Herdy, de 78 anos, recebeu uma mensagem que a mulher havia sido sequestrada e só seria solta mediante resgate de R$ 4,6 milhões. O idoso é herdeiro de um grupo que administrou algumas universidades no Rio de Janeiro. O valor foi pago, mas a advogada não apareceu.

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Após a investigação, a polícia descobriu que Lourival Correa Netto Fadiga, homem que fingiu ser policial e se infiltrou na família por três anos, ajudou Benjamin Cordeiro Herdy, marido da vítima, a negociar com os supostos sequestradores e ficou responsável por entregar o valor do resgate. Entretanto, uma hora após o pagamento da quantia, Benjamin recebeu uma mensagem de texto, supostamente escrita pela esposa, com uma “reviravolta”. No recado, ela teria dito que o sequestro era uma “trama” para encobrir sua fuga com um amante.

Dois dias depois, outra mensagem também supostamente de Anic enviada aos filhos do casal, informava que a advogada havia deixado o Brasil com uma pessoa, com a qual pretendia passar o resto da vida. Desconfiada, a filha de Anic foi à polícia para denunciar o caso, 14 dias após o sequestro. A partir daí, o 105ª DP (Petrópolis) teve acesso aos celulares de todos os envolvidos, bem como o histórico da localização de cada um e passou a monitorar Lourival, que atuava como “faz-tudo” e segurança dos Herdy.

Anic não é vista há três meses. (Foto: Reprodução/TV Globo)

Dias depois, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) afirmou que Lourival, preso e réu por extorsão mediante sequestro de Anic, era amante da vítima e a atraiu para um encontro no dia em que ela foi vista pela última vez.

O órgão público, segundo o veículo, descreve que Lourival, “detentor de uma personalidade galanteadora, possuía relacionamento amoroso com várias mulheres, dentre elas a vítima Anic”. De acordo com os promotores do caso, ele usou o affair com a advogada como pretexto para atraí-la até um encontro na Rua Teresa, “quando, então, a sequestrou e passou a exigir do marido o preço do resgate”. O carro dele foi filmado circulando pela mesma região, minutos depois da mulher ser vista pela última vez.



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