A ex-esposa de Francisco Wanderley Luiz, autor das explosões na Praça dos Três Poderes, afirmou à Polícia Federal que o plano dele era matar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A informação foi divulgada pela jornalista Daniela Lima, da GloboNews, e confirmada pelo UOL.
A mulher, identificada apenas como Daiane, concedeu a declaração para agentes de Santa Catarina. Em depoimento, ela contou que Francisco compartilhou pesquisas na internet sobre como proceder o ataque. Daiane afirmou que o ex-companheiro “queria fazer algo maior” e que morreu “porque foi descoberto“.
Segundo a ex-esposa, o autor das explosões “falava que queria matar o Alexandre de Moraes e quem mais estivesse perto na hora do atentado“. Daiane ainda relatou que Francisco esteve em acampamentos que pediam intervenção militar depois da derrota presidencial de Jair Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022.
A mulher afirmou que eles não chegaram a ir ao acampamento golpista de Brasília, em 8 de janeiro do ano passado, no entanto, participaram das manifestações que se espalharam após o resultado das eleições. “Ele planejava há meses“, disse Daiane. “Ele jamais tiraria a vida dele, a não ser que tivesse cumprido o objetivo. Se ele morreu em vão, não foi por ninguém, foi porque descobriram o que ele iria fazer“, acrescentou.
Assista:
Ex-mulher de homem que jogou bombas em Brasília revelou à PF que autor foi a acampamento golpista após a derrota de Bolsonaro em 2022. Ex-companheira disse que ele planejava matar Alexandre de Moraes.
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A ex-mulher relatou que tinha acesso aos emails de Luiz e acompanhava suas pesquisas na internet: “Como o nosso e-mail era tudo o mesmo, qualquer coisa que ele fazia eu sabia. Então, sabia onde ele estava. Acusava o que ele tinha pesquisado, sabe?”.
“Tinha pesquisa no Google sobre isso ali [matar Moraes]. Aí eu mandei pra ele :’Tu vai mesmo fazer esse tipo de loucura?’ Ele disse que não. Aí eu printei e mandei pra ele e perguntei: ‘Como que não?’ Por que tu ta pesquisando esse tipo de coisa? A primeira vez que ele foi pra Brasília, isso há um ano e pouco, foi no ano que o Lula entrou. Ele ficou dois meses lá e voltou e ficou aqui e faz três meses agora que ele foi pra lá de novo. Três pra quatro meses”, continuou.
Nas imagens das câmeras da Praça dos Três Poderes, é possível ver que Francisco recua após ser abordado por um segurança do local. Ele, então, joga os explosivos contra a sede do STF, se deita no chão com um explosivo perto da cabeça e morre logo depois da detonação. [Atenção: imagens fortes]
Confira:
Vídeo mostra a ação do homem que lançou artefatos explosivos em frente ao STF. Polícia Judiciária se aproxima de Francisco Wanderley antes da explosão.
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Francisco havia anunciado o ataque à Polícia Federal pelo WhatsApp. Além de noticiar o crime, ele ameaçou William Bonner, José Sarney, Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso. “O jogo acaba dia 16”, insinuou ele. O suspeito também citou Donald Trump em sua série de mensagens. No texto, ele ainda mencionou a Ilha de Marajó, local apontado por membros da extrema-direita como ponto de exploração sexual de crianças — ainda que a alegação não seja baseada em evidências.
Veja os prints:
Sobre o caso
Duas explosões na Praça dos Três Poderes assustaram a população de Brasília na noite de quarta (13). Segundo o jornal O Globo, Francisco apareceu vestido com um terno verde e adornado com símbolos de naipes do baralho, similar ao personagem Coringa.
O ato, descrito pela Polícia Militar do Distrito Federal como um “autoextermínio com explosivo”, ocorreu por volta das 19h30, levando ao isolamento imediato da área e à evacuação dos prédios próximos, incluindo o do Supremo Tribunal Federal (STF). As forças de segurança, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, responderam ao ocorrido, que também envolveu a detonação de um carro carregado de fogos de artifício. O veículo estava no estacionamento do Anexo IV da Câmara dos Deputados.
O UOL informou que uma varredura será feita nos prédios da Câmara e do STF ainda hoje. As atividades já foram retomadas. O Senado Federal, por sua vez, suspendeu os trabalhos. Em nota, o órgão declarou que “ministros foram retirados do prédio em segurança”. A Polícia Civil investiga o caso, e a Polícia Federal abriu um inquérito.
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