Um escultor morador de Madureira, Zona Norte do Rio de Janeiro, encontrou pichações com ofensas homofóbicas e de intolerância religiosa na porta de seu apartamento em setembro. Neste sábado (16), João Júnior deu uma entrevista ao “RJTV”, da TV Globo, para denunciar o caso.
As mensagens deixadas continham ameaças diretas: “Bruxo, filho do diabo, servo de Satanás. Pegue suas imagem (sic) e suma do nosso condomínio. Ou vamos invadir e quebrar tudo. Depois, queimar em nome de Jesus. Viado dos infernos”.
João, que adquiriu o apartamento há quatro meses com a intenção de morar sozinho, acredita que seu trabalho com esculturas religiosas usadas em cultos de matriz africana e símbolos da Igreja Católica tenha motivado o ataque. Essas obras são frequentemente transportadas do interior de sua residência até o estacionamento do prédio para entrega aos clientes, tornando sua prática religiosa visível para outros moradores.
Após o incidente, João relatou um profundo impacto psicológico, que limitou suas atividades diárias e alterou sua sensação de segurança no lar. “Aterrorizante, né? Um medo que invade e é algo que vai te consumindo com o tempo. Fiquei alguns dias dormindo até mesmo na minha irmã até minha cabeça entender o que estava realmente acontecendo”, compartilhou ele.
O condomínio, que na ocasião do vandalismo estava com as câmeras desligadas devido a uma queda de energia, informou que está tomando medidas para fortalecer a segurança, incluindo a instalação de mais câmeras e a realização de campanhas de conscientização sobre a importância do respeito às garantias individuais. Já à TV Globo, o condomínio explicou que não há câmeras no bloco, mas que está em processo de instalação.
Mesmo assim, João não tem certeza se continuará no imóvel. “Eu não consigo mais prever um futuro do quanto eu já tinha previsto e tinha me planejado, né, tinha me projetado para algo muito maior. Isso me fez me limitar. O medo me limitou de saber até onde eu posso ir. Se eu tenho que fazer uma reforma, se eu tenho que fazer algo novo, comprar móveis. Toda essa mudança que você planeja na sua cabeça da realização de um sonho se torna quase um pesadelo”, lamentou. Veja a entrevista:
A Polícia Civil do Rio de Janeiro está investigando o caso, que foi registrando na delegacia de Madureira. Embora os suspeitos ainda não tenham sido identificados, a polícia e o condomínio estão colaborando para resolver o caso e prevenir futuros incidentes.
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