A viúva do motorista do ônibus escolar que despencou de uma altura de 400 metros após capotar em uma ribanceira na Serra da Barriga, em Alagoas, falou que ele havia alertado sobre problemas no veículo antes do acidente. Luciano de Queiroz Araújo, de 47 anos, é um das 18 vítimas fatais que foram confirmadas até esta segunda-feira (26).
“Quando ele saiu de casa ontem, ele disse ‘esse ônibus não vai subir [a Serra da Barriga]’, e eu disse ‘não vá, não’. Mas ele disse que tinha que ir para ganhar o pão de cada dia”, afirmou Maria das Graças Queiroz da Silva em entrevista à Gazetanews. Ainda não há informações oficiais do que causou o acidente. Ao todo 47 passageiros estavam no ônibus. As vítimas tinham idades entre 4 e 84 anos.
Maria das Graças também recordou que Luciano contou sobre o problema no freio. “Ele disse que o ônibus estava com problema na borracha, que causava [defeito] no freio. Eu acho que foi o que aconteceu na Serra da Barriga, porque quando ele falou isso, ele já sabia que aquele ônibus estava com algum problema”, disse ela.
De acordo com o delegado Guilherme Iusten, que investiga o caso, o veículo havia passado por uma vistoria em outubro. “O que foi apurado até o momento é que o ônibus estava em condições de uso. Era um ônibus relativamente novo, foi feita uma inspeção veicular, que é obrigatória para ônibus escolares que ocorre de seis em seis meses, foi realizada no dia 13 de outubro. Os pneus estavam em condições boas. Enfim, o ônibus estava em condições, realmente, de uso”, explicou ele.
Tragédia | Ônibus capota em ribanceira na Serra da Barriga, Alagoas e deixa 23 mortos; veja VÍDEO pic.twitter.com/GOKClvirtJ
— Aldo Almeida ألميدا 🇦🇪 (@AldoAlmeida013) November 25, 2024
Maria das Graças e Luciano estavam juntos há 25 anos. Eles se preparavam para ir para o casamento de uma das filhas, que mora em São Paulo, quando a fatalidade aconteceu. “As malas já estão aí, arrumadas. E ontem aconteceu uma tragédia dessa com ele. E hoje ele tá aí [morto]. Ele comprou o terno para entrar na igreja com a filha e hoje ele está nesse caixão e eu não estou acreditando”, declarou.
A viúva ainda justificou que ele foi trabalhar, mesmo tendo conhecimento de uma suposta falha, por não saber dizer não: “Um homem que morreu lutando pelo que ele gostava de fazer: ser motorista. Mas que pena, ele era tão bom que está nesse lugar que está aí hoje, para não dizer um ‘não’”.
A Polícia Civil vai ouvir nas próximas semanas testemunhas, sobreviventes e o proprietário do ônibus escolar. O veículo era terceirizado e foi cedido pela prefeitura para levar os passageiros para o Projetor Por do Sol, no Parque Memorial Quilombo dos Palmares. Através de uma nota, a Prefeitura de União dos Palmares declarou que o ônibus estava com todas as vistorias em dia, conforme documentação. Além disso, a Prefeitura apontou que as informações já foram disponibilizadas pela Procuradoria da Prefeitura aos órgãos competentes.
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