Segundo brasileiro relata ter sido vítima de tráfico humano no Mianmar em menos de um mês: “Eles vão tirar nossos órgãos”

Segundo brasileiro relata ter sido vítima de tráfico humano no Mianmar em menos de um mês: “Eles vão tirar nossos órgãos”

[Atenção! Conteúdo forte] Em outubro, o paulistano Luckas Viana dos Santos se tornou vítima de tráfico humano no Mianmar após aceitar uma proposta de emprego internacional. Ele foi sequestrado rumo a uma “fábrica de golpes” no país asiático. Agora, outro brasileiro também se tornou vítima do mesmo crime. A família de Phelipe de Moura Ferreira, de 26 anos, revelou ao UOL que ele foi levado ao mesmo local no fim de novembro.

Phelipe foi dado como desaparecido até que há cerca de uma semana ele passou a se comunicar escondido com o pai, Antônio Carlos Ferreira, por uma rede social. “Estávamos sem notícias do Phelipe, até ele conseguir mandar mensagem e descobrirmos que ele estava no mesmo lugar que o Luckas”, contou ele.

Antônio ainda contou que o filho pensa em tirar a própria vida e tem recebido ameaças de morte: “Ele está me deixando preocupado, porque já falou duas vezes que vai se matar por não estar aguentando mais, [diz] que estão torturando ele lá, e ameaçando ele e o Luckas de morte”.

Mensagens de Phelipe para o pai (Foto: Arquivo pessoal)

Phelipe disse que Luckas está sendo punido, “sem conseguir andar direito, cheio de hematomas”. Ana Paula, prima de Luckas, afirmou que recebeu prints de mensagens de Phelipe dizendo que o seu primo estava sendo torturado por ter alguns de seus pedidos de ajuda descobertos pelos “chefes”, que eles dizem ser chineses.

“Eles agridem a gente toda hora. (…) Nem falar comigo ele [Luckas] pode porque eles proibiram desde que eu cheguei aqui. Nos falamos escondidos. (…) Também não podemos demonstrar tristeza, se não nos punem. (…) Se eu sumir já sabe que fizeram algo comigo. (…) Só por favor não manda mensagem para os chineses, não quero que ninguém mais se machuque”, disse o brasileiro nas mensagens enviadas para a sua irmã em dezembro.

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“Eles vão tirar nossos órgãos. Como ficar calmo assim?”, escreveu Phelipe ao pai. Antônio revelou que o filho implora para que o resgate chegue logo, entretanto, ele se sente “impotente” diante da falta de informações sobre o que está sendo feito por parte das autoridades brasileiras e locais. Phelipe ainda contou à Antônio que acredita que ele e Luckas serão vendidos em breve: “Eles tiraram umas fotos nossas. Acho que vão vender a gente”.

Phelipe implora pelo resgate das autoridades. (Foto: Arquivo pessoal)

 

Mensagem em que Felipe diz que acredita que será vendido. (Foto: Arquivo pessoal)

Ao ser procurado pelo UOL sobre o caso de Luckas, o Itamaraty afirmou que “por meio das Embaixadas do Brasil em Bangkok e em Yangon, acompanha o caso, está em contato com as autoridades locais competentes e presta assistência consular aos familiares do brasileiro”. As famílias das vítimas alegaram que autoridades brasileiras dão apenas retornos “protocolares e vagos”.

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Após a repercussão do caso, porém, o Itamaray declarou que que acionou autoridades locais: “Ao longo das últimas semanas, foram realizadas diversas gestões junto ao governo de Mianmar, com vistas a localizar e resgatar os brasileiros — operação que compete às autoridades policiais locais”, afirmou a pasta em nota. Posteriormente, por telefone, uma assessora do órgão disse que informações sobre os brasileiros também foram repassadas à Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal)”.

O órgão também reforçou que operações de busca e resgate cabem às polícias locais, não à embaixada brasileira. Por fim, afirmou em nota que a Embaixada do Brasil no país segue em “contato frequente com os familiares dos assistidos, prestando-lhes assistência consular”.



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