A Polícia Civil do Rio Grande do Sul está conduzindo uma investigação para determinar a presença de arsênio em vários alimentos fornecidos por Deise Moura dos Anjos à sua sogra, Zeli dos Anjos, durante uma visita ao hospital onde ela estava internada. O exame foi solicitado porque três mulheres da mesma família falecerem após ingerir um bolo envenenado no Natal.
Deise, que está detida, levou diversos itens alimentícios incluindo pastel de padaria, bombons, chiclete, barras de cereal, suco de uva, torrone e biscoitos de leite para a sogra, que estava no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes em Torres. Apesar da entrega, Zeli não consumiu os alimentos graças à intervenção de um acompanhante.
Para o delegado responsável pelo caso, Marcus Veloso, a sogra era o foco de Deise. “O principal alvo dela era a Zeli. Ela estava no dia 2 de setembro, quando ela fez o café com leite em pó e tudo mais, junto com seu marido, e também estava no local em que Zeli fez o bolo em Arroio do Sal e ela também consumiu o bolo e também foi para o hospital”, disse o agente.
De acordo com o g1, o Instituto-Geral de Perícias (IGP) do estado está analisando esses itens para identificar vestígios de arsênio, um metal pesado que pode causar sérios danos à saúde, incluindo câncer e morte se houver exposição contínua. Não há prazo definido para a conclusão dessas análises.
A compra de arsênio por Deise foi registrada quatro vezes em quatro meses, uma delas ocorreu antes da morte de seu sogro, Paulo Luiz dos Anjos, que também foi envenenado. A sequência de mortes levou a polícia a acreditar que há fortes indícios de outros envenenamentos por parte de Deise. A morte de seu pai, José Lori da Silveira Moura, em 2020, supostamente por cirrose, também está sendo reexaminada. A polícia colheu amostras de DNA do filho e do marido de Deise para explorar a possibilidade de tentativas de envenenamento contra eles.
Embora os agentes tenham afirmado que Deise recebeu o veneno pelo correio, o médico legista ainda precisa confirmar a causa das mortes e se os casos estão diretamente relacionadas a ela.
Arsênio na farinha
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) comprovou que a farinha usada no bolo continha arsênio, e que uma das vítimas apresentava uma concentração 350 vezes maior que a necessária para matar alguém.
Os sintomas de quem consumiu o doce incluíram crises de vômito, diarreia e sangramentos minutos após. Em menos de 24 horas, as irmãs Maida Berenice Flores da Silva, de 59 anos, Neuza Denize Silva dos Anjos, de 65, e a filha dela, Tatiana, de 47, morreram. Zeli, que preparou o bolo, e um neto de Neuza, de 10 anos, ficaram internados, mas já receberam alta.
Deise está presa no Presídio Estadual Feminino de Torres e responde por suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e com emprego de veneno, e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada. Ela passou por audiência de custódia no dia 6.
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