Nesta segunda-feira (24), o estudante universitário Igor Melo de Carvalho, de 32 anos, foi baleado na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro. Segundo informações do g1, o autor dos disparos foi o policial militar da reserva Carlos Alberto de Jesus, que atirou após sua esposa afirmar ter reconhecido Igor como um dos responsáveis pelo roubo de seu celular.
O caso ocorreu durante a madrugada, enquanto Igor saía do trabalho como garçom na casa de samba Batuq. De acordo com seus familiares, ele havia solicitado uma moto por aplicativo para voltar para casa, percorrendo o trajeto entre a Rua Belizário Pena, na Penha, e sua residência no bairro de Turiaçu.
No caminho, Igor percebeu que estava sendo seguido por um carro. Pouco depois, foi atingido por disparos e caiu da moto. Ferido, conseguiu ligar para colegas de trabalho, que foram ao seu encontro e o socorreram. Ele foi levado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, onde recebeu atendimento médico.
Segundo relatos da família, ainda antes de Igor chegar à unidade de saúde, uma mulher apareceu no local alegando que o piloto da moto era um dos assaltantes responsáveis pelo roubo de seu celular algumas horas antes. No hospital, a esposa do PM afirmou que Igor não estava envolvido no crime.
Apesar disso, após receber atendimento, Igor foi preso e ficou internado sob custódia da polícia. A Justiça do Rio só encerrou a custódia na tarde de terça-feira (25).

Família nega envolvimento em crime
Em entrevista à TV Globo, Marina Moura, esposa de Igor, destacou que ele é estudante de Publicidade e Propaganda na faculdade Celso Lisboa, onde também trabalha como inspetor. Além disso, para complementar a renda, atua como garçom nos fins de semana.
“Igor é trabalhador, sonhador. Ele quer ser jornalista esportivo, porque ama o Botafogo. Ele trabalha em 3 empregos: é inspetor da Celso Lisboa e para complementar a renda, assim como boa parte dos brasileiros, trabalha aos finais de semana como garçom e também é ambulante no carnaval. Ele sempre quis dar o máximo conformo para gente”, declarou.
Marina reforçou a inocência do marido: “Ele nunca se envolveu em coisa errada. Quando ele acordou, ele perguntou do nosso filho e disse que não tinha culpa de nada. Eu não sabia do que estava acontecendo e eu disse a ele que ele não tem culpa de nada. Eu conheço o meu esposo. Está acontecendo uma injustiça e um racismo. A bala atinge sempre um corpo preto. Hoje a gente poderia chorando a morte dele”.
Nas redes sociais, Marina também falou sobre o caso: “Meu marido não é criminoso, ele foi a vítima. O policial que estava presente lá disse que a mulher que o acusou estava visivelmente bêbada. Ele vai ficar bem porque é forte e Deus é maior. Ele trabalha todo fim de semana por nós”.
meu marido não é criminoso, ele foi a vítima, o policial que estava presente lá disse que a mulher que o acusou estava visivelmente bebada, ele vai ficar bem porque é forte e Deus é maior.
ele trabalha todo fim de semana por nós. pic.twitter.com/n0X5Mxscn7— Marina (@marinaparteira) February 24, 2025
Os familiares de Igor também expressaram revolta com o caso, destacando que ele foi baleado pelas costas. Ele passou por uma cirurgia, perdeu um rim e teve o estômago e o intestino gravemente afetados.
“Uma senhora foi assaltada e ela, junto com seu marido, um policial da reserva, resolveram fazer justiça com as próprias mãos. Viram meu primo em cima de uma moto, um homem negro em cima de uma moto, e acharam que poderiam ter algum envolvimento com o assalto”, afirmou a prima de Igor.
PM dá sua versão
Carlos Alberto, o policial responsável pelos disparos, alegou em depoimento à 22ª DP (Penha) que atirou porque teria visto Igor, que estava na garupa da moto, segurando uma arma.
Segundo ele, motoristas de outros veículos também teriam relatado que Igor e o motociclista estavam realizando um arrastão. Contudo, segundo as autoridades, imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que Igor entra na garupa da moto na porta do bar onde trabalha, sem qualquer sinal de crime.
O PM da reserva admitiu que não encontrou o celular da esposa nem a arma que supostamente estaria com Igor.
Em nota, a Polícia Militar informou que agentes foram acionados para verificar uma ocorrência de invasão a domicílio na Avenida Lobo Júnior, na Penha. No local, constataram que dois suspeitos em uma motocicleta haviam sido alvejados por ocupantes de um veículo desconhecido. Um deles foi atingido e socorrido ao Hospital Estadual Getúlio Vargas.
O caso foi registrado na 22ª DP (Penha), onde Carlos Alberto se apresentou como autor dos disparos. A esposa do PM reconheceu apenas o piloto da moto como envolvido no roubo do celular.
A Polícia Civil ainda não esclareceu por que Igor permanece internado sob custódia, uma vez que a mulher do policial não o identificou como suspeito. O estado de saúde de Igor é considerado grave, segundo a direção do hospital.
Motoboy é solto
O motoboy que levava Igor, Thiago Marques, foi solto após ser preso injustamente. Ele acaba de deixar a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Thiago foi detido na madrugada de segunda-feira (24), na Penha, sem provas e sem qualquer flagrante. O motoboy foi conduzido à delegacia e, depois, à cadeia, onde passou a noite. Agora em liberdade, ele comemorou a decisão da Justiça e pode voltar para casa e reencontrar a família.
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