Recentemente, Brian Warner – mais conhecido como Marilyn Manson – foi alvo de uma série de acusações de abuso por parte de várias mulheres. Nesta quinta-feira (4), a cantora Phoebe Bridgers prestou seu apoio às vítimas e relembrou uma experiência bem chocante, de quando o artista lhe apresentou um “quartinho do estupro” em sua casa.
O episódio aconteceu quando Bridgers ainda era jovem, numa visita à casa do músico. “Eu fui à casa de Marilyn Manson com alguns amigos quando eu era adolescente. Eu era uma grande fã. Ele se referiu a um quarto na sua casa como o ‘quartinho do estupro’. Pensei que fosse só um senso de humor horrível, como os de garotos universitários. Eu parei de admirá-lo”, declarou ela, que acrescentou: “Apoio todos que o denunciaram”.
Posteriormente, Phoebe criticou a postura da equipe de Marilyn, que se afastou dele após as denúncias. Segundo a artista – indicada a quatro “Grammys” este ano – eles teriam sido hipócritas, visto que já tinham conhecimento disso. “A gravadora sabia, os agentes sabiam, a banda sabia. Distanciar-se agora, fingindo choque e horror, é patético para c*ralho”, escreveu a cantora.
The label knew, management knew, the band knew. Distancing themselves now, pretending to be shocked and horrified is fucking pathetic.
— traitor joe (@phoebe_bridgers) February 4, 2021
Entenda o caso
Anos atrás, a atriz Evan Rachel Wood já havia falado publicamente sobre os abusos que teria sofrido de um ex, sem revelar o nome do agressor. Porém, na manhã de 1º de fevereiro, Wood utilizou o Instagram para divulgar a identidade do responsável pelos atos – o músico Marilyn Manson.
“O nome do meu agressor é Brian Warner, também conhecido mundialmente como Marilyn Manson”, afirmou Evan na publicação. “Ele começou a me aliciar [grooming] quando eu era adolescente e abusou horrivelmente de mim durante anos. Eu fui submetida a uma lavagem cerebral e manipulada até a submissão”, continuou a mensagem. O termo “grooming”, utilizado pela atriz em seu desabafo — conhecido no Brasil como corrupção de menores — descreve o processo no qual o abusador constrói um relacionamento, conquista a confiança e cria uma conexão emocional com uma criança ou jovem para que possa manipulá-los, explorá-los e abusar deles futuramente.
Essa não é a primeira vez que a estrela de “WestWorld” fala sobre a violência que sofreu, mas a primeira vez que nomeia o responsável pelo crime. Em 2018, perante o Subcomitê Judiciário da Câmara da Califórnia, a atriz revelou que havia sido estuprada. “Minha experiência com violência doméstica foi a seguinte: abuso mental, físico e sexual tóxico que começou devagar, mas aumentou com o tempo, incluindo ameaças contra minha vida, gaslighting (forma de abuso psicológico com intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria memória e sanidade) e lavagem cerebral, acordando com o homem que alegava me amar estuprando o que ele acreditava ser meu corpo inconsciente”, disse durante a audiência.
Mais vítimas se pronunciaram contra o cantor
As revelações de Evan causaram furor na web e, em demonstração de solidariedade, pelo menos outras quatro mulheres divulgaram as próprias acusações contra Manson. Nos depoimentos, compartilhados por Evan em seus Stories no Instagram, as vítimas do artista – Ashley Walters, Sarah McNeilly, Ashley Lindsay Morgan e Gabriella – detalharam experiências angustiantes que incluem agressão sexual, abuso psicológico e físico, coerção, violência e intimidação. Todas elas afirmam que vem sofrendo de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (PTSD, em inglês) após suas respectivas experiências com Manson.
Nos prints, Ashley Walters escreveu: “Continuo a sofrer de PTSD e a lutar contra a depressão. Mantive contato com algumas pessoas que passaram por seus próprios traumas, sob o controle dele [Manson]. Enquanto todos nós lutávamos, como sobreviventes, para continuar com nossas vidas, eu continuava ouvindo histórias perturbadoramente semelhantes às nossas próprias experiências. Ficou claro o abuso que ele causou; ele continua a infligir a muitos e eu não posso ficar parada e deixar isso acontecer com os outras. Brian Warner precisa ser responsabilizado.”
Já Sarah McNeilly revelou o medo que sente de entrar no radar do cantor novamente. “Eu tenho medo de trazer qualquer holofote sobre mim para evitar cair em sua mira novamente. Como resultado da maneira como ele me tratou, sofro de problemas de saúde mental e PTSD que afetaram meus relacionamentos pessoais e profissionais, minha autoestima e objetivos pessoais”, escreveu ela. “Eu acredito que ele estraga a vida das pessoas. Eu apoio tudo o que tem e tudo virá. Quero ver Brian responsabilizado por sua maldade”, finalizou. Ashley Lindsay Morgan e Gabriella também dividiram os distúrbios terríveis causado pela experiência.
Ex-atriz pornô se pronuncia contra o cantor e revela detalhes perturbadores
Além de Rachel Wood e as quatro vítimas que se manifestaram, a ex-atriz pornô Jenna Jameson veio a público para se posicionar contra o cantor. Os dois teriam se envolvido ainda em 1997 e Jameson, que agora utiliza o nome do marido, Leon Bitton, revelou detalhes perturbadores do caso com o roqueiro ao tabloide britânico Daily Mail.
Segundo Jenna, Marilyn Manson fantasiava sobre queimá-la viva e ‘gostava de morder’ durante o sexo. Ao contrário de algumas das experiências de outras ex-namorados de Manson, a atriz o deixou antes que ele pudesse causar muitos danos. “Nosso relacionamento era estranho. Não saímos muito porque eu o cortei depois que ele disse que fantasiava em me queimar viva. Sexualmente, ele gostava de morder e era desconcertante”, disse ela ao veículo.
Bitton conheceu a estrela do rock e suposto estuprador na estreia do filme adulto de Howard Stern, “Private Parts”, de 1997, no qual ela teve um pequeno papel. Segundo a ex-atriz pornô, ela era casada na época, mas estava infeliz no relacionamento, por isso começou um caso com Manson.
“Quanto mais eu o conhecia, mais estranho ele se tornava. Ele falava sobre querer ver garotas f*dendo membros protéticos ou chupar a bunda de Twiggy [colega de banda do Manson]”, disse a ex-namorada de Manson. “Eu nunca seria capaz de dizer até que ponto ele estava brincando e até que ponto ele estava falando sério”, afirmou.
Ainda segundo ela, o apetite sexual do roqueiro era extremo demais. “E ele queria me f*der demais para meu agrado. Toda vez que estávamos nus, ele ia atrás da minha bunda como um rato no queijo”, disse Bitton, que se aposentou do pornô em 2008 e agora mora no Havaí. Embora Manson não tenha feito nada com ela sem seu consentimento, ela rapidamente o abandonou assim que ele expressou seus desejos distorcidos. “Depois que ele começou a falar comigo violentamente, eu fiquei tipo… ‘adeus Brian’. Além disso, os hematomas dele me mordendo não eram divertidos”, finalizou Jenna.
Marilyn Manson se manifesta
Na terça (2), o artista quebrou o silêncio , desde o início da polêmica com as ex-namoradas. Em resposta às acusações de Wood, com quem manteve um relacionamento por pelo menos três anos e que quase resultou em casamento, Manson alegou que a história da atriz apresenta uma “distorção da realidade”. “Obviamente, minha vida e minha arte são, há anos, imãs para controvérsia, mas essas recentes declarações a meu respeito são distorções horríveis da realidade”, disse o cantor.
“Meus relacionamentos íntimos sempre foram completamente consensuais, com pessoas que pensavam como eu. Independente de como – e por que – outros estão escolhendo deturpar o passado agora, essa é a verdade”, insistiu Manson. Confira:
Consequências das acusações reverberam na carreira de Manson
Apesar de seu pronunciamento, as acusações contra o roqueiro já começam a refletir em sua carreira. Pouco após a publicação dos depoimentos de Evan e outras quatro vítimas sobre abuso sexual e psicológico, a gravadora Loma Vista Recordings cancelou o contrato que tinha com Manson. A informação foi divulgada em nota publicada no perfil oficial da produtora no Instagram, na tarde de ontem.
A Loma Vista declarou ainda em seu perfil que não irá mais promover o atual álbum de Marilyn Manson. “À luz das alegações perturbadoras de Evan Rachel Wood e outras mulheres nomeando Marilyn Manson como seu agressor, a Loma Vista deixará de promover seu álbum atual, com efeito imediato”, diz o comunicado. “Devido a esses desenvolvimentos preocupantes, também decidimos não trabalhar com Marilyn Manson em quaisquer projetos futuros”, finalizou.
Declarações contra o cantor se tornam caso de polícia
A seriedade das acusações foi tão grande, que o contrato de gravação perdido é apenas um dos problemas de Manson – de acordo com nova publicação da atriz Evan Rachel Wood, suas acusações podem gerar, muito em breve, uma investigação do FBI contra o roqueiro.
Na imagem divulgada por Wood na manhã dessa terça (02), é possível ver uma carta escrita pela senadora Susan Rubio, do estado da Califórnia, para o Promotor-Geral dos Estados Unidos, Monty Wilkinson e, também, para o diretor do FBI, Christopher Wray. No texto, a senadora pede a abertura de um inquérito oficial contra Manson.
“Como sobrevivente de violência doméstica que agora advoga por outras vítimas no meu papel de legisladora estadual pela Califórnia, eu compartilho com elas o trauma do controle emocional, psicológico e físico nas mãos de um abusador. As vítimas são frequentemente isoladas de seus entes queridos, o que faz com que seja muito mais difícil escapar ou denunciar. Quando o fazem, elas são normalmente desacreditadas e ameaçadas”, escreveu Susan.
Ao longo da carta, a política e advogada afirma ter ficado “especialmente alarmada” ao ouvir detalhes dos abusos descritos por Wood e as demais vítimas de Manson – todos os casos teriam ocorrido na Califórnia. “Se isso for verdade, e uma investigação não for realizada, estaremos falhando com as vítimas e permitindo que um criminoso continue abusando de outras pessoas. Isso não pode acontecer”, completou Rubio.
Saiba todos os detalhes e confira os depoimentos, clicando aqui.